A condição semiperiférica do Brasil na economia mundo capitalista: novas evidências

Autores

  • Helton Ricardo Ouriques Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC
  • Pedro Antonio Vieira Professor do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da UFSC. Coordenador do GPEPSM (Grupo de Pesquisa em Economia Politica dos Sistemas-Mundo).

DOI:

https://doi.org/10.21530/ci.v12n3.2017.711

Palavras-chave:

Brasil, semiperiferia, educação, tecnologia.

Resumo

Sob vários indicadores econômicos e sociais, o Brasil ocupa uma posição considerada “intermediária” na economia-mundo capitalista. Dentro do marco teórico da análise dos sistemas-mundo, que fundamenta nossa investigação, o Brasil pode ser considerado um Estado semiperiférico. Essa conceituação foi criada originalmente por Immanuel Wallerstein nos anos de 1970, quando lançou sua principal obra (O moderno sistema-mundial). Posteriormente, o conceito de semiperiferia foi refinado e fundamentado em termos empíricos por Giovanni Arrighi e alguns colaboradores de pesquisa na segunda metade dos anos de 1980. O Brasil, nesses estudos, aparece em alguns períodos como periferia, em outros como semiperiferia. Do nosso ponto de vista, e com base em dados estatísticos e também na interpretação da conjuntura econômica, política e social das últimas duas décadas, é possível afirmar que o Brasil se tornou um importante membro da semiperiferia, embora essa posição possa estar ameaçada pela persistência de problemas estruturais que dificultam acompanhar as mudanças em ciência, tecnologia e inovação, em curso desde a década de 1970. 

 

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Biografia do Autor

Helton Ricardo Ouriques, Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

Professor do Departamento de Economia e Relações Internacionais da UFSC e do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da UFSC

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Publicado

2017-12-30

Como Citar

Ouriques, H. R., & Vieira, P. A. (2017). A condição semiperiférica do Brasil na economia mundo capitalista: novas evidências. Carta Internacional, 12(3), 199–228. https://doi.org/10.21530/ci.v12n3.2017.711

Edição

Seção

Artigos