Hegemonia compartilhada e organizações internacionais: a proposta trilateralista dos anos 1970

Autores

  • Rejane Hoeveler Universidade Federal Fluminense (UFF)

DOI:

https://doi.org/10.21530/ci.v12n2.2017.627

Palavras-chave:

Organizações internacionais, Comissão Trilateral, Hegemonia, teoria neogramsciana

Resumo

No início dos anos de 1970, a criação da Trilateral Commission, composta por intelectuais, empresários e políticos de Estados Unidos, Japão e Europa Ocidental, trazia uma nova perspectiva estratégica em um mundo atribulado por disputas comerciais e políticas dentro do bloco capitalista. Inspirada e formulada por intelectuais como Zbigniew Brzezinski, ela teve como um de seus temas centrais a reformulação das instituições internacionais, vistas por eles como conturbadas por uma confrontação cada vez maior por parte de coalizões de países do então chamado Terceiro Mundo. A Trilateral Commission reunia algumas figuras-chave de instituições como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, e suas propostas para a reformulação dessas e de outras instituições vinham no sentido de ''despolitizá-las”, criando mecanismos permanentes de prevenção de conflitos internacionais. Para estrategistas como Brzezinski, essa era uma forma de recompor a hegemonia americana que, confrontada pela “síndrome do Vietnã” e com a crise do petróleo, parecia agora aceitar a ideia de uma ''hegemonia compartilhada''. O propósito do artigo é mostrar como as propostas trilateralistas para o funcionamento das organizações internacionais foram uma das principais alternativas estratégicas desenvolvidas naquele contexto histórico. 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Rejane Hoeveler, Universidade Federal Fluminense (UFF)

Mestre e doutoranda em História pela UFF, bolsista CNPq.

Referências

ARRIGHI, Giovanni. O longo século XX: dinheiro, poder e as origens de nosso tempo. Rio de Janeiro: Contraponto; São Paulo: Ed. Unesp, 1996.

AZRAEL, Jemery; LÖWENTHAL, Richard; NAKAGAWA, Tohru. An overview of East-West Relations. Trilateral Commission: Task-Force Report n. 15, 1978.

BOHNOMME, Noel. Sommets du G7 et régulation économique internationale dans les années 1970. Presses Universitaires de France, 2014/2, n. 157. p. 111-130.

BRZEZINSKI, Zbigniew. Entre duas eras. América: Laboratório do mundo. Rio de Janeiro: Artenova, 1971.

BERGSTEN, C. Fred; BERTHOIN, Georges; MUSHAKOJI, Kinhide. The Reform of International Institutions. Trilateral Commission: Task-Force Report n.11, 1976.

CAMPBELL, John; CARMOY, Guy; KONDO, Shinichi. Energy: the imperative for a trilateral approach. Trilateral Commission. Task-Force Report n. 5, 1974.

COLOMBO, Umberto; JOHNSON, D. Gale & SHISHIDO, Toshio. Reducing malnutrition in developing countries: increasing Rice production in South and Southeast Asia. Trilateral Commission: Task-Force Report n. 16, 1978.

COOPER, Richard; KAISER, Karl; KOSAKA, Masataka. Towards a renovated international system. Trilateral Commission: Task-Force Report n. 14, 1977.

COX, Robert. Gramsci, hegemonia e relações internacionais: um ensaio sobre o método. In. GILL, Stephen. (org.). Gramsci, materialismo histórico e relações internacionais. Rio de Janeiro: UFRJ, 2007.

COX, Robert; ACOBSON, Harold. The anatomy of influence: decision making in international organization. New Haven: Yale University Press, 1973.

GARCIA, Ana Saggioro. A internacionalização de empresas brasileiras durante o governo Lula: uma análise crítica da relação entre capital e Estado no Brasil contemporâneo. Tese de doutorado. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2012.

GARDNER, Richard; OKITA, Saburo; UDINK, B.J. A Turning point in the North-South economic Relations Trilateral Commission: Task-Force Report n. 3, 1974.

GILL, Stephen. American Hegemony and the Trilateral Commission. Cambridge: Cambridge University Press, 1990.

GILL, Stephen. (org.). Gramsci, materialismo histórico e relações internacionais. Rio de Janeiro: UFRJ, 2007.

HERZ, Monica. Teoria da Relações Internacionais no Pós-Guerra Fria. Dados, vol. 40, n. 2, Janeiro de 1997.

HERZ, Monica; HOFFMAN, Andrea Ribeiro. Organizações Internacionais: definição e história. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 2004.

HUNTINGTON, Samuel P.; CROZIER, Michel; WATANUKI, Joji. The crisis of democracy: report on the governability of democracies to the Trilateral Commision. New York: New York University Press, 1975.

KEOHANE, Robert O.; NYE, Joseph. Transnational Relations and World Politics, Cambridge, Massachussets: Harvard University Press, 1971.

NOGUEIRA, João Pontes; MESSARI, Nizar. Teoria das Relações Internacionais: correntes e debates. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

OKITA, Saburo. Trilateral proposal debated. Doubling Rice production in Asia. Trialogue n. 17, 1978.

ORTONA, Egidio; SCHAETZEL, J. Robert; USHIBA, Nobuhiko. The problem of international consultatios. Trilateral Commission. Task-Force Report n. 12, 1976.

OWEN, Henry; SHONFIELD, Andrew; HOSOYA, Chihiro. Collaboration with communist countries in managing global problems: an examination of the options. Trilateral Commission: Task-Force Report n.13, 1977.

PEREIRA, J.M.M. O Banco Mundial como ator político intelectual e financeiro. 1944-2008. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.

SHOUP, Laurence H.; MINTER, William. Imperial Brain Trust. The Council on Foreign Relations and the United States Foreign Policy. Monthly Review Press, 1977.

SKLAR, Holly (org.) Trilateralism: managing dependence and democracy. Boston: South and Press, 1980.

TRILATERAL COMMISSION. Trialogue. A bulletin of American-european-japanese affairs. Nº 09, dezembro de 1975/janeiro de 1976.

WALLERSTEIN, Immanuel. O declínio do poder americano. Rio de Janeiro: Contraponto, 2004.

Downloads

Publicado

2017-09-26

Como Citar

Hoeveler, R. (2017). Hegemonia compartilhada e organizações internacionais: a proposta trilateralista dos anos 1970. Carta Internacional, 12(2), 55–75. https://doi.org/10.21530/ci.v12n2.2017.627

Edição

Seção

Artigos