Dispersão e concentração espaciais dos cursos de Relações Internacionais no Brasil
contrastes e desafios da expansão da oferta nacional
DOI:
https://doi.org/10.21530/ci.v14n1.2019.867Resumo
O crescimento acelerado dos cursos de Relações Internacionais (RI) no Brasil revela
contrastes e desafios. Esse processo de expansão pode ser periodizado em cinco momentos:
protoperíodo, expansionismo privado, transição privado-pública, expansionismo público e
período de reconcentração geográfica. O penúltimo deles foi caracterizado pelo fomento público
de novos cursos de RI a partir do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão
das Universidades Federais (Reuni) em 2007. Nesse período, cria-se vários cursos de RI em
universidades federais. Contudo, a aprovação da Emenda Constitucional n. 95 em 2016, que
estabeleceu o contingenciamento de gastos públicos, parece marcar o fim desse período.
Este artigo investiga a dispersão e a concentração espacial decorrente desse crescimento,
demonstrando, por meio da análise espacial e quantitativa, a herança deixada pelo Reuni
para a universalização do ensino de RI. Para tanto, utilizou-se dados secundários sobre os cursos de RI disponibilizados no Portal do Ministério da Educação e Cultura (E-MEC).
A análise revela que a expansão de cursos de RI caracteriza-se pela concentração espacial, em
que a lógica da universalização do ensino é suplantada pela exclusão espacial, originando um
período de reconcentração geográfica. Essa herança indica a estagnação do número de cursos.
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