O Brasil como potência regional: uma análise de sua liderança na América do Sul no início do século XXI

Autores

  • Patricia Nasser de Carvalho Departamento de Ciências Econômicas - Universidade Federal de Minas Gerais
  • Fernanda Cristina Nanci Izidro Gonçalves

DOI:

https://doi.org/10.21530/ci.v11n3.2016.570

Palavras-chave:

Brasil, América do Sul, potência regional, liderança.

Resumo

Considerando a nova dinâmica geopolítica que se estabelece na América do Sul a partir dos anos 2000, o objetivo deste artigo é examinar a atuação do Brasil como potência regional a partir de evidências que corroboraram este papel e o exercício de sua liderança regional durante o Governo Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010). Verifica-se que, apesar de certas limitações e de não ser uma potência inconteste, sua estratégia, sua disposição de assumir uma posição como elo fortalecedor dos processos de integração, seu engajamento na cooperação regional e seus recursos materiais permitiram o exercício da liderança regional pelo país. Por fim, realiza-se uma breve reflexão sobre as condições para o mesmo exercício por parte do Brasil na gestão Dilma Rousseff (2011-2016), inferindo-se que houve traços de continuidade da política externa para a região, mas com menor pró-atividade brasileira em função de mudanças das condições domésticas e internacionais. 

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Biografia do Autor

Patricia Nasser de Carvalho, Departamento de Ciências Econômicas - Universidade Federal de Minas Gerais

Doutora em Economia Política Internacional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Mestre em Relações Internacionais pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Atualmente é Professora Adjunta da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

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Publicado

2016-12-30

Como Citar

Carvalho, P. N. de, & Gonçalves, F. C. N. I. (2016). O Brasil como potência regional: uma análise de sua liderança na América do Sul no início do século XXI. Carta Internacional, 11(3), 222–252. https://doi.org/10.21530/ci.v11n3.2016.570

Edição

Seção

Artigos