Expectativas promissoras: comércio e perspectivas de cooperação bilateral nas relações Brasil–União Soviética (1964-1967)

Autores

  • Gianfranco Caterina Fundação Getúlio Vargas

DOI:

https://doi.org/10.21530/ci.v13n2.2018.773

Resumo

Este artigo busca compreender a dinâmica das relações entre Brasil e União Soviética logo após o golpe civil-militar de 1964. Apesar da retórica anticomunista, das arbitrariedades e perseguições a elementos considerados subversivos e comunistas brasileiros, o regime que se instalou após a tomada de poder em abril de 1964 permanecia interessado na manutenção de boas relações com a superpotência euroasiática. Argumenta-se que o comércio teve
papel relevante nesse período, levando à busca por uma institucionalização das relações interestatais, visando a retomada das conversações acerca de assistência soviética a grandes projetos de infraestrutura no país. Dentro dessa chave de entendimento, a URSS poderia desempenhar um papel relevante na industrialização do Brasil. Em 1967, o Brasil retomava o posto de principal parceiro comercial da URSS na América Latina (excetuando-se Cuba). No entanto, as cifras eram inferiores em comparação às trocas no biênio 1962-63. Este artigo busca evidenciar como esforços de reaproximação foram importantes para moldar ações de cooperação econômica e estratégica posteriores entre os dois países.

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Biografia do Autor

Gianfranco Caterina, Fundação Getúlio Vargas

Gianfranco Caterina é doutorando em História, Política e Bens Culturais no CPDOC/FGV no Rio de Janeiro. É mestre em História Social pela PUC-SP (2012) e especialista em Economia pela EESP-FGV (2014). Em 2016, foi pesquisador visitante na George Washington University em Washington, DC.  

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Publicado

2018-10-05

Como Citar

Caterina, G. (2018). Expectativas promissoras: comércio e perspectivas de cooperação bilateral nas relações Brasil–União Soviética (1964-1967). Carta Internacional, 13(2). https://doi.org/10.21530/ci.v13n2.2018.773

Edição

Seção

Artigos