Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 14, n. 2, 2019, p. 75-99
82 As Organizações Sindicais no Sistema Internacional de Cooperação para o Desenvolvimento
uma ONG com o nome de Solidarity Center, em 1997, a partir da fusão de quatro
organizações previamente existentes. No Brasil, a CUT estabeleceu, em 2012, seu
Instituto de Cooperação (IC-CUT) para gerir projetos de CSD Sul-Sul.
Nem sempre existe uma correspondência de um para um entre a central sindical
e a organização que se ocupa da CSD. O Centro Chinês de Trabalhadores para o
Intercâmbio Internacional, criado em 1984, depende, não apenas do sindicato único,
mas, também, de outras cinco organizações
5
. Na Suécia e na Dinamarca, uma única
agência se encarrega da gestão da CSD de centrais sindicais diferentes. Na Suécia, as
duas principais centrais sindicais, Confederação Sindical Sueca (LO) e Confederação
Sueca de Empregados Profissionais (TCO), criaram, em 1977, a Secretaria LO-TCO
para a Cooperação Sindical para o Desenvolvimento, politicamente independente.
De maneira semelhante, na Dinamarca, as centrais sindicais Confederação Sindical
Dinamarquesa (LO) e a Confederação Dinamarquesa de Empregados Profissionais
e Servidores Públicos (FTF) estabeleceram, em 1987, o Conselho Dinamarquês
para a Cooperação para o Desenvolvimento Internacional.
A principal fonte de financiamento da CSD são os fundos públicos, mas a
proporção entre o financiamento público e outras fontes, como fundos sindicais
próprios, varia muito segundo os casos. Um estudo realizado por consultores
independentes para a CSI (VLAMINCK; HUYSE; PEELS, 2012) avaliou os mecanismos
de financiamento público de 25 organizações sindicais envolvidas em atividades
de CSD de 18 países do Norte
6
, no período 2008-2011. De acordo com o estudo,
em 10 dos 18 países, mais de 80% da CSD provêm de fundos governamentais
7
)
direcionados pelos ministérios de relações exteriores ou pelas agências nacionais
de CID. É o caso de Holanda, Bélgica, Finlândia, Noruega, Luxemburgo, Irlanda,
Portugal, Alemanha e Espanha. São raros os casos de CSD sem financiamento
público. O Brasil, que não foi avaliado no referido estudo, faz parte desse grupo.
A CSD Sul-Sul brasileira, praticada principalmente pelo IC-CUT, é financiada, em sua
maior parte, com fundos provenientes da contribuição sindical dos trabalhadores,
obrigatória até a recente promulgação da Lei da Reforma Trabalhista, em 2017
Desde a aprovação do projeto que regulamentou as centrais sindicais pelo governo
5 China Enterprise Management Association, China Council for the Promotion of International Trade, China Science
and Technology Association, All-China Youth Federation e All-China Women Federation.
6 EUA, Bélgica, Holanda, Reino Unido, Itália, França, Dinamarca, Noruega, Finlândia, Suécia, Espanha, Portugal,
Luxemburgo, Suíça, Japão, Austrália, Alemanha e Irlanda.
7 O restante tem origem em contribuições privadas, contribuições dos próprios filiados ou de organizações
sindicais internacionais.