Ismara Izepe de Souza; Fábio Moreira Meira
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 19, n. 2, e1432, 2024
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A Política Externa Independente
(1961-1964) vista pelas lentes do
jornal The New York Times
Independent Foreign Policy
(1961-1964) seen through the lens of
The New York Times
La Política Exterior Independiente
(1961-1964) vista a través de las lentes
del periodico The New York Times
DOI: 10.21530/ci.v19n2.2024.1432
Ismara Izepe de Souza
1
Fábio Moreira Meira
2
Resumo
O objetivo do artigo é analisar a forma pela qual o jornal The New
York Times, um dos maiores expoentes da opinião pública norte-
americana, noticiou ações representativas da -+Política Externa
Independente (PEI), desenvolvida no Brasil entre 1961 e 1964.
A partir da análise de reportagens que tiveram como temática
ações relacionadas à PEI, identificamos pontos de contato entre as
visões e preocupações esboçadas pelo referido jornal e o governo
dos EUA, no que tange às tendências ideológicas e políticas do
Governo de João Goulart e às consequências das ações brasileiras
no contexto da Guerra Fria.
Palavras-chave: Política Externa Independente; The New York
Times; Governo João Goulart.
1 Doutora em História pela Universidade de São Paulo, docente do Departamento
de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), do
Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais “Estudos do Sul Global”
da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e do Programa de Pós-Graduação
em Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC). (ismara.
izepe@unifesp.br). ORCID: https://orcid.org/0009-0004-9588-3527.
2 Mestre em Relações Internacionais pelo Programa de Pós-Graduação em Relações
Internacionais da UFABC. (fabio.mmeira@hotmail.com). ORCID: https://orcid.
org/0009-0002-9778-7796.
Artigo submetido em 06/05/2024 e aprovado em 07/10/2024.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
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Este é um artigo
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ISSN 2526-9038
A Política Externa Independente (1961-1964) vista pelas lentes do jornal The New York Times
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 19, n. 2, e1432, 2024
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Abstract
This article aims to analyze how The New York Times, one of the most important American
stakeholders in public opinion, published some news related to the Brazilian Independent
Foreign Policy (IFP), implemented in Brazil between 1961 and 1964. Analyzing some news
published in this journal and related to IFP, we identified some touchpoints between the
American government and the journal’s concerns, mainly through the ideological and
political actions of João Goulart’s government and the consequences of these actions in
the Cold War.
Key-words: Brazilian Independent Foreig Policy; The New York Times; João Goulart’s
government.
Resumen
El objetivo del artículo es analizar la forma em que el diario The New York Times, uno
de los exponentes de la opinión pública norteamericana, informo acerca de las acciones
representativas de la Política Exterior Independiente (PEI), desarrollada em Brasil entre 1961-
1964. Desde de la análisis de reportajes que tuvieron como tema acciones relacionadas com
la PEI, identificamos puntos de contacto entre las visiones y preocupaciones esbozadas por
el citado periódico y el Gobierno de Estados Unidos, acerca de las tendencias ideológicas
y políticas del Gobierno de João Goulart y las consecuencias de las acciones brasileñas
em le contexto de la Guerra Fría.
Palabras-clave: Política Externa Independiente; The New York Times; Gobierno João Goulart.
Introdução
A inserção internacional brasileira ao longo da história tem se caracterizado
por ações em defesa do desenvolvimento interno, a despeito das interpretações
distintas de governos sobre as melhores estratégias para efetivá-las. No início
da década de 1960, o Brasil vivenciava a emergência da discussão sobre os
caminhos que deveriam ser trilhados rumo ao desenvolvimento e à resolução
de enormes problemas sociais (Toledo 2014, 42). Embora a política externa não
fosse tema recorrente de discussões junto à sociedade civil, as influências do
contexto internacional sobre a cena política doméstica costumavam aparecer
de forma maniqueísta, consubstanciada nos supostos males ou benefícios do
comunismo ou do imperialismo norte-americano. O conflito Leste-Oeste, no
contexto da Guerra Fria, se constituía em um elemento importante no discurso
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das elites políticas brasileiras, majoritariamente anticomunistas. Nesse sentido,
a política externa desenvolvida entre 1961 e 1964 rompeu o círculo fechado e
despertou a atenção da sociedade, sendo pauta recorrente da opinião pública
(Manzur 2009).
A Política Externa Independente (PEI) tinha entre seus objetivos executar
ações internacionais que aprofundassem o caráter universalista do Brasil. Desde
os anos de 1950 o país buscava expandir seus contatos internacionais como
uma maneira de aumentar as parcerias comerciais. A PEI aprofundou esse
movimento trazendo novidades, como a defesa das relações com o continente
africano e a retomada de relações diplomáticas com o campo socialista, o que,
de fato, culminou com o reatamento de relações com a URSS, em novembro de
1961 (Vizentini 2004).
Lançada durante o breve governo de Jânio Quadros (janeiro a agosto de
1961), a PEI teve suas bases teóricas e práticas desenvolvidas durante do governo
de João Goulart (1961-1964), o gaúcho que se tornou o herdeiro de Vargas na
defesa do trabalhismo brasileiro. Os setores mais à direita no espectro político
alegavam que Goulart era condescendente com os ditames da esquerda brasileira,
pendendo para a adesão a um projeto comunista. Nesse contexto, a PEI passou a
ser, especialmente aos olhos da maior parte da imprensa brasileira, uma política
antiamericana e de esquerda. A visão que Lincoln Gordon, embaixador dos EUA
no Rio de Janeiro, tinha do governo de Goulart muito determinou a conduta do
governo de John F. Kennedy (1961-1963) e, posteriormente, de Lyndon Johnson
(1963-1969) para o Brasil. Havia um clima de apreensão e de descontentamento
por parte dos EUA frente aos caminhos trilhados pelo Brasil no campo doméstico
e internacional (Fico 2014).
Diante disso, esse texto tem como proposta analisar a forma pela qual o The
New York Times (NYT), um dos maiores jornais dos EUA, avaliou e noticiou ações
decisivas e representativas da inserção internacional brasileira neste período,
identificando pontos de contato com as visões e preocupações norte-americanas
em relação ao Brasil. Priorizamos a observação de eventos específicos que
marcaram a PEI, enfatizando aqueles que tiveram maior relação com os interesses
dos EUA. Analisaremos os dias finais da gestão de Jânio Quadros, com atenção
especial à condecoração de Che Guevara, em 19 de agosto de 1961; o reatamento
de relações com a URSS, em novembro de 1961; a Conferência de Punta del
Este, que tratou da questão cubana, em janeiro de 1962; e a visita oficial de
João Goulart aos EUA, em abril de 1962. Realizamos a busca a partir de datas
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aproximadas desses acontecimentos (os dias subsequentes ou de ocorrência dos
mesmos). Foram catalogadas trinta e quatro reportagens que fizeram menção
ou que tiveram como tema principal os eventos mencionados acima.
O tema enseja breves considerações sobre opinião pública e imprensa.
O conceito de opinião pública é vasto, compreendendo estudos no campo da
comunicação e da sociologia. Consideramos adequado para a nossa proposta de
análise o conceito desenvolvido por Figueiredo e Cervellini, que a partir de uma
abordagem multidisciplinar define opinião pública como “todo fenômeno que,
tendo origem em um processo de discussão coletiva e que se refira a um tema
de relevância pública (ainda que não diga respeito a toda a sociedade), esteja
sendo expresso publicamente, seja por sujeitos individuais, seja em manifestações
coletivas” (1995, 8).
Pensando nas interações entre opinião pública e imprensa, destacamos as
análises de Walter Lippmann (1922), que argumenta que a imprensa seria capaz
de utilizar os estereótipos que existem na mente dos indivíduos e disseminá-los,
impactando a percepção das massas e moldando a opinião pública. Este autor
também se dedicou, em sua obra referencial, a estudar as interações entre a
opinião pública e a política externa, sendo pioneiro nessa seara. Para Lippmann, a
população não possui capacidade de compreender a fundo os temas internacionais
por serem distantes da sua realidade. Em 1950, Gabriel Almond lançou a obra
The American People and Foreign Policy, utilizando métodos estatísticos para
validar empiricamente os pensamentos de Lippmann (1950). Almond acrescenta
que, uma vez que os indivíduos possuem pouca informação sobre política
externa, eles deveriam delegar sua formulação aos especialistas, que teriam
maior racionalidade para lidar com ela. Além disso, Almond argumenta que a
opinião pública americana mudaria muito rapidamente suas opiniões sobre temas
de política externa, o que significaria uma falta de coerência e de compreensão
sobre a complexidade dessa esfera. Os trabalhos desses dois autores ficaram
conhecidos como o “Consenso de Almond-Lippmann” (Holsti, 2001). Ole Holsti
contrariou o referido consenso a partir dos estudos sobre o interesse da opinião
pública sobre a Guerra do Vietnã, concluindo que o público apresentava opiniões
que revelavam moderação e continuidade em assuntos de política externa, ao
invés de imprevisibilidade e instabilidade (2001).
Realizamos o levantamento e análise das reportagens acerca do Brasil no NYT
considerando que para fins analíticos, as considerações de Holsti se relacionam de
forma mais adequada a nossa interpretação. A pesquisa nos deu a oportunidade
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de conhecer a imagem do Brasil que o jornal desejava projetar junto à opinião
pública norte-americana. Cumpre mencionar que estamos abordando essa temática
a partir da perspectiva do emissor, pois seria difícil ter uma noção precisa da
forma como tais notícias influenciaram a visão que o leitor médio detinha do
Brasil, especialmente de sua inserção internacional. Por outro lado, sabemos que
a intenção da imprensa, ao selecionar as informações e priorizar alguns assuntos
em detrimento de outros, determina um tipo de apreensão da realidade pelo
leitor. Optamos pelo NYT, dado o seu gigantismo no que se refere ao alcance
que detinha junto ao público leitor dos EUA no período estudado.
Importante expoente da opinião pública norte-americana, o The New York
Times foi fundado em 1851, inicialmente sob o nome New York Daily Times,
adotando, em 1896, o nome atual. Segundo Molina, até dezembro de 2006, o
site do jornal contava com mais de 44 milhões de visitas, sendo possivelmente
um dos mais influentes do mundo (2009, 158). O período aqui estudado é
particularmente importante para o periódico porque marca sua transformação em
um jornal de âmbito nacional, ao abrir uma sucursal na costa oeste americana
(Molina 2009, 115). Em 1971, o jornal se cobriu de glória ao divulgar os “Papéis
do Pentágono”, uma série de documentos ultrassecretos sobre a participação
norte-americana na Guerra do Vietnã, que colocaram em xeque a credibilidade
do país frente à população civil (Molina 2009, 134).
O NYT é classificado como um jornal liberal, embora comumente esteja no
centro do espectro político, pois já apoiou e criticou tanto presidentes republicanos
quanto democratas (Molina 2009). Segundo Gay Talese, na década de 1960, o NYT
estava diariamente presente em 11464 cidades americanas e todas as capitais do
mundo. Em 1966, possuía 5307 empregados e consumia anualmente em papel,
para sua produção, mais de 5 milhões de árvores (2000, 83-84). A escolha do
jornal também obedeceu a uma lógica pragmática de acesso às fontes, uma vez
que seu acervo pode ser consultado integralmente pelos assinantes, através de
um mecanismo denominado Times Machine. Identificamos que o referido jornal
aumentou consideravelmente seu interesse pelo Brasil durante os primeiros anos
da década de 1960 e, em linhas gerais, esteve preocupado em demonstrar que
o país estava suscetível ao “perigo vermelho”.
Com o intuito de melhor apresentar nossas ideias, dividimos o artigo em três
seções, além da introdução e das considerações finais. Na primeira seção faremos
uma explanação sobre a Política Externa Independente, suas principais ações,
apontando que sua imagem, por parte da imprensa nacional, estava associada à
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esquerda e ao antiamericanismo. Na segunda e terceira seção abordaremos como
temas específicos da PEI foram avaliados pelo NYT. Primeiramente analisaremos
a abordagem que o jornal fez da condecoração de Che Guevara, e do reatamento
de relações do Brasil com a URSS, ambos ocorridos em 1961. Na terceira e
última parte analisaremos duas temáticas que guardam íntima relação com os
interesses norte-americanos: a postura do Brasil na Conferência de Punta del
Este, em janeiro de 1962, que culminou com a expulsão de Cuba do sistema
interamericano, se configurando como um dos principais pontos de divergência
entre EUA e Brasil, e a visita de João Goulart aos EUA, em abril do mesmo ano.
Observar a forma pela qual o NYT abordou esses eventos nos permite entender
como uma empresa poderosa e influenciadora da opinião pública norte-americana,
e o próprio governo dos EUA, enxergavam o Brasil e o governo de João Goulart.
Consideramos que o tema proposto guarda interações com a atualidade no
campo da política externa brasileira, afinal, após mais de 60 anos dos eventos aqui
expostos, as relações entre Brasil e EUA continuam a pautar boa parte do debate
acerca das orientações que o Brasil deve seguir em sua inserção internacional.
A imprensa, brasileira ou internacional, permanece como instrumento eficiente
para moldar a opinião pública e levar a temática da política externa do Brasil,
tão encapsulada na burocracia estatal, para um público mais amplo, ainda que
sob as lentes de grupos específicos.
A Política Externa Independente e a opinião pública brasileira
e norte-americana
A Política Externa Independente, inaugurada pelo presidente Jânio Quadros
em 1961, baseou-se na ideia de que as ações do Brasil no cenário internacional
deveriam ser encaminhadas a partir dos princípios de autonomia e universalização.
Segundo Paulo Vizentini, a PEI revelou-se muito mais precoce do que equivocada,
uma vez que seus preceitos seriam retomados pela política externa do Governo
Geisel, na década de 1970 (2004,15).
A recepção e condecoração de Che Guevara, em 19 de agosto de 1961, se
constituiu em um gesto simbólico, fornecendo a fagulha que desencadeou a crise
final do governo de Jânio Quadros (Ricupero 2017, 394). O revolucionário argentino,
identificado com a Revolução Cubana, recebeu das mãos do presidente brasileiro
a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, a mais alta honraria que o
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Brasil oferece a estrangeiros. Com a renúncia de Quadros, e após o processo que
quase levou ao impedimento de uma sucessão legalista, João Goulart chegou ao
poder se comprometendo com a manutenção da PEI. Seu ministro de Relações
Exteriores de maior projeção, quiçá um dos mais reverenciados chanceleres
brasileiros de todos os tempos, Francisco Clementino de San Tiago Dantas, foi
responsável por ações como a retomada de relações diplomáticas com a URSS, e
também por dar uma dimensão teórica sofisticada à PEI. A retomada de relações
com países socialistas foi respaldada pela defesa do universalismo, dando ensejo
às críticas da oposição, que incidiam sobre o caráter pretensamente antiamericano
do Governo Goulart. A argumentação partia de um olhar cuidadoso sobre o sistema
internacional e as disputas entre o ocidente e o mundo socialista. Dantas defendia
que países como o Brasil poderiam contribuir para que a disputa entre EUA e
URSS tivesse uma dimensão de convivência competitiva (Fonseca 2013, 992).
Partindo do pressuposto de que a imprensa não se constitui exatamente como
sinônimo de “opinião pública”, mas sim de “opinião publicada”, entendemos que,
historicamente, os interesses das elites brasileiras sempre se fizeram presentes na
análise que os jornais realizaram sobre assuntos variados, não sendo diferente
na política externa. Muitos autores já se dedicaram a entender a construção da
imprensa brasileira enquanto braço das elites dominantes (Sodré 1999; Pilagallo
2012; Capelato 1989). No Brasil, a imprensa se afirmou majoritariamente enquanto
espaço de defesa das ideias liberais. Projetos desenvolvimentistas, nacionalistas
e de esquerda receberam críticas contundentes dos órgãos de imprensa, vide
o seu papel na derrubada de presidentes de épocas e contextos tão distintos
quanto Getúlio Vargas, em 1954, e Dilma Rousseff, em 2016. Nelson Werneck
Sodré enfatiza em seu clássico História da Imprensa no Brasil que “a história
da imprensa é a própria história do desenvolvimento da sociedade capitalista”
(1999, 1). Os grandes jornais, especialmente no pós-2ª guerra, se transformaram
em empresas capitalistas, sendo sua liberdade condicionada pelos interesses
burgueses. Como também afirma Sodré, “as correntes de opinião divergentes
das forças dominantes tiveram a capacidade reduzida apenas à possibilidade de
manter semanários” (1999, 408).
Segundo Alzira Alves de Abreu, entre os anos de 1950 e 1960, a linguagem
dos periódicos foi ficando mais objetiva e a notícia foi ocupando mais espaço
que a opinião (2006, 109). Isso não quer dizer que as notícias fossem imparciais.
A imprensa se constituiu, para utilizar um jargão bem conhecido, como um “quarto
poder”, tamanha importância que teve em decisões de política interna. Nesse
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período, os periódicos não alcançavam toda a população, mas em comparação com
as décadas anteriores, houve progressiva ampliação do público alvo. A imprensa
contribuiu majoritariamente para formar a opinião das classes médias, conseguindo
também difundir suas ideias para amplas camadas da sociedade.
Na década de 1960, os jornais brasileiros de grande circulação trouxeram
para o debate público a oposição entre “democracia” e “comunismo” (Barbosa
2007, 181). A PEI apresentava uma clara intersecção entre temas de importância
doméstica e internacional, tais como desigualdade, desenvolvimento e justiça.
O tratamento do Governo Goulart por parte da opinião pública recebeu uma
importante contribuição de Tânia Manzur que, a partir das discussões travadas no
Congresso Nacional e nos principais veículos de imprensa escrita, analisou como a
opinião pública abordou os assuntos referentes à PEI, identificando quatro principais
correntes de pensamento: o liberal associacionismo, o liberal-nacionalismo,
o universal-independentismo e o radical nacionalismo (2009, p. 17). Em linhas
gerais, os dois primeiros grupos priorizavam as relações com o Ocidente, sendo
que o primeiro valorizava o engajamento brasileiro na luta ideológica entre Leste
e Oeste. Os liberal-nacionalistas também temiam o avanço do comunismo, mas
mostravam-se crentes nas instituições democráticas. Os universal-independentistas
apregoavam a universalização das relações econômicas e políticas do Brasil,
enquanto que os radical-nacionalistas denunciavam o imperialismo norte-americano,
vendo com bom grado a aproximação do Brasil com os países socialistas (2009,
282-283). Os dois últimos grupos identificados por Manzur se constituíram em
minoritários, tendo a grande imprensa se comportado majoritariamente contra
a PEI.
A avaliação que a grande imprensa brasileira fez da PEI foi corroborada pelo
jornal NYT, que mantinha contato com as altas lideranças dos EUA. Segundo
Renata Itagyba, o presidente Lyndon Johson, em 1963, fazia contatos telefônicos
diretamente com o comandante do NYT (2013, 42). Tal informação reforça a nossa
percepção de que as publicações do jornal expressavam as mesmas preocupações
e visões que o governo dos EUA tinha do Brasil e do governo de João Goulart,
possivelmente havendo mútua influência entre os mesmos nessa seara.
Analisar a forma pela qual um jornal dos EUA avaliou a Política Externa
Independente é importante para entender diversas facetas das relações entre
Brasil e EUA que marcam aquele período. A forma como a opinião pública norte-
americana enxergava a situação política do Brasil deve ser abordada dentro de um
espectro maior de imagens produzidas pela Guerra Fria. É possível que grande
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parte do público leitor não tivesse conhecimentos aprofundados sobre o Brasil,
sendo as notícias sobre sua situação política, e especialmente sobre eventos de
sua inserção internacional, uma forma de orientar o olhar dos norte-americanos
para o que ocorria no maior país latino-americano.
NYT e a Política Externa Independente
Jânio Quadros é o único presidente brasileiro cujo governo costuma ser
lembrado mais pela sua política externa do que pelos seus feitos internos. Quase
todos os manuais didáticos de História do Brasil ilustram o texto sobre o período
com a célebre foto do presidente Quadros condecorando Ernesto Che Guevara.
A renúncia de Quadros, ocorrida poucos dias depois, em 25 de agosto de 1961,
guarda relação com o evento, uma vez que a opinião pública brasileira se mostrou
majoritariamente chocada e contrária à homenagem ao revolucionário argentino.
Mesmo não pairando suspeitas sobre o perfil político de Jânio Quadros e dos
setores que apoiavam seu governo – lembrando que em sete meses de gestão
sua política econômica foi liberal e sem qualquer indício de enfrentamento do
status quo – seu gesto foi visto como desafiador e pode ser entendido como um
elemento de barganha frente aos EUA (Vizentini 2004, 162).
Entre 13 e 27 de agosto de 1961, NYT publicou seis reportagens que versaram
sobre a gestão de Jânio Quadros, com especial atenção à passagem de Che Guevara
pelo Brasil, sua condecoração e à crise que levou à renúncia do presidente. O
jornal divulgou detalhes sobre a reunião do Conselho Interamericano Econômico
e Social, realizada na cidade uruguaia de Punta del Este entre 6 e 17 de agosto. O
evento girou em torno das discussões sobre as possibilidades dos países latino-
americanos receberam auxílio da Aliança para o Progresso (Alpro). Considerado o
principal projeto de política externa dos EUA para a América Latina, uma espécie
de Plano Marshall para o continente, a Alpro se constituía em um conjunto de
medidas para financiar o desenvolvimento dos países da região, a partir de
parâmetros definidos pelos EUA, com o nítido intuito de livrá-los da influência
comunista. As interações do Brasil com a Alpro foram analisadas por autores
que ressaltam que governos estaduais opositores à Goulart receberam maiores
vultos de investimentos do projeto (Loureiro 2020; Spohr, 2020; Ribeiro, 2021).
O então ministro da Indústria de Cuba, Ernesto Che Guevara, compareceu
à reunião em Punta del Este, sendo uma voz dissonante nas discussões. Figura
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indesejada pelos EUA, Guevara defendeu outro tipo de desenvolvimento para a
América Latina, atacando as diretrizes propostas pelos EUA. O ministro da Fazenda
de Jânio Quadros, Clemente Mariani, transmitiu a Che, ainda durante a reunião,
o convite do presidente para que ele, quando do retorno à Cuba, fizesse escala
em Brasília. O convite foi anunciado em reportagem do NYT de 13 de agosto,
que também explicava a postura do Brasil sobre o regime cubano. Defendendo
a ideia de que a Alpro deveria contemplar Cuba, o Brasil argumentava que o
isolamento deixaria a ilha cada vez mais dependente da URSS e do comunismo
chinês.3
A reportagem Quadros homenageia Guevara4 que não está assinada, mas
provavelmente foi escrita por um dos correspondentes do jornal no Brasil,
transcreveu fragmentos da imprensa brasileira críticos à condecoração de Guevara.
Segundo o jornal O Globo, o presidente havia fornecido injustamente uma
honraria para um comunista que não havia feito nada de louvável ao Brasil.
A crise política desencadeada pelo ato da condecoração foi o tema central da
reportagem Quadros irrita governador brasileiro5 que, em 21 de agosto, afirmava
que a honraria a Che Guevara era o exemplo mais recente da Política Externa
Independente. Não há nessas reportagens um tom eloquente de reprovação à PEI,
mas elas priorizaram dar vozes a políticos como Carlos Lacerda, que realizou
críticas ferozes ao ato do presidente brasileiro.
A preocupação do governo norte-americano com a situação de instabilidade
política do Brasil foi evidenciada na reportagem EUA vê com cautela ação no
Brasil6, de 28 de agosto, que noticiava que os EUA estavam sendo acusados
pela União Soviética e por Cuba de terem arquitetado a demissão de Jânio. Um
leitor que tivesse maior conhecimento sobre as forças políticas presentes no país
saberia que ao governo dos EUA não interessava a renúncia de um presidente que
tinha um vice como João Goulart, muito mais identificado com a esquerda do
que Jânio. As elocubrações estavam diretamente relacionadas à Política Externa
Independente, coroada com a recepção a Che Guevara.
A reportagem Quadros expõe a Nação
7
traçou um panorama dos sete meses
do governo de Jânio Quadros, evidenciando sua política externa e a postura do
3 Brazilian Urges America´s unity, by Juan de Onis, 13/08/1961, NYT.
4 Quadros honor Guevara, 19/08/1961, NYT.
5 Quadros Angers Brazil governor, 21/08/1961, NYT.
6 U.S views action in Brazil warily, by Tad Szulc, 28/08/1961, NYT.
7 Quadros puts case to people, by Juan de Onis, 27/08/1961, NYT.
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Brasil em relação a Cuba, entendida como associada à intenção do país de retomar
relações com a URSS. Juan de Onis, que assina a matéria, não opinou sobre os
rumos políticos brasileiros, mas terminou o texto estabelecendo comparações
entre o sistema político do Brasil e o de outras democracias como Inglaterra ou
Canadá, cujas legislações permitiam convocação imediata de eleições gerais em
casos de instabilidade. Indiretamente, a reportagem corroborava com a ideia
de que João Goulart não deveria assumir a presidência diante da situação de
instabilidade institucional gerada pela resistência que vários setores, especialmente
os militares, manifestaram à transmissão de cargo.
Das cinco matérias aqui mencionadas, três foram assinadas por
correspondentes do jornal: duas por Juan de Onis e uma por Tad Szulc. Onis
foi correspondente do NYT por mais de cinco décadas, tendo morado no Rio de
Janeiro por cerca de quinze anos. Foi ele quem cobriu para o jornal o suicídio
de Vargas e, entre outros feitos curiosos, ajudou Antônio Carlos Jobim a verter
para o inglês a música “Garota de Ipanema” (O Globo, 2019). Onis escreveu
artigos de opinião sobre o Brasil pelo menos até 2017, passando de entusiasta do
crescimento econômico dos governos Lula a crítico do Partido dos Trabalhadores,
a partir das denúncias de casos de corrupção (O Globo, 2019).
Tad Szulc, que teve seu ápice na carreira escrevendo sobre Fidel Castro e a
tentativa frustrada de invasão da Baía dos Porcos por parte dos EUA, também
esteve no Brasil nos anos de 1960 (Szulc 1986). Segundo Torres Montenegro, em
23 de outubro de 1960, NYT publicou uma longa reportagem de autoria de Szulc
intitulada A pobreza no nordeste do Brasil cria ameaça de revolta, que apontava a
região brasileira como um perigo para o Brasil, os EUA e todo o continente (2010).
A análise envolvia os trabalhadores das ligas camponesas e a luta por reforma
agrária, reforçando a associação entre pobreza e comunismo. Para Montenegro,
o efeito dessa reportagem pode ter se somado aos relatórios que o consulado
dos EUA enviava a Washington por meio de agentes da CIA que trabalhavam
naquela representação (2010). Em entrevista a James Green, o embaixador Lincoln
Gordon reconheceu que as reportagens de Szulc contribuíram para fomentar uma
imagem do nordeste brasileiro como área explosiva, dado os enormes problemas
sociais. Gordon afirmou que, até então, os norte-americanos não tinham ouvido
falar daquela região brasileira, e que as reportagens sensibilizaram o público
(Gordon apud Green 2009, 56).
A atenção que o jornal destinou ao Nordeste é condizente com as preocupações
que o governo norte-americano tinha com aquela região do país. Segundo Felipe
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Loureiro, Kennedy atribuía à região potencial revolucionário, dada à combinação
dos alarmantes índices sociais com a intensa mobilização social, o que levaria
Washington a lhe destinar vultuosos recursos da Alpro, especialmente para
Pernambuco (2020, 32).
A PEI teve no reatamento de relações com a URSS, ocorrido em novembro de
1961, um de seus atos mais eloquentes. Desde a década de 1950 essa possibilidade
vinha sendo estudada pela diplomacia brasileira, mas Getúlio Vargas e Juscelino
Kubitschek decidiram não arcar com os custos políticos de uma medida com
tamanho valor simbólico. O Brasil, que havia rompido relações com a Rússia
em 1917, como resultado da implementação do governo bolchevique, reatou
relações em 1945, rompendo novamente em 1947. Sobre esse último feito,
interessante observar que o Brasil foi “mais realista que o rei”, uma vez que
o anticomunismo das elites políticas brasileiras foi fator mais decisivo para o
rompimento de relações com a URSS do que propriamente o desejo de agradar
aos EUA no plano internacional (Rezende 2006).
A iniciativa do governo de João Goulart recebeu duras críticas da oposição,
cuja alegação girava em torno da influência comunista que cresceria internamente
como produto da proximidade política com a URSS. O governo Jânio Quadros já
havia iniciado um movimento de aproximação com a Europa Oriental, estabelecendo
relações com Hungria e Romênia e enviando uma missão especial a vários países
socialistas para o adensamento de relações comerciais (Garcia 2005, 184). Mas
o reatamento político com a URSS possuía um peso simbólico muito maior. A
reação da imprensa brasileira foi majoritariamente negativa, evidenciando os
perigos que tal aproximação acarretaria ao Brasil. O jornal O Estado de S. Paulo,
de grande circulação no país, argumentou que a aproximação com a potência
do leste era insignificante do ponto de vista econômico e servia aos propósitos
soviéticos de minar o ocidentalismo (Souza 2018, 384).
NYT veiculou três reportagens que se dedicaram a informar o reatamento
de relações do Brasil com a URSS. As matérias especiais enviadas diretamente
do Rio de Janeiro não foram assinadas, mas provavelmente foram escritas pelos
mesmos correspondentes mencionados anteriormente. Não há em nenhuma delas
manifestação de opinião contrária ou favorável ao feito, mas todas ressaltaram
a reação da oposição ao governo de Goulart, o que acabava por corroborar
a avaliação feita pela grande mídia brasileira, uma vez que priorizaram as
vozes da oposição ao invés das justificativas governamentais para o ato. Duas
dessas reportagens informaram sobre a reação do legislativo brasileiro, mais
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especificamente da “Ação Democrática”, um grupo na Câmara dos Deputados
que, contando com 155 de seus membros, votou uma moção de censura ao
chanceler San Tiago Dantas pelo gesto
8
. Somente a última das três reportagens
mencionou a justificativa governamental, no caso, a fala do primeiro-ministro,
Tancredo Neves, que explicou que o reatamento não alterava o fato do Brasil
ser cristão e democrático.9
Com o reatamento, o Brasil se incluía ao rol de 71 países que mantinham
relações diplomáticas com a URSS (Vizentini 2004, 177), sendo que a justificativa
baseada na necessidade de aproximação econômica possivelmente contentava as
lideranças norte-americanas. No início da década de 1960, aos EUA interessavam
evitar a propagação do exemplo cubano e não o soviético, que sabiam não
representar riscos efetivos de fomento a processos revolucionários na região.
Para os anticomunistas latino-americanos Cuba foi se transformando no principal
modelo a ser evitado.
As relações entre Brasil e EUA: o âmbito multilateral
e o bilateral vistos pelo NYT
As relações entre o governo de João Goulart e os governos de Kennedy e
Johnson nos EUA foram marcadas por dificuldades na conciliação de interesses.
Influenciadas pelo espectro e trauma da experiência revolucionária em Cuba,
as lideranças norte-americanas temiam que o perfil reformista de João Goulart
e seus canais abertos com a esquerda brasileira pudessem desencadear um
processo revolucionário no Brasil. As ações internas do governo de Goulart e de
suas bases preocupavam os EUA, cujo governo estava decidido a não permitir
o estabelecimento de uma nova Cuba no continente americano (Fico, 2014).
Cuba voltou a ser o alvo das atenções na imprensa brasileira e norte-americana
em janeiro de 1962, quando ocorreu a VIII Reunião de Consulta dos Ministros
das Relações Exteriores da Organização dos Estados Americanos (OEA). Na
Conferência, que ocorreu em Punta del Este, foi decidido o destino da ilha frente
ao sistema interamericano. Sua convocação resultou da pressão dos EUA para
que os países americanos tomassem medidas drásticas contra Cuba. Os EUA já
8 Brasil bloc scores new tie to soviets, 25/11/1961, NYT; Brazilians decry new tie to soviet, 24/11/1961, NYT.
9 Brazilians defendnew ties to soviet, 26/11/1961, NYT.
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haviam rompido relações com o governo cubano em janeiro de 1961 (Franchini
Neto 2005, 9), mas a declaração de Fidel Castro sobre o caráter socialista da
revolução, ocorrida em novembro do mesmo ano, levou o governo norte-americano
a temer que processos revolucionários na América se espalhassem pelo continente.
A delegação brasileira, chefiada por San Tiago Dantas, se colocou drasticamente
contra as proposições norte-americanas, defendendo uma saída conciliatória: a
“finlandização” da ilha. Por essa proposta, Cuba se comprometeria a se portar
como um Estado neutro, tendo um rol de obrigações negativas. Baseado no
Direito Internacional, o Brasil atentava para a inoperâncias das sanções, que
poderiam consolidar a influência soviética na ilha chefiada por Fidel Castro
(Franchini Neto 2005). Ao final da Conferência, Cuba foi expulsa da OEA, o
que se constituiu em uma decisão discutível juridicamente, uma vez que, como
defendia a delegação brasileira, a Carta da Organização não previa a expulsão
de seus Estados-membros (Ávila 2011, 5).
San Tiago Dantas foi a figura que mais se destacou na reunião como líder
de um grupo de países contrários às intenções dos EUA. Sem negar o caráter
autoritário do regime cubano, defendia que a exclusão do país do sistema
interamericano em nada auxiliava a causa democrática no continente, trazendo
à tona argumentos diplomáticos que advinham de princípios jurídicos (Fonseca
2013, 1020). A imprensa brasileira acompanhou o desenrolar da reunião com
incomum interesse. Jornais como Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo
seguiram diariamente todos os passos da reunião, criticando a linha de atuação
brasileira (Souza, 2018). Houve grande sintonia entre a grande imprensa brasileira
e norte-americana na cobertura do evento. NYT publicou quatorze reportagens
focadas na reunião, algumas delas mesmo antes de seu início. Diversas matérias
produzidas no Rio de Janeiro foram enviadas ao NYT, relatando os preparativos
que o Brasil realizava para o encontro. Dias antes de seu início, que ocorreu no
dia 22 de janeiro, a diplomacia brasileira mobilizou os representantes de diversos
países latino-americanos para discutir qual seria a postura a ser defendida, dada
a gravidade da situação.
Mais uma vez, Juan de Onis e Tad Szulc foram os jornalistas que se revezaram
na redação das reportagens, partindo de três locais diversos: Rio de Janeiro,
Punta del Este e Washington. As matérias reportavam em minúcias a posição
das delegações americanas, com destaque para a posição norte-americana e
brasileira, que se consubstanciavam como lideranças de dois blocos antagônicos
na compreensão sobre como a OEA deveria agir frente à Cuba. As matérias
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apresentaram um perfil majoritariamente informativo, não se constituindo em
editoriais, mas é perceptível o destaque aos argumentos norte-americanos frente
ao comunismo e, por vezes, a impaciência com a posição brasileira. Reafirmando
o protagonismo brasileiro na reunião, a maioria das reportagens citava a posição
de San Tiago Dantas e seus argumentos favoráveis à não exclusão de Cuba da
OEA. Antes mesmo do início da Conferência, uma das poucas reportagens não
assinadas pelos dois jornalistas mencionados, mas que deve ter sido escrita por
um deles, trazia o subtítulo Brasil adota a política do viver e deixar viver10, que
esboçava, ainda que de forma não taxativa, a ideia de que a postura brasileira
era conivente com o perigo que Cuba representava para o concerto hemisférico.
Juan de Onis viajou a Punta del Este e cobriu os detalhes da reunião.
Tad Szulc assinou algumas reportagens direto de Washington e, em 15 de
janeiro de 1962, escreveu uma matéria de teor muito mais opinativo sobre o
Brasil. Szulc, que já havia escrito reportagens que alarmaram o governo norte-
americano sobre as ligas camponesas, argumentou que existia o perigo de uma
virada mais à esquerda do governo brasileiro, mostrando que havia expectativas
para as eleições em nível estadual que ocorreriam em outubro daquele ano. Szulc
mencionava a PEI como uma política de resistência e defendia a necessidade de
o governo norte-americano ajudar financeiramente o Brasil como única medida
para evitar o nacionalismo e a ascensão das esquerdas.11
Ao acompanhar o encontro, que durou de 22 a 31 de janeiro, NYT deu
especial atenção ao fato de que sete nações, lideradas pelo Brasil, se negavam
a impor sanções contra Cuba, apesar de concordarem que o comunismo não
era condizente com os valores americanos. Para os EUA, o grande impasse da
Conferência era que os votos dos sete países e Cuba seriam suficientes para que
não se atingisse a maioria de dois terços necessárias para aprovar sanções à Cuba.
Em reportagem publicada pelo jornal no dia 28 de janeiro, Tad Szulc descreveu
o nítido incômodo da delegação americana com a resistência orquestrada pelos
membros da delegação brasileira.12 Os EUA acreditavam que uma derrota na
Conferência poderia ter impactos em aprovações futuras de investimentos pelo
Congresso americano para a Aliança para o Progresso. Os EUA insistiam que
o futuro do desenvolvimento econômico da região dependia da Alpro, que nas
10 Brazil Bids America adopt live-and-let-live policy In: Hemisphere code on Castro Urged, 12/01/1962, NYT.
11 US Fears a turn left in Brazil,15/01/1962, NYT.
12 Split on Cuba is a blow to U.S, 28/01/1962, NYT.
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palavras de Dean Rusk, mencionadas em fragmento da referida reportagem,
representava uma verdadeira “revolução democrática” no continente. Para o
secretário de Estado norte-americano, presente na reunião, os resultados da
Conferência desafiavam o destino da Alpro, apresentada como o oposto da
revolução comunista.
A mudança de posição do Haiti permitiu que fossem aprovadas as sanções à
Cuba e sua expulsão da OEA, conforme defendia a posição dos Estados Unidos.
Chile, Brasil, Argentina, México, Bolívia e Equador se abstiveram na votação e
Cuba foi o único país a votar contra a resolução que afirmava que a adesão ao
marxismo-leninismo era incompatível com o sistema interamericano. As diversas
reportagens que acompanharam as discussões que culminaram no isolamento
cubano enfatizaram as divergências entre os dois grupos, reforçando a autonomia
do Brasil frente aos ditames dos EUA.
Poucos dias depois do término da Conferência, um acontecimento viria a
aprofundar as dissidências entre Brasil e EUA, contribuindo para a deterioração
de suas relações bilaterais: a desapropriação dos bens da Companhia Telefônica
Nacional, subsidiária da ITT (International Telephone & Telegraph) pelo governador
do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, cunhado do presidente João Goulart.
Julgada como confisco pelo governo norte-americano, a medida contribuiu para
acirrar os ânimos entre as lideranças de Brasil e EUA (Moniz Bandeira 2010, 157).
Embora concordassem com a urgência de reformas sociais e econômicas, Brizola
criticou Jango por sua disposição em negociar a compra da ITT, considerando
que aquele era um caso exemplar da espoliação internacional, como descrito na
Carta Testamento de Getúlio Vargas, em 1954 (Freixo; Heredias 2022, 9).
A viagem de João Goulart aos EUA, no início de abril de 1962, teve como
um dos principais intuitos solucionar essa questão. A conversa entre Kennedy
e o presidente brasileiro, em 4 de abril de 1962, visava possibilitar o estudo de
uma fórmula, segundo a qual o Brasil negociaria a compra de outras empresas
norte-americanas que prestavam serviço de utilidade pública, em troca de “justa
compensação”. Segundo Moniz Bandeira, Goulart se recusou a assinar acordos
danosos ao Brasil e não se mostrou, como Kennedy esperava, enfático defensor
da Aliança para o Progresso (2010, 160).
A visita do presidente brasileiro aos Estados Unidos foi tema de doze
reportagens do NYT. No dia da chegada de Goulart aos Estados Unidos, NYT
publicou matéria bem amigável ao Brasil, enfatizando a moderação de Jango frente
às demandas da esquerda radical. As simpatias a Goulart vinham acompanhadas
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da aposta de que ele demonstraria seu entusiasmo com a Aliança para o Progresso,
expectativa que era a mesma da administração Kennedy.13 Goulart, que sofria
suspeição de parte da direita brasileira por seu histórico sindical e sua disposição
de compreender as demandas mais efusivas da esquerda, recebeu um voto de
confiança nos EUA. O jornal afirmava que ele havia se revelado como um político
“moderado e responsável”.14
Em reportagem publicada no dia seguinte ao encontro entre os dois presidentes,
o jornal permaneceu destacando o clima ameno que pairava sobre a visita
de Goulart, ressaltando o desejo do presidente Kennedy de ir ao Brasil em
retribuição à visita, ainda no ano de 1962. NYT informou que, segundo Kennedy,
o encontro com Goulart resultaria em laços mais fortes e prósperos entre os dois
países. Contudo, a independência da política externa brasileira e o seu caráter
universalista não passavam despercebidos pelo jornal, que frisava que Goulart
assumiu a linha independente em alguns pontos da Guerra Fria”.15
NYT tratou João Goulart como um político que havia conseguido alterar
a sua imagem para um presidente moderado. A reportagem Goulart elogiado
por antigos inimigos16, do dia 14 de abril, portanto dias após Goulart deixar os
EUA rumo ao México, informava que a imprensa conservadora brasileira estava
mais amigável ao governo, enquanto a imprensa comunista estava mais receosa,
possivelmente devido aos acordos relacionados à Aliança para o Progresso. No
entanto, a Política Externa Independente se mantinha como ponto de convergência
entre as esquerdas e o governo brasileiro.
Essas duas versões do presidente brasileiro, de agitador ou moderado, se
alternavam junto à imprensa brasileira. De família de grandes estancieiros gaúchos,
João Goulart não era avaliado pela esquerda como um líder capaz de efetivar,
de forma profunda, as reformas que o país necessitava, especialmente a agrária.
Essa, porém, não era a visão dos setores conservadores, que o enxergavam como
uma pessoa condescendente com pautas radicais e comunistas. O presidente
ora era visto como radical, disposto a bancar uma ruptura institucional, ora era
rotulado como um político incapaz de realizar reformas, dada a sua origem familiar
(Ferreira 2006, 16). A imprensa brasileira não raramente avaliava Goulart como
indeciso e incompetente, embora ele contasse com amplo apoio das camadas
13 The Brazilian Presidente, 03/04/1962, NYT.
14 The Brazilian Presidente, 03/04/1962, NYT.
15 Kennedy to visit Brazil this year; sees better ties, 05/04/1962, NYT.
16 Goulart lauded by formed foes, 14/04/1962, NYT.
A Política Externa Independente (1961-1964) vista pelas lentes do jornal The New York Times
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mais pobres da população. Segundo pesquisas do IBGE, em 1964, às vésperas
do golpe que o derrubou, Goulart tinha cerca de 86% de aprovação entre os
mais pobres na cidade de São Paulo (Thomas, 2014).
O jornal aqui analisado parece ter esboçado uma imagem de Goulart mais
positiva do que a imprensa brasileira. No entanto, o otimismo frente à possível
aquiescência de Goulart às determinações do governo dos EUA encontrava limites
em sua reafirmação da Política Externa Independente, o que pode ser identificado
em algumas matérias do NYT. Ainda durante a estadia de Goulart nos EUA, Tad
Szulc escreveu uma reportagem elencando Argentina, Brasil e Cuba como três
países problemáticos na América Latina, por representarem um grande desafio
aos EUA.17 O jornalista considerou positiva a visita de Goulart para clarear alguns
pontos obscuros nas relações bilaterais dos países, mas não se furtou a criticar
a Política Externa Independente, reforçando que ela era considerada irritante
por muitos americanos, gerando descontentamento na opinião pública do país.
A reportagem tocava no ponto sensível da visita de Goulart aos EUA, qual seja:
a expropriação de empresas norte-americanas por governos estaduais no Brasil.
NYT, através da reportagem Brasil assina pacto pela Aliança18, trouxe um
balanço dos resultados da visita de Goulart aos EUA, enfatizando que o presidente
brasileiro havia assinado acordos para que a Alpro financiasse projetos para o
desenvolvimento do Brasil, que incluía construção de escolas, estabelecimento
de energia elétrica, entre outros. O jornal, assim como o governo norte-americano
e a imprensa conservadora brasileira, avaliavam que o presidente havia acenado
positivamente para o que era entendido como o principal ponto de convergência
entre os dois países: a aproximação através da Aliança para o Progresso. A Alpro
seguiu espraiando seus recursos, mas com destinação prioritária aos Estados
governados por opositores a Goulart, o que demonstra que os EUA agiam a partir
de uma clara motivação política de descontentamento com os rumos da política
externa e doméstica do Brasil (Loureiro 2020).
A visita de Goulart aos EUA pode ter sido o último ato relacionado às intenções
dos dirigentes de ambos os países em resolver as suas divergências a partir do
diálogo e da conciliação. No entanto, essa disposição pode ser identificada muito
mais nos esforços brasileiros do que nas ações das lideranças dos EUA. Segundo
Carlos Fico, a vitória de Goulart no plebiscito de 1963 inquietou o governo norte-
17 Three critical areas point up big problems of Latin America, 07/04/1962, NYT.
18 Brazil signs pact for aliance aid, 13/0 4/1962, NYT.
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americano, fazendo Kennedy determinar um plano de contingência para o Brasil,
plano esse elaborado com a ajuda íntima do embaixador no Brasil, Lincoln Gordon,
que compartilhava a visão de muitos militares brasileiros de que Jango poderia
perder o controle da situação, entregando o poder aos comunistas (2014, 76).
Considerações finais
No conjunto de informações que conformavam a visão do Brasil, o jornal The
New York Times incluiu, a partir de 1961, um elemento até então pouco comum
nas reportagens sobre o país: as ações de política externa e suas repercussões
sobre o contexto internacional e regional. Os correspondentes do jornal dedicaram
atenção incomum à Política Externa Independente, tema que também crescia
em importância junto à opinião pública brasileira.
A partir da observação sobre o crescimento da mobilização social organizada,
como as ligas camponesas, o jornal fortalecia a percepção de que o Brasil corria
o risco de passar por um processo revolucionário semelhante ao que havia
ocorrido em Cuba. A luta pela reforma agrária no nordeste brasileiro era vista
como análoga ao movimento que levou à guerrilha que arregimentou a população
camponesa em Cuba e, desde a administração Kennedy, havia a percepção de
que um processo revolucionário no Brasil deveria ser evitado a qualquer custo.
As informações e tendências analíticas da imprensa brasileira eram replicadas
pelos jornalistas norte-americanos e conformaram a maior parte das reportagens
do NYT apresentadas neste artigo. O balanço que o jornal fez de João Goulart,
quando da sua visita oficial aos EUA, foi mais positivo se comparada à análise que
a imprensa brasileira fazia do presidente brasileiro. As matérias que tiveram como
tema a Conferência de Punta del Este e a visita de Goulart aos EUA demonstram
que grande atenção foi dada à Aliança para o Progresso, entendida tanto pelo
jornal quanto pelo governo dos EUA como um meio eficaz de combater os
perigos do comunismo, a partir do atendimento às demandas do desenvolvimento
econômico e social.
A imprensa, tanto no Brasil quanto nos EUA, foi vetor importante na divulgação
do fantasma do perigo comunista. Essa é uma questão latente que permeia o
relacionamento entre os setores da imprensa norte-americana e o próprio governo
dos EUA. Especialmente neste ponto havia sintonia entre a percepção do jornal e
das lideranças políticas sobre o governo de João Goulart, havendo mútua interação
A Política Externa Independente (1961-1964) vista pelas lentes do jornal The New York Times
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entre os mesmos. A PEI, as desigualdades sociais e as intensas mobilizações
sociais, especialmente no nordeste brasileiro, não passavam despercebidas pelo
jornal. É possível que as matérias do NYT contribuíssem para a percepção que
o governo americano tinha sobre a gravidade da situação no Brasil.
Entre 1961 e 1962, as relações entre Brasil e EUA encontravam dificuldades,
mas ainda não haviam chegado em um estado de deterioração. A PEI era um ponto
de atenção e descontentamento constante, mas até 1962 existiam expectativas
por parte dos EUA de que o governo brasileiro aderisse à Alpro e abafasse as
tendências mais à esquerda de sua base de apoio. Nesse sentido, a visita de
Goulart aos EUA marcou um último momento de esperanças de ambos os lados
de que as relações entre os dois países pudessem ser positivas. Nos meses e
anos seguintes, tal expectativa foi frustrada. A Alpro fracassou e as ações contra
o governo de Goulart foram se intensificando internamente, motivadas, entre
outros fatores, pelo apoio financeiro que os EUA deram a institutos como o IPES
e o IBAD, responsáveis por realizar maciça propaganda contra Goulart. Não há
consenso do período (em mês e ano) em que o governo de Kennedy ou o de
Johnson teria passado de apoio à desestabilização do governo brasileiro à clara
conspiração. Segundo Loureiro, alguns autores entendem que esse momento
foi o final de 1962, enquanto outros argumentam que meados de 1963 seria
o divisor de águas (2020, 24). De qualquer forma, esse processo culminaria
no apoio moral e logístico do governo dos EUA aos militares brasileiros que
golpearam a democracia.
Ao final de 1963 foi se fortalecendo, especialmente entre os militares
brasileiros, a perspectiva de rompimento institucional, na medida em que esse
segmento percebia que poderia contar com o apoio dos EUA. O estabelecimento
da Operação Brother Sam, montada para apoiar os golpistas brasileiros com armas
e munições caso fosse necessário, é página conhecida das relações entre Brasil e
EUA. Em 1964, demonstrando consonância com o governo norte-americano na
percepção dos eventos brasileiros, NYT apoiou o golpe que depôs João Goulart. A
experiência nacionalista e autônoma expressa na PEI encontrava os seus limites
nos enquadramentos da Guerra Fria.
Ismara Izepe de Souza; Fábio Moreira Meira
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 19, n. 2, e1432, 2024
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