
Autonomía, geopolítica crítica y decolonialidad: aportes latinoamericanos al debate teórico [...]
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 18, n. 3, e1363, 2023
12-29
OSSIÊD
Relações Internacionais:
da América Latina para o mundo
geográicos, ideológicos e programáticos diferenciados, como a Celac, o
Mercosul, a Aliança do Pacífico e o Acordo Estados Unidos, México e Canadá, que
substituiu o Naa. A literatura sobre integração e regionalismo, contudo, tende,
em geral, a abordar a América Latina como unidade homogênea, ignorando
as profundas especificidades culturais e fraturas históricas existentes em seu
interior. O mesmo se aplica ao debate sobre a autonomia, cujo sentido não será
idêntico se considerarmos, por exemplo, Equador e Bolívia em contraste com
Argentina e Brasil, ou o Caribe em contraste com a América do Sul.
Para Preciado (2018), por sua vez, é necessário reconhecer as práticas
espaciais políticas e epistemológicas que, a partir do início do século XXI,
passam a questionar as representações que tradicionalmente deiniram o
imaginário geopolítico sobre a América Latina como região periférica do
sistema-mundo, subordinada ao projeto pan-americanista de integração
conduzido pelos Estados Unidos. Estas práticas espaciais alternativas colocam
em destaque as redes transnacionais da sociedade civil e as práticas culturais
indígenas, feministas, ecologistas, dos migrantes etc., e as correlacionam aos
processos de integração regional. No centro de seu argumento, está, portanto,
a ideia de que uma integração regional autônoma na América Latina demanda
a ampliação dos temas tratados, em conformidade com uma concepção
multidimensional dos processos regionais que soma as dimensões social e
epistemológica às preocupações econômicas tradicionais.
A partir de um enfoque centrado na articulação entre integração e
autonomia, Preciado coloca em destaque a dimensão epistemológica deste
debate, em diálogo com a proposta decolonial: “Pensar a integração latino-
americana com um olhar multidimensional, a partir da transmodernidade e da
crítica à colonialidade do poder, é promissor, pois permite localizar as raízes
históricas que impedem uma integração autônoma autêntica e eficaz.” (Preciado
2018, 33-34, tradução da autora)6. As articulações entre pensamento decolonial
e geopolítica crítica, utilizadas pelo autor em sua formulação sobre integração
regional e autonomia, são exploradas na seção seguinte.
6 No original: “Pensar la integración latinoamericana con una mirada multidimensional, desde la
transmodernidad y desde la crítica a la colonialidad del poder, es promisorio, pues ello permite ubicar las
raíces históricas que impiden una integración autónoma auténtica y eicaz”.