Lucas Barros de Souza; Túlio Sérgio Henriques Ferreira
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 18, n. 3, e1342, 2023
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A coroa e a espada no espetáculo das
nações: as autoimagens da monarquia
e da república brasileiras nas
Exposições Universais de 1889 e 1904
The crown and the sword in the stage
of nations: the self-images of the
brazilian monarchy and the republic
at the Expos 1889 and 1904
La corona y la espada en el escenario
de las naciones: las autoimágenes
de la monarquía y de la república
brasileñas en las Expos 1889 y 1904
DOI: 10.21530/ci.v18n3.2023.1342
Lucas Barros de Souza
1
Túlio Sérgio Henriques Ferreira
2
Resumo
Analisam-se as autoimagens construídas pelo governo brasileiro
para duas Exposições Universais oitocentistas (Paris 1889 e Saint
Louis 1904). Busca-se entender o conteúdo e interesses dessas
autoimagens propagadas nesses eventos, a primeira ocorrida no
Império e a segunda no período republicano brasileiro. O trabalho
concorda que essas participações eram uma proto-diplomacia
pública utilizada para melhorar a imagem internacional do Brasil.
Pela análise qualitativa bibliográfica e documental primária, foram
estabelecidos quatro âmbitos: político, modernidade, econômico
1 Bacharel em Relações Internacionais pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
(lucas.barrossouza@gmail.com). ORCID: https://orcid.org/0009-0004-0245-6295.
2 Doutor em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília – UnB. Professor
Associado do Departamento de Relações Internacionais e do PPGCPRI da UFPB.
(tulioferreira@gmail.com). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2561-2700.
Artigo submetido em 14/05/2023 e aprovado em 23/10/2023.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
RELAÇÕES INTERNACIONAIS
ISSN 2526-9038
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e racial. Dos quatro, apenas o político apresentou alterações. A despeito das alterações na
política externa, nos demais eixos, foram observadas a manutenção das imagens.
Palavras-chave: Política Externa Brasileira; Imagem Internacional; Exposição Universal.
Abstract
The article analyzes the self-images constructed by the Brazilian government for two 19th
century Universal Exhibitions (Paris 1889 and Saint Louis 1904). It seeks to understand the
content and interests of these self-images propagated in these events, the first occurring
during the Empire and the second during the Brazilian republican period. The work agrees
that these participations were a proto public diplomacy used to improve Brazil’s international
image. Through the primary qualitative bibliographic and documentary analysis, four
areas were established: political, modernity, economic and racial. Of the four, only the
politician presented amendments. Despite changes in foreign policy, in the other axes, the
maintenance of images was observed.
Keywords: Brazilian Foreign Policy; International Image; Universal Exhibition.
Resumen
Se analizan autoimágenes construidas por el gobierno brasileño para dos Exposiciones
Universales del siglo XIX (París 1889 y San Luis 1904). Buscamos comprender el contenido
y los intereses de estas autoimágenes propagadas en estos eventos, la primera ocurriendo
en el Imperio y la segunda en el período republicano brasileño. El trabajo coincide en
que estas participaciones fueron una protodiplomacia pública utilizada para mejorar la
imagen internacional de Brasil. A través del análisis bibliográfico y documental cualitativo
primario se establecieron cuatro áreas: política, modernidad, económica y racial. De los
cuatro, sólo el político presentó enmiendas. A pesar de los cambios en la política exterior,
en los demás ejes se observó el mantenimiento de las imágenes.
Keywords: Política Exterior Brasileña; Imagen Internacional; Exposición Universal.
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A competência exclusiva de nossas elites políticas na condução da política
exterior, dada por sua vivência internacional, exibe uma notável continuidade
no tempo: seu cosmopolitismo excludente constitui, no plano das relações
internacionais, a cara moderna de um coração conservador.”
(Gerson Moura – “Sucessos e Ilusões”)
Introdução
As exposições universais
3
,
iniciadas no século XIX, foram eventos utilizados
pelos países centrais do sistema internacional para exibir suas tecnologias
inovadoras. Demonstravam força e liderança advindos da modernização decorrente
da Revolução Industrial. Aos países periféricos, restava buscar mercado para
seus produtos, fazer contatos internacionais e, eventualmente, emanar ‘boa e
adequada’ imagem internacional.
O Brasil não perdeu a oportunidade de aparecer neste palco internacional.
Neste sentido, este artigo defende que o país utilizou de proto ‘diplomacia pública’4
na conjuntura das décadas finais do século XIX e inicial do XX. Participou dos
certames tendo como objetivo projetar seus valores, principalmente, para a
Europa e os Estados Unidos (Bethell 2012; Ferraz, Ramos, 1867; Goldman 2016).
Tal fato instila interesse em investigar os motivos e os atos do Brasil em dois
destes pretéritos certames internacionais: Paris (1889) e Saint Louis (1904). Fato
reforçado pelo atual e renovado interesse do Brasil pelas expos (Pestana 2020;
Wang 2020).
Iniciadas com a Grande Exibição dos Trabalhos das Indústrias de Todas as
Nações de 1851 (Great Exhibition of the Works of Industry of All Nations), as feiras
universais eram realizadas para explicitar o progresso trazido pelas inovações
tecnológicas, mostrando um embate entre as ideias consideradas avançadas e
aquelas vinculadas ao atraso dos tempos pré-burgueses. (Almeida 2017; Goldman
2016; Geppert 2018; Greenhalgh, 1988; Hardman 1988; Pesavento 1997; Sanjad,
2017). Símbolos do progresso e consideradas “arenas pacíficas” que poderiam
3 Seguindo a tendência explicitada por Goldman (2016, 17), ao longo deste artigo serão utilizados os termos
expos” e “feiras” para também se referir às exposições universais. Atualmente, “exposições universais”,
exposições internacionais” e “feiras” diferem de significado (Goldman 2016, 78-81).
4 A diplomacia pública reconhece a necessidade da atuação dos Estados não apenas com seus semelhantes, como
na diplomacia tradicional, mas também com indivíduos e organismos internacionais, para que os objetivos
de política externa de um país sejam alcançados (Goldman 2016, 19).
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substituir a guerra por meio da arte e da indústria, essas feiras universais também
pretendiam diminuir os conflitos entre classes ou entre nações, espelhando o
ideal de sociedade e de relacionamentos doméstico e internacional da burguesia
europeia, sob a tutela ocidental. (Bennett 2005; Neves 1986, 1988; Pesavento
1997; Rydell 1984).
Almeida (2017, 336) defende que as feiras criaram uma “diplomacia das
exposições”. Assim, pode-se considerar que a participação dos Estados nessas
expos foi um exercício pioneiro de ‘diplomacia pública’, sendo oportunidade
singular de projeção de imagens, conceitos e ideários. (Goldman 2016). Nessa
ótica, os dirigentes do Brasil5 imperial e republicano fomentaram a participação do
país nesses ‘espetáculos’. A presença do Brasil servia para angariar investimentos
externos e para a projeção da imagem brasileira no âmbito internacional. (Almeida
2017; Goldman 2016). No entanto, na conjuntura de meados do século XIX e do
início do século XX, o governo brasileiro propagou imagem de modernidade sem
bases sólidas, um pastiche do moderno que não refletia mudanças substantivas
nas estruturas socioeconômicas do país. (Hardman 1988).
Um dos objetivos do Brasil era atrair imigrantes europeus que pudessem
contribuir com a superação da mão de obra escrava na produção agroexportadora.
Em conjunto com este elemento econômico, afirmava-se a vontade explícita do
afastamento das ‘retrógradas’ heranças indígenas e africanas. (Almeida 2017;
Goldman 2016; Schwarcz 1998; Skidmore 1976). Por isso, a construção de imagem
internacional estava ligada à ideia do ‘embranquecimento’. Para Schwarcz (1998), a
primeira presença do Império nas feiras, em 1862, foi estimulada pela necessidade
de mostrar uma face ‘civilizacional’. Em 1867, a colônia de imigrantes em Blumenau
configurou na categoria de “objetos destinados a melhorar as condições físicas
e morais da população” (Kuhlmann Júnior 2001, 32). Na Centennial Exhibition
dos EUA, em 1876, o Brasil foi o primeiro a confirmar participação, mostrando
o interesse das elites em apoiar a capacidade do “Novo Mundo” em organizar
uma produção daquele porte, igualando-se à modernidade europeia. (Goldman
2016). A partir dos anos 1880, a participação brasileira passa a valorizar, além
de suas riquezas naturais, a vertente industrial (Kuhlmann Júnior 2001).
Realmente, a participação do Brasil nesses espetáculos das nações era uma
forma de diplomacia pública avant la lettre, haja vista o esforço dos governos
5 Vale observar que o Brasil nunca sediou uma exposição universal, mas sim uma internacional em ocasião do
centenário da independência, sendo o Haiti o único país do continente americano, além dos EUA e Canadá,
a sediar um evento universal (The Expos c. 2022).
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nacionais em criar e fomentar comitês e representações diplomáticas preocupadas
em melhorarem a imagem internacional do país. Em 1889 e 1904, o Comitê
Franco-Brasileiro e a Representação do Brasil eram a prova do entendimento
da importância das exposições universais para propaganda governamental,
gerando também uma fonte de legitimidade, perante os países e seus nacionais do
sistema internacional, do regime político vigente, seja a vetusta monarquia, seja
a manceba república (Goldman 2016). Esta breve exposição histórica das Feiras
Internacionais e da participação brasileira nestes eventos servirá de ilustração
conjuntural para que se analisem as autoimagens produzidas pelo governo
brasileiro nas Exposições Universais de Paris de 1889 e de Saint Louis de 1904.
Para tanto, serão utilizados documentos primários exclusivamente produzidos
para a participação do Brasil nos certames universais.
Neste ponto caberia pequena consideração metodológica para que se esclareça
a postura frente aos documentos de época. A revolução documental vivida pela
historiografia permitiu renovação da abordagem documental em seus parâmetros
qualitativos e quantitativos. Assim, há de ser feita a crítica documental, expostas
suas condições de produção, vontades de registro de memória. O historiador
não deve quedar-se passivo frente aos documentos, mas sim agir para desvelar
seus significados. Segundo Le Goff, “o documento não é qualquer coisa que
fica por conta do passado, é um produto da sociedade que o fabricou segundo
a relação de forças que aí detinham o poder”. (1990, 545). É neste espírito que
aqui utilizaremos os documentos produzidos no período histórico analisado. Sem
considerá-los objetos inertes e reveladores de verdades. Antes, como monumentos
de um passado em busca de significação e desvelamento de suas condições de
produção. Antes que transliterações, objetiva-se deslindar a vontade de imagem
internacional expressa nas fontes primárias elencadas neste texto.
Serão analisadas eventuais mudanças e continuidades da propalada imagem
internacional brasileira em quatro eixos: o político, o da modernidade, o econômico
e da raça
6
. Destarte, contrapostas as imagens, busca-se demonstrar coincidências
entre os valores das elites dirigentes e aqueles da PEB, que acabam refletidos nas
imagens internacionais do país levadas aos dois eventos. Quando possível, será
descrita e analisada a intenção destas imagens e suas correlações com princípios
subjacentes da política exterior do Brasil nas respectivas conjunturas. Para tal, o
6 Consideramos raça a estrutura ideológica da relação entre a branquitude – o domínio dos brancos – e outros
grupos de etnias diversas (Silva 2021, 40-43).
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artigo foi dividido em 3 partes, além desta introdução e das considerações finais.
A primeira fará exposição dos principais conceitos da política exterior do Brasil
durante o fim do Império e o início da República, salientando continuidades e
mudanças daqueles ideais internacionais. A segunda seção versará brevemente
sobre as influências internacionais que a elite dirigente do país absorveu, mostrando
as inspirações dos ideários de capitalismo e modernidade. A terceira parte será
reservada à leitura crítica dos documentos oficiais produzidos pelas delegações
brasileiras, destacando-se as ideias governamentais que embasaram as imagens
do país a serem exportada pela PEB. Neste momento, serão categorizados e
contrastados os já citados quatro conjuntos de imagens (político, modernidade,
econômico e raça) produzidos nas conjunturas de Paris (1889) e Saint Louis (1904).
Vejamos os fatos.
O Brasil e suas políticas exteriores
Em meados do XIX, o Brasil era a única monarquia da América do Sul.
Esta extensa massa territorial habitada por falantes da língua portuguesa via-
se intrinsecamente ligada à Europa devido à sua circunstância monárquica e a
complementaridade econômica com este continente (exportações e importações)
(Lafer 2014; Santos 2004). Ao final do Império, a distensão e o universalismo
regeram juntas a política externa: a primeira foi vinculada aos eventos na região
platina e administrada pelo Estado para relacionar-se no Prata sem gerar nova
guerra. O segundo ponto coaduna-se com o argumento deste artigo, sendo utilizado
para angariar maior prestígio ao país. Neste sentido, o Império era convidado
a participar de grandes eventos internacionais, importantes por conseguirem
promover comercialmente e elevar o prestígio do país frente aos demais atores
da política mundial (Bueno, Cervo 2011; Coronato 2014).
Luís Santos (2004) defende que o regime monárquico buscava se diferenciar
das repúblicas americanas. Nesse sentido, nas três viagens internacionais realizadas
por Pedro II, a Europa foi prioridade. A América Latina não foi visitada (Danese
2017). Deve-se notar que os EUA eram vistos como um país de governo ambicioso,
que não deveriam estar associados à imagem do Brasil (Ricupero 2017). No
entanto, a partir dos anos 1870, as relações entre os dois países começam a
melhorar, ampliando a exportação de café e investimentos (Bueno, Cervo 2011;
Cervo, 2003). Desse modo, se a lenta aproximação com os EUA era uma das
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formas do universalismo, a tônica em prol da Europa era clara em 1889: “O
Brasil não tem interesse em divorciar-se da Europa; bem ao contrário, convém-
lhe conservar e desenvolver as suas relações com ela, [...] para estabelecer um
equilíbrio exigido pela necessidade de manter a sua forma atual de governo
(AHI/RJ, 273/3/5 apud Santos, 2004, 117, grifos nossos).
Entretanto, com a implantação da República, a PEB foi reorientada, passando
a focar no continente americano, enfatizando o relacionamento com seus
vizinhos latino-americanos e com os EUA. Tal fenômeno foi conceituado como
‘republicanização’ e ‘americanização’ da política externa. (Bueno, Cervo 2011;
Carvalho 1998; Doratioto 2018; Ricupero 2017; Santos, 1991; Santos 2014). À
gestão de José Maria da Silva Paranhos Júnior (1902-1912), o Barão do Rio Branco,
coube sedimentar o paradigma que iria guiar a PEB até a Revolução de 1930: foco
nas políticas territoriais fronteiriças, relação pragmática com os EUA e liderança
carismática na região (Ricupero 2017). Paranhos Júnior percebeu o reordenamento
do eixo de poder mundial para os Estados Unidos e a América Latina como nova
área de influência estadunidense, sendo o realinhamento pragmático boa estratégia
de aumentar a influência brasileira no sistema internacional (Pinheiro, 2004).
Para tanto, criou-se a embaixada brasileira em Washington, a primeira do Brasil.
A criação dessa embaixada conferia prestígio e diferenciava o Brasil do conjunto
das nações americanas. Logo, a política externa diminuiu seu direcionamento à
Europa, incrementando suas relações internacionais para a aliança tácita com a
nova potência hegemônica da América, uma “aliança não-escrita” na visão de
Bradford Burns (Bueno; Cervo 2011; Carvalho 1998).
Entretanto, é importante perceber que o país não ‘abandona’ os países
europeus. Skidmore (1976) acredita que o Barão foi um dos mais importantes
propagandistas da imagem internacional do Brasil, apresentando uma imagem
‘civilizada’ do país, mesmo que tal ideário comportasse boa dose de racismo.
(Lopes, 2014). Ele preenchia cargos de serviço diplomático com intelectuais
e homens brancos, visando propagar a ideia de país europeizado que se
‘embranquecia’ (Skidmore, 1976). Assim, sua gestão reforçou o caráter elitista
do recrutamento ao corpo diplomático brasileiro (Berringer, Toledo 2018; Pinheiro
2004). Para Gilberto Freyre (2013), Rio Branco considerava a etnia um critério de
seleção do corpo diplomático. Revela-se que a PEB era também utilizada para
denotar uma suposta excepcionalidade brasileira no hemisfério Sul, propagando-
se pretensa imagem de um Brasil moderno, civilizado e associado ao progresso.
(Bueno 2012; Ricupero 2002).
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Vale ressaltar que a primeira exposição universal após a implantação do
regime republicano no Brasil ocorreu em Chicago, em 1893. Portanto, apesar da
mudança de regime político, a elite política nacional continuou defendendo parte
das políticas domésticas que outrora sustentava no Império. Assim, o ímpeto
modernizador possuía vertente conservadora, reverberando certo pastiche de
modernidade. A diplomacia brasileira exportava a “[...] cara moderna de um
coração conservador” (Moura 1991, X). Portanto, a “modernização conservadora”
do Brasil, a despeito de produzir mudanças política, não alterou substantivamente
a organização socioeconômica do país. (Ricupero 2002).
O Brasil se inspira no mundo (ocidental): capitalismo,
modernidade, imigração e embranquecimento em cena
O capitalismo expandia-se por meio da associação das grandes potências
imperialistas. (Neves 2003; Santos 2013; Pesavento 1997). A Great Exhibition
de 1851 foi palco privilegiado ao denotar o projeto oitocentista da classe
burguesa em implantar sua visão de mundo para além das fronteiras nacionais
(Santos 2013). Por isso, desde o início, esses eventos trabalham a promoção
comercial, a difusão cultural e a promoção da imagem dos países no exterior
(Goldman 2016).
No campo ideacional do fim do século XIX, o evolucionismo possibilitou a
tomada de consciência da elite europeia de sua liderança na expansão mundial
do capitalismo, parcialmente legitimando a “superioridade” da civilização
europeia em decorrência das leis naturais que orientariam a história de todas
as demais sociedades (Ortiz 1986). Tendo em vista as condições do Brasil,
sua elite acaba por construir identidade autodepreciativa, reconhecendo sua
inferioridade em relação aos cânones europeus. Igualar-se à Europa seria o
necessário esforço a ser realizado pelo país, mesmo que através da construção
de imagens descoladas da realidade. (Perrone-Moisés 1997). Por isso, “o
Império inventava-se como um bastião da civilização (‘europeia’ naturalmente)
cercado de repúblicas anárquicas. Um Império distante e tropical, mas
fundamentalmente civilizado, e, portanto, europeu” (Santos 2004, 25). Já o governo
republicano buscou distancia-se do Antigo Regime ao adotar o republicanismo,
estreitando laços com a América e, principalmente, com os valores dos EUA.
(Santos 2004).
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Neste momento, o país evoca a imagem do “cadinho de etnias”, sendo
formado pela miscigenação do branco, do indígena e do negro, atribuindo-se
superioridade ao componente branco (Ortiz, 1986). Por isso, a elite brasileira
incorporava as teorias racistas europeias, considerando a imigração europeia
necessária para o “branqueamento” da sociedade. Skidmore (1976) exemplifica
que a imigração chinesa foi proibida por não se enquadrar no padrão europeu
e que a elite acreditava que a porcentagem da ‘raça africana’ deveria diminuir
em benefício da ‘raça branca’.
Como exemplo, o decreto de 28 de junho de 1890 ordenou que qualquer
indivíduo apto a trabalhar possuiria livre entrada para o Brasil, à exceção de “[...]
indígenas da Ásia, ou da África [...]” (BRASIL, [c. 2021]), permitidos apenas se o
Congresso autorizasse. Logo, a PEB foi direcionada a escolher, quando possível,
os ‘melhores’ imigrantes (BRASIL, [c. 2021]). Neste sentido, o fluxo de imigrantes
intensificou-se bastante, visando estruturar economia capitalista assalariada e
formar mercado interno (Ricupero 2017). A vontade era criar condições mínimas
para a produção capitalista industrial (Bocchi et. al 2010). Porém, como mostra
Fausto (2013), a preocupação do Estado não estava voltada à indústria, mas aos
interesses agroexportadores. Assim, o café e outros produtos primários continuam
como o principal eixo da economia agroexportadora.
Junto com a República instaurava-se nova ideia de progresso. Coube à
presidência de Rodrigues Alves (1902-1906) coroar o projeto de ordem e civilização
das elites governamentais, buscando mimetizar o Rio de Janeiro às metrópoles
europeias (Heizer, Neves 1991; Neves 2003). Neste bojo, o governo republicano
continuou com a política racista de “branqueamento da população”, com sua
‘elite intelectual’ formando a identidade nacional através da conciliação de teorias
racistas estrangeiras aos desafios domésticos (Ortiz 1986).
Tendo este panorama conjuntural em mente, o ideário descrito acima seria
absorvido pelos formuladores da política exterior do Brasil e produziria imagens
e identidades de nação a serem exportadas para o mundo. Neste sentido, torna-
se razoável argumentar que a formação da identidade brasileira do período foi
o resultado da vontade de uma elite excludente e antidemocrática. Para avançar
tal hipótese, vejamos quais foram as ‘imagens’ de Brasil levadas para as feiras
de Paris (1889) e Saint Louis (1904). Este exercício poderá explicitar os detalhes
da autorrepresentação criada pelos governos do período.
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A coroa e a espada no espetáculo das nações
As participações do Brasil nas exposições de 1889 e 1904 se deram em
contextos políticos distintos. A primeira sob regime monárquico (coroa), a segunda
já sob a república (espada). A presença brasileira na Exposition Universelle
de Paris em 1889 contou, pela primeira vez, com “comissões de publicidade
e propaganda” destinadas a coordenar os esforços da divulgação da imagem
internacional do Brasil (Turazzi 1995, 153 apud Goldman 2016, 73). Explicitava-se
a ‘diplomacia pública’ nacional que trouxesse aggiornamento civilizatório a uma
ex-colônia escravocrata. Portanto, a participação brasileira emanou imagens que
associavam sua exuberante natureza à urbanização, buscando fixar o avanço da
‘civilização’ no país através da extinção da escravidão (Barbuy 1996). Mesmo
assim, apesar de mostrar linhas férreas e a indústria têxtil, o destaque foi o
café, produto essencial para a atração de mão-de-obra do imigrante europeu.
(Almeida 2017).
Ao seu turno, participar da World’s Fair de 1904, já sob o regime republicano,
denotava a vontade do governo brasileiro de propalar a construção de progresso
que a infante república tanto desejava. Para Lauro Severiano Müller, ministro
da Indústria, Viação e Obras Públicas, era “[...] certo que, sendo bem dirigida e
esmerada a nossa [exibição], poderemos tornar [útil] e proveitosa a propaganda
sobre as riquezas [naturais] do [país], de sua produção agrícola, principalmente
a do café [...]” (BRASIL 1905, 123). Na visão de Macedo (2012), a presença
brasileira no certame confirmou os ideais da elite dirigente brasileira para o ímpeto
de transformações imposto ao país. Na expo, a representação esforçou-se em
mostrar um país sem disputas entre patrão e empregado e onde indígenas eram
domesticados pelo catolicismo (Macedo 2012). A vontade era ‘destropicalizar’
o país. (Rezende 2010, 175).
Assim, a partir deste momento, serão recortados das múltiplas imagens
emitidas pelos governos, quatro trilhos imagéticos: o político, o da modernidade,
o econômico e o racial. Esta estratégia de fatiamento artificial terá o objetivo
de facilitar a comparação das autoimagens brasileiras levadas às duas expos.
Assim, deve-se ressaltar que tal divisão é apenas recurso analítico, tendo em vista
que os quatro ‘eixos’ emergem de um único fluxo de construção do imaginário
nacional.
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O político
No aspecto político, em 1889, a delegação brasileira buscou mostrar um
Brasil monárquico ‘estável’, próximo das dinastias europeias, longe das instáveis
repúblicas sul-americanas. Em 1904, a imagem foi de uma república americanista,
avizinhada aos Estados Unidos. Assim, no capítulo de História do Le Brésil en
1889, relata-se que coube a d. João VI e d. Pedro I construírem as bases civilizadas
do país e trazer a independência. Posteriormente, superadas a instabilidade do
período regencial, D. Pedro II liderou o Império rumo ao progresso: “É, aliás, de
1850, fim do período das guerras civis, que datam verdadeiramente os progressos
realizados pelo Brasil” (Levasseur 2000, 66). Assim, depreende-se uma espécie de
continuação do avanço do progresso, vindo desde o período joanino até o ápice
do Segundo Reinado. Era a monarquia a grande responsável pelas prosperidades
do país. Sobre a emancipação de escravizados, mostrou-se um governo imperial
disposto a extirpar tal mácula “[...]pacificamente no Brasil, sem custar uma gota
de sangue” (Levasseur 2000). Sendo uma monarquia constitucional, o país teria
prosperado em reta ascendente, sempre visando o futuro. Ademais, “[...] o Brasil
é apenas um pedaço de terra lusitana costurada aos flancos da América do Sul;
falamos sua língua; [...]; [Portugal] nos deu nossa dinastia, nossa religião, nossos
costumes, nossa civilização” (Nery 1889a, 461, tradução nossa7). A mensagem
a ser transmitida era que a monarquia constitucional trouxera prosperidade
contínua, sempre visando o futuro. Neste sentido, mesmo reconhecendo os
enormes desafios do país, exaltava-se a habilidade do governo em superá-los,
como no caso da escravidão; ou mesmo atenuá-los, como no caso da educação.
Portanto, revela-se pela construção da aproximação Império-Europa, a vontade
da consolidação de um ramo do ‘Velho Continente’ nos trópicos.
Já para a Representação em Saint Louis, ao falar sobre as condições econômicas
e sociais, a Comissão afirma que o Brasil se guiava pelos resultados dos EUA
(BRASIL, 1904a). Se cada certame internacional era um degrau na história do saber
universal (BRASIL, 1905), participar dessas feiras significava estar seguindo os
passos dos EUA no que concerne aos avanços na educação de seu povo. Percebe-
se uma associação entre o regime republicano e o desenvolvimento do país, que
seria aluno do professor civilizado do Norte. A comissão do Brasil exaltava o
7 Citação original: “Le Brésil n'est qu'un lambeau de terre lusitanienne cousu aux flancs de l’Amérique du
sud; nous parlons sa langue [...] [Portugal] il nous a donné notre dynastie, notre religion, nos moeus, notre
civilisation”.
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progresso dos EUA, sendo ele o farol a guiar a nascente república na América do
Sul rumo ao desenvolvimento pleno. Neste sentido, caberia ao país ser grande
centro receptor de investimento externo daquele país, pois, junto com o valor
monetário, traria as qualidades do cortejado povo do norte (BRASIL, 1905). Na
república brasileira, dominada pelo agrarismo, tornou-se instrumental exaltar o
êxito dos EUA, pois eles eram um modelo exitoso aos olhos internacionais. Era
nítido o pragmatismo brasileiro ao buscar a solidificação dos laços com o ‘gigante
do Norte’. Com este intuito, a Comissão agiu para melhorar a imagem do Brasil
perante os EUA. No extrato abaixo um pequeno resumo do exposto acima:
[...] [há] de promover e realizar mais constantes, [diretos] e [rápidos]
meios de [comunicação] entre as duas [Repúblicas] da [América], lucrando
ambas [elas] com o [aumento] das [máximas] [relações] [comerciais] e a
troca dos [produtos] das suas [indústrias] e [permitindo-se] que maior
[número] de brasileiros venham colher, neste grande centro de progresso e
de [civilização], [frutosos] elementos de estudos, a bem do desenvolvimento
e prosperidade da nossa [pátria]. (BRASIL, 1905, 189, grifo nosso).
O auge deste processo foi a visita do presidente Theodore Roosevelt ao
pavilhão brasileiro em Saint Louis. Sua presença parecia recompensar o contínuo
esforço do Brasil em se aproximar dos Estados Unidos. Assim, o fomento de uma
boa imagem do país para os convidados e ao governo dos Estados Unidos fica
notório por meio dessas ações. O relatório do Brasil (1905) não deixa dúvida:
“Essa frequente intimidade [permitia] tornarmos cada vez mais conhecido o
[país], ministrando informações, satisfazendo justa curiosidade sobre [assunto]
de nosso interesse” (BRASIL, 1905, p. 137). A consolidação do ‘americanismo’
estava em marcha na política exterior do Brasil. Fato fundamental deste processo
foi a escolha, em 1905, dos EUA para ser o primeiro país a receber uma embaixada
brasileira.
A modernidade
As imagens em ambas as Feiras carregavam forte simbologia de um país
civilizado e ciente da importância da indústria para o desenvolvimento das
nações. Eram imagens contaminadas pela ideia de progresso e modernidade.
Nos documentos produzidos pela delegação de 1889, destacam-se as ferrovias
que o governo imperial estava construindo desde meados de 1850. Hardman
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(1988) acredita que tais obras eram alegorias do espraiamento do progresso
e do desenvolvimento industrial no país. Anotava-se no Le Brésil en 1889
que “[e]m um país novo e grande como o Brasil, é [...] o fator principal e
indispensável também a criação da indústria” (Nery 1889a, 383, tradução nossa
8
).
Naquele certame, o processo industrial aparece indissociável da ideia de nação.
(BRASIL, 1890).
O tema da libertação dos escravizados também se conectava à ideia da
modernização do Brasil. Neste sentido, a prova mais eloquente da face civilizada
do Império seria a abolição promovida em 1888, demonstração inequívoca de que
o progresso e a civilização finalmente tinham chegado ao Império tropical. Sem
rodeios, os representantes brasileiros consideravam que, “sem derramar sangue,
como nos Estados Unidos [,] [nós] [a] despojamos em meio às aclamações de um
povo que celebrava sua entrada definitiva na civilização [...]” (Nery 1889a, XV,
tradução nossa
9
). Tal episódio teria sido a ‘coroação’ das medidas do II reinado
para fazer parte dos países “civilizados”. Para a Comissão, “[o]s resultados
obtidos desde o encerramento do período revolucionário são já consideráveis: em
nenhuma parte da América, salvo nos Estados Unidos e no Canadá, o progresso
foi mais rápido” (Levasseur 2000, 68).
Em 1904, a delegação brasileira passou a exibir a imagem de um país que,
apesar de agrário, despertava para a indústria. As estradas de ferros voltam a
ser invocadas em sua simbologia modernizante. A Comissão se esforçava para
mostrar um Brasil moderno, progressista e merecedor de participar do clube
das grandes potências, mormente os Estados Unidos. “[Há] [dois] modos de um
[país] concorrer [às] feiras: — pelo interesse do [negócio], vendendo quanto seja
exposto, ou no intuito de patentear os recursos, o progresso nacional. Estamos no
segundo caso” (BRASIL 1905, 143). As fotografias expostas pelo Brasil denotavam
o aumento do uso de máquinas nas produções agrícolas. Mesmo a face agrária
do país queria ser retratada de modo moderno.
De fato, era nítida a recorrente associação de ideias entre a produção primária
e a manufatura industrial. O documento da época descreve que “o Brasil ainda
não é um país industrial [,] mas possui todas as condições naturais as quais, se
desenvolvidas, o colocarão entre os primeiros em poucos anos” (BRASIL 1904,
8 Citação original: “Dans un grand pays neuf comme le Brésil, il est, en plus, le facteur principal, indispensable,
de la création même de l'industrie”.
9 Citação original: “[...] sans que le sang coulât, comme aux États-Unis. N ous l'avons dépouillée au milieu
des acclamations d'un peuple qui fêtait son entrée définitive dans la civilisation”.
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54, tradução nossa10). A preocupação em mostrar um governo preocupado com
a educação é nítida. Citando as instituições e detalhando a quantidade de livros
e documentos guardados por elas, o mesmo país que mostrava sua nascente
indústria era aquele que investia em educação para continuar com o crescimento
industrial e adentrar no restrito clube do progresso. O Brasil não poupava esforços
em se mostrar inteirado das novidades tecnológicas.
O Econômico
No aspecto econômico, as imagens construídas em 1889 e 1904 ressaltam
a busca de imigrantes para redefinir a estrutura de mão de obra para o setor
agroexportador, fato que se conjuga com o elemento civilizatório do fim da
escravidão no Brasil. Nas mensagens veiculadas na feira de Paris, evidencia-se
que a atração de imigrantes europeus era essencial para apascentar o desconforto
dos ex-proprietários de cativos e impedir impactos deletérios na economia do
país. Nesse sentido, Levasseur (2000) demonstra que a comissão imperial obrava
para atrair imigrantes ao país, fator fundamental para a substituição do trabalho
dos escravizados. Com tal intuito, o livro Le Brésil en 1889 estampa em suas
páginas a vontade de convencer europeus a imigrarem para a região cafeeira
e outros locais. Um dos principais argumentos para tal convencimento foi a
condição climática do Brasil que, segundo os governantes, era de fácil adaptação.
Ainda, propagandeava-se políticas governamentais e iniciativas privadas como
a fundação de colônias e hospedarias nacionais que alojavam e alimentavam os
imigrantes (Levasseur, 2000).
O Comitê Brasileiro publicou o “Guia do Emigrante ao Brasil”, escrito por
Santa-Anna Nery. Realmente, segundo Nery (1889b), o Império oferecia aos
imigrantes europeus um imenso território, com diversidade climática de fácil
adaptabilidade para os estrangeiros. Conforme Nery (1889b, 20, tradução nossa
11
),
o imigrante encontraria no Império paz e liberdade, podendo “[...] tornar-se
amanhã, com muito trabalho e economia, um dos mercadores ricos ou um dos
grandes latifundiários de terra na região”. Ainda, os novos habitantes do Brasil
não precisariam se preocupar com a discriminação, porque ela não existia no
10 Citação original: “Brazil is not an industrial country as yet but it possesses all those natural resources, which,
if developed, would place it among the first in the world in a very few years”.
11 Citação original: “[...] devenir demain, à force de travail et d’épargne, l’un des riches commerçants ou l’un
des gros propriétaires fonciers de la région”.
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Império (Nery 1889b). Finalmente, na concepção da Comissão, a imigração era
essencial ao desenvolvimento e progresso, pois os imigrantes europeus seriam
responsáveis por construírem máquinas e fábricas que contribuiriam para diminuir
a dependência do Brasil dos importados (Nery 1889a).
Por sua vez, em 1904, exortou-se a prosperidade das colônias de imigrantes
fundadas no país. Era explícita a vontade de aumentar o fluxo migratório.
O relatório do Brasil (1904) informa sobre as virtudes das companhias de imigração
(que abrigavam e alimentavam os imigrantes) e exalta a existência de leis que
facilitavam a compra de terra pelos imigrantes, que poderiam usá-la tanto para
produção própria, como para instalar suas famílias. Assim, o idealismo era
tamanho que o governo considerava desnecessário os sindicatos uma vez que
‘não havia conflitos entre patrões e empregados’ (BRASIL 1904). Restava clara
a vontade de tornar indissociáveis a imigração e a modernização. Neste sentido,
imigração significava crescimento da indústria e expansão das ferrovias, símbolos
augustos da modernidade.
O Racial
Por último, mas não menos importante, observou-se no conjunto simbólico
produzido pelo governo brasileiro, em ambas as feiras, fortes elementos de
racismo. Primeiro, porque a imigração estimulada era apenas de brancos, visando
o ‘branqueamento’ da população brasileira. Evidenciava-se a ‘vergonha’ da
miscigenação ao insistir-se em descrever o Brasil como país majoritariamente
branco (sic). Para tanto, procurava-se dissimular, ou mesmo apagar, as raízes
africanas e indígenas presentes no processo colonizador.
Nas palavras defendidas pelo Estado brasileiro em Paris, as populações
nativas eram cada vez mais raras no país, devido ao incessante serviço do
Império de civilizar aquelas populações (Levasseur 2000). Por meio da imigração
europeia, os traços da considerada barbárie eram pouco a pouco desmantelados
por causa da “[...] influência moral e civilizadora [...]” do processo. [...]” (Nery
1889a, 485, tradução nossa
12
). Utilizando-se do censo de 1872, informou-se
que o país, do ponto de vista de raça, compunha-se de, aproximadamente,
39% de mulatos e mestiços; 38% de caucasianos; 3% de indígenas; e, apenas,
20% descendentes de africanos (Nery 1889a). Para os agentes governamentais,
12 Citação original: “[...] influence morale et civilisatrice”.
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o Império era um país composto por brancos caucasianos e mestiços que não
eram negros, legando os indígenas ao esquecimento. Levasseur (2000) mostra
o decréscimo da população negra em São Paulo de 20% para 10,4% entre 1872
e 1886. Agora os brancos (sic) representariam 67,7% da população. Avançava
a imagem do país em processo de embranquecimento.
Processo sincrônico à esta vontade eugênica presente nas elites nacionais,
foi o esforço para escamotear as lutas sangrentas das populações pretas contra
a escravidão. Levasseur (2000 70), inclusive, ressaltava que, “no Brasil, aliás,
o preconceito de cor não existe como nos Estados Unidos e em várias colônias”.
A falácia avançava ao defender-se que “lá [Brasil], os negros libertos podem ter a
certeza de viver em condições de perfeita igualdade social com as outras raças”
(Nery 1889a, 205-206, tradução nossa13). Assim, construía-se o mito de uma
convivência harmoniosa entre as diferentes raças que compunham a sociedade
brasileira, sedimentando uma retórica da não existência de preconceito racial
no Brasil.
Na Saint Louis de 1904, a delegação brasileira continua a replicar imagens
racistas. Tal discriminação fica clara nesta breve e impactante passagem: “Devemos
lembrar a [presença] de alguns [tipos] de [raças] inferiores [...] levados a feira,
[aí] mantidos durante [meses]” (BRASIL, 1905, 118). Pelas lentes racistas dos
representantes brasileiros, progresso e civilização não coadunavam com a
miscigenação. Era imperioso impor a modernidade no país. Este processo impunha
o aniquilamento dos traços dos povos originários e daqueles transmigrados
forçosamente e escravizados na colônia portuguesa. Não seria por outra razão
que um comissário brasileiro se indignou com o erro de o Brasil ter apresentado
“[...] embarcações [indígenas] como [se] ainda nos [achássemos] no estado
primitivo e [não] [tivéssemos] outra navegação” (BRASIL 1905, 277). Expor
objetos culturais indígenas nestes certames foi considerado por alguns como
uma declaração de inferioridade, pois aos indígenas não se aplicava o rótulo de
civilização. Tolerável somente aqueles que estavam sob os cuidados do Estado
e da Igreja.
Pelo exposto acima, pode-se depreender que parte da exponencial diminuição
das populações indígenas possa ser consequência da vontade ‘civilizatória’ da elite
posta em marcha no período histórico analisado neste artigo. De resto, evidenciou-
13 Citação original: “Là-bas, les noirs libérés peuvent être assurés de vivre sur un pied de parfaite égalité sociale
avec las autres races”.
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se que nas duas participações do Brasil foram apresentadas e defendidas imagens
encharcadas de racismo e eugenia, produzindo-se indisfarçável documentação
por parte do Estado brasileiro a comprovar este fato.
Considerações finais
As exposições universais contribuíram (e contribuem) para propagandear
variada teia de produtos científicos, industriais e culturais (Findling 2018). Desta
forma, as elites dirigentes das nações buscam influenciar seus pares através
da exposição e/ou imposição de suas crenças e valores (Rydell 1984). Nestes
termos, elas são usadas como palco de propagação de imagens oficiais criadas
pelos governos dos Estados nacionais, ontem e hoje.
As participações do Brasil nas exposições analisadas neste artigo (1889 e
1904) revelam o interesse das coetâneas elites econômicas e políticas nacionais
em superar (ou, pelo menos, atenuar) a situação periférica do país no sistema
internacional através da associação com as grandes potências (Goldman 2016).
Para atingir tal objetivo, os governos monárquico e republicano levaram ao ‘palco’
das exposições universais imagens ‘imaginadas’ de Brasil. Muitas, obviamente,
não refletindo a real condição socioeconômica e política do país.
Na Exposition de 1889, ainda que o Império procurasse mostrar uma
imagem moderna e industrial, o foco foi dado em sua singularidade em relação
às monarquias europeias, fato a ser valorizado em sua exposição ao mundo.
Instaurado o regime republicano, o binômio progresso-civilização continuou a
vigorar no pensamento político brasileiro. O ‘americanismo’ começa a ganhar
corpo na política exterior do Brasil, contrastando com europeísmo do deposto
regime monárquico. Dessa forma, apesar de ainda se apresentar como um país
de vocação agrária na World’s Fair de 1904, o Brasil se esforçou em mostrar
avanços tecnológicos e industriais.
Nas quatro áreas delimitadas neste estudo para efeito analítico (política,
modernidade, econômica e racial), apenas na política houve mudanças mais
evidentes. Se antes o Brasil mostrava-se como uma monarquia afeita à Europa,
em 1904 mostrou-se uma República que queria fazer parte da América, sobretudo
através da aproximação aos EUA. No que tange a modernidade, tanto em Paris
quanto em Saint Louis, as delegações mostraram um país em busca do progresso
e da civilização. Enquanto a monarquia exibiu trabalhos governamentais na área
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infra estrutural e o esforço em findar pacificamente a escravidão; em Saint Louis,
a República mostrou cidades europeizadas e máquinas de processamento de seus
abundantes produtos primários, associando a agroexportação ao nascente ímpeto
industrial. No trilho econômico, o império privilegiou o fomento à imigração para
substituição de sua vetusta mão de obra baseada na escravidão. Do mesmo modo,
em 1904, a imigração foi invocada e estimulada ao serem descritas as facilidades
governamentais para tal processo. Ela era parte importante do incipiente processo
de industrialização do país. Na seara racial, a imagem imaginada e transmitida
foi a de um país de população predominantemente branca que busca afastar-se
das influências africanas e indígenas. Há nesta autorrepresentação clara marca
eugênica e racista. Em ambas as exposições, a imigração estimulada era aquela
ofertada por países preferencialmente ‘brancos’, a fim de auxiliar no processo
de embranquecimento da mestiça e ‘incivilizada’ sociedade brasileira.
Evidenciou-se que, nos distintos momentos históricos, os governos brasileiros
esforçaram-se, por intermédio das representações nacionais nas exposições
universais, em disseminar imagens de Brasil no sistema internacional. Ao objetivar
fortalecer seus valores e interesses neste ambiente, pode-se perceber a utilização
de forma ancestral de diplomacia pública, estando esta a serviço da política
exterior do Brasil nas conjunturas do fim do século XIX e início do século XX.
Hoje, a diplomacia pública é um importante campo de estudo e uma forma
consolidada de política governamental (Cull, Snow 2020). É fato que o Brasil
utilizou-se (e utiliza) de tal estratagema com maior e menor frequência ao longo
do tempo (Nogueira 2016). Este estudo demonstrou que, pelo menos desde o
final do XIX, pode-se argumentar que tal estratégia esteve nos cálculos da PEB,
tendo em vista as evidências aqui trazidas que comprovam a criação de comitês,
gabinetes e secretarias próprias para a produção e disseminação de deliberada,
mas nem sempre acurada, identidade de Brasil. É neste sentido que aqui se
defende a existência de uma ‘protodiplomacia’ pública na PEB revelada pela
“diplomacia das exposições” oitocentistas e nos primeiros anos do novecentos.
Esta política foi a vontade deliberada dos distintos governos que acabam por
revelar uma imagem ‘oca’ do país, já que não coadunavam com a realidade
daquela conjuntura. Antes, deixam transparecer, pelo menos, o elitismo e o
racismo da classe dirigente do Brasil que projetavam seus interesses e valores
nas imagens produzidas para ‘consumo’ internacional.
Considerando os desdobramentos históricos do processo de atuação da
diplomacia pública no Brasil, pode-se advogar por novos estudos que indaguem
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se, e em quais condições, houve mudanças substantivas na qualidade deste
instrumento da política exterior do Brasil. Para tanto, será importante recuperar
as condições de produção dos valores e imagens nacionais que informaram
participação brasileira nas expos do século XX e XXI para cotejá-los com os achados
deste trabalho. O objetivo seria verificar se as conformações simbólicas de Brasil
dos dois certames aqui analisados foram superadas em prol de imagens mais
realistas da sociedade brasileira. Em tom mais normativo, deve-se cuidar para que
o país se afaste das condições que propiciaram a produção de imagens irrealistas,
elitistas, eugênicas e racistas como aquelas disseminadas internacionalmente
na virada dos séculos XIX para o XX. Esta defesa se justifica pelo fato de que
a projeção internacional acresce em legitimidade e força na razão direta da
percepção positiva dos valores da política externa brasileira pelos distintos atores
internacionais (Azambuja, 2023).
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