André Luiz Reis da Silva
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 18, n. 1, e1307, 2023
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A produção sobre política externa
brasileira em Programas de
Pós-Graduação no Brasil (2000-2019):
levantamento e análise de teses e
dissertações
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The production on Brazilian foreign
policy in Graduate Programs in
Brazil (2000-2019): survey and analysis
of theses and dissertations
La producción sobre política exterior
brasileña en los Programas de Posgrado
en Brasil (2000-2019): levantamiento y
análisis de tesis y dissertaciones
DOI: 10.21530/ci.v18n1.2023.1307
André Luiz Reis da Silva
2
Resumo
Esta pesquisa tem como objetivo geral identificar e analisar a
produção de teses e dissertações sobre Política Externa Brasileira
de 2000 até 2019, produzidas nos Programas de Pós-Graduação
brasileiros. Foram utilizadas diversas abordagens metodológicas,
como revisão sistemática da literatura, estruturação de banco de
teses com construção de classificadores temáticos e cronológicos,
1 Pesquisa financiada com recursos do CNPq e Fapergs. Bolsa de Produtividade
PQ2 do CNPq (processo 308528/2020-4).
2 Pós-doutorado em Relações Internacionais pela School of Oriental and
African Studies/ University of London (2013). Doutor em Ciência Política
(2008) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professor
Associado de Relações Internacionais da UFRGS. (reisdasilva@hotmail.com).
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2593-1189.
Artigo submetido em 25/10/2022 e aprovado em 19/03/2023.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
RELAÇÕES INTERNACIONAIS
ISSN 2526-9038
Copyright:
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originais sejam creditados.
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e análise estatística. Como resultado, identificaram-se 1215 trabalhos sobre Política
Externa Brasileira, classificados por PPGs, temas e abordagens. Conclui-se que houve um
expressivo aumento da produção sobre política Externa Brasileira nas últimas duas décadas,
acompanhando a ampliação dos programas de pós-graduação.
Palavras-chave: Política Externa Brasileira; Historiografia; Produção Científica; Pós-Graduação;
Relações Internacionais
Abstract
This research has the general objective of identifying and analyzing the production of theses
and dissertations on Brazilian Foreign Policy from 2000 to 2019, produced in Brazilian
Graduate Programs. Several methodological approaches were used, such as a systematic
literature review, structuring of a theses bank with the construction of thematic, chronological,
and statistical analysis. As a result, 1215 works on Brazilian foreign policy were identified,
classified by PPGs, themes and approaches. This article concludes that there has been
a significant increase in production on Brazilian foreign policy in the last two decades,
following the expansion of graduate programs.
Keywords: Brazilian Foreign Policy; Historiography; Scientific production; Postgraduate
studies; International relations
Resumen
Esta investigación tiene como objetivo general identificar y analizar la producción de tesis y
disertaciones sobre Política Exterior Brasileña de 2000 a 2019, producidos en Programas de
Posgrado Brasileños. Se utilizaron varios enfoques metodológicos, como revisión sistemática
de la literatura, estructuración de un banco de tesis con la construcción de guías temáticas,
cronológicas y análisis estadístico.. Como resultado, fueron identificados 1215 trabajos
sobre política exterior brasileña, clasificados por PPG, temas y enfoques. Resulta que ha
habido un aumento significativo en la producción sobre la política exterior brasileña en
las últimas dos décadas, siguiendo la expansión de los programas de posgrado.
Palabras clave: Política Exterior Brasileña; Historiografía; producción científica; Posgraduación;
Relaciones Internacionales
André Luiz Reis da Silva
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Introdução
Desde a virada do milênio, nas duas últimas décadas testemunhou-se uma
grande expansão da produção acadêmica em Relações Internacionais (RI) no
Brasil devido à expansão do ensino na área – expressa na ampliação dos cursos de
graduação e Programas de Pós-Graduação (PPGs) em RI por todo o país (Villa et
al. 2017, Barasuol & Silva 2016). Essa expansão no ensino respondeu ao crescente
interesse de atores políticos e sociais no conhecimento especializado produzido
pela academia, o qual remete ao processo de globalização e aprofundamento da
inserção brasileira no cenário internacional (Lessa, 2005; Barasuol & Silva 2016).
Neste contexto, há uma grande produção de trabalhos com diferentes recortes
temáticos e cronológicos, desenvolvidos na academia brasileira e também por
diplomatas profissionais. Mas foi com produções derivadas dos Programas de
Pós-Graduação e divulgados em teses, dissertações e artigos científicos que
houve, de fato, aumento exponencial da produção brasileira. Para compreender
essa produção, existem algumas pesquisas que tratam de temáticas mais amplas
(Barasuol & Silva 2016) ou então da análise de política externa (Salomón & Pinheiro
2013). Entretanto, existem ainda poucos trabalhos a serem mencionados, como
Almeida (1993), Fonseca Jr ( 2011), Vedovelli (2010), Casarões (2018), Milani
(2021) e Ramanzini Junior & Farias (2021) abordando a produção brasileira em
estudos de política externa. Esse conjunto de trabalhos oferece, de maneira geral,
análises sobre produção apresentada na forma de livros e artigos científicos.
Mas a produção em política externa brasileira realizada na forma de teses de
doutorado e dissertações de mestrado ainda carece de estudos. Assim, a justificativa
da presente pesquisa está assentada na necessidade de analisar a produção
da política externa em programas de Pós-graduação, para compreender suas
transformações e tendências. As teses de doutorado e dissertações de mestrado
representam uma base importante da pesquisa que é desenvolvida no país por
estar inserida em um contexto de produção científica associada à formação de
novos pesquisadores.
Diante deste quadro, a presente pesquisa tem como objetivo geral analisar
a produção sobre Política Externa Brasileira (PEB) em teses e dissertações
defendidas entre 2000 e 2019 nos PPGs de Ciência Política, História e RI do Brasil.
Os objetivos específicos, que demarcam as etapas metodológicas da pesquisa,
são: a) identificação do debate bibliográfico das condições de emergência das
pesquisas em Política Externa Brasileira; b) realização de um levantamento de
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teses e dissertações produzidas sobre o tema no período delimitado; c) análise
dessa produção em política externa, visando assim a identificar as principais
tendências temáticas da área. O levantamento das teses e dissertações e sua
classificação disciplinar, cronológica e temática permitem realizar uma série
de inferências sobre as tendências da produção em política Externa Brasileira
recente, apresentadas ao longo do artigo.
Este artigo é parte de um projeto mais amplo, que tem como objetivo repensar
a produção acadêmica sobre Política Externa Brasileira, tanto do ponto de vista
da inovação, quanto da recepção e da produção teórica de Análise de Política
Externa (APE) e da sua aplicação para estudos da inserção internacional do
Brasil. Este artigo tem como base a finalização da primeira etapa da pesquisa,
que consistiu exatamente nesta construção, no levantamento e na sistematização
da produção brasileira na forma de teses e dissertações. Para tanto, o presente
artigo está dividido em três partes. Na primeira parte, o artigo situa o leitor no
contexto da ampliação da produção em Relações Internacionais e da política
externa no Brasil, identificando suas bases. Na segunda parte, descreve-se a
metodologia empregada na construção do corpus documental da pesquisa, ou seja,
o desenvolvimento de um banco de dados sobre a produção em Política Externa
Brasileira. Na terceira parte, realiza-se uma análise das principais tendências das
pesquisas em Política Externa Brasileira nos PPGS em Ciência Política, História
e Relações Internacionais no Brasil, oferecendo bases para uma reflexão sobre
esta produção.
O crescimento da área de Relações Internacionais no Brasil e
os estudos de Política Externa Brasileira
O estudo das Relações Internacionais do Brasil contemporâneo tem se
desenvolvido de forma acelerada nos últimos anos. Tal fato advém da criação
e do fortalecimento de diversos centros de ensino e de pesquisa acadêmica
na área das Relações Internacionais, impulsionados pela consolidação desse
campo de estudo e pelo crescimento do interesse de diversos atores políticos,
econômicos e sociais na área. O processo de globalização provocou aumento
da internacionalização das empresas e de interesses transnacionais, que exigiu
um consequente acompanhamento destes interesses por parte dos governos
e de suas políticas externas. Nesse contexto, a academia brasileira avançou,
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com a criação de dezenas de cursos de graduação e pós-graduação na área de
Relações Internacionais (Julião 2012; Miyamoto 2003; Miyamoto 1999). A própria
criação da Associação Brasileira de Relações Internacionais, em 2005, é também
manifestação visível deste crescimento (Santos & Fonseca 2009).
De acordo com Herz (2002), o estudo acadêmico de Relações Internacionais
no Brasil emergiu a partir dos anos 1970 e, diferentemente dos Estados Unidos e de
outros países, não surgiu da Ciência Política, mas da contribuição de historiadores,
cientistas políticos, especialistas em direito internacional e economistas, com a
maior parte da produção concentrada em inserção internacional do Brasil, embora
também se encontrassem trabalhos sobre o sistema internacional e economia
política internacional (Herz 2002). A autora, ao examinar a produção brasileira
sobre alguns temas contemplados pela área de Relações Internacionais, afirma
que “é possível revelar o duplo caráter da bibliografia produzida até final dos
anos 1980: a recuperação histórica e a prescrição quanto à política externa do
país” (Herz 2002, 08).
Nos anos 1990, com o fim da Guerra Fria e aceleração dos processos de
regionalização e globalização, a produção nacional em Relações Internacionais
experimentou crescimento acentuado. Nesta década, a maior parte da produção
acadêmica trata da inserção internacional do Brasil, da formulação de sua política
externa e de relações bilaterais, principalmente com os Estados Unidos e com a
Argentina (Herz 2002). A grande tendência identificada pela autora era a ausência
de um debate teórico próprio e da dificuldade em abstrair o normativismo nas
análises. Conforme a autora:
O panorama do estudo de relações internacionais no Brasil nos anos 90 é
a expressão de um investimento crescente, de uma maior capacidade de
absorção de instrumentos analíticos e de um interesse intenso. Contudo, não
participamos como polo ativo do debate teórico corrente, pouco contribuímos
para a compreensão dos processos políticos em curso e nosso silêncio
caminha em conjunção com a decadência de elementos normativos na
produção nacional. (Herz 2002, 29).
O diagnóstico elaborado pela autora instigou uma reflexão sobre os sentidos
da produção brasileira em Relações Internacionais, em especial se seria possível
identificar um debate teórico próprio e se o “normativismo” ainda poderia
ser encontrado nas pesquisas. Nesse sentido, são válidas as contribuições e
debates sugeridos por diversos autores, como Santos (2005), Cervo (2008), Racy
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(2008), Milani e Pinheiro (2013), Salomon e Pinheiro (2013), Ballestrin (2013) e
Ramanzini Jr e Farias (2021). Em suas abordagens, estes autores refletem sobre
a importação e produção teórica nacional o que, em geral, sinaliza importação
de teorias norte-americanas e, em menor medida, a manutenção de diálogo com
teorias produzidas na América Latina. Amado Cervo (2008), por exemplo, afirma
que o pensamento brasileiro aplicado às relações internacionais não chegou a se
transformar em teoria, mas se solidificou, com vinculação às teorias de relações
internacionais latino-americanas e com o tema do desenvolvimento como problema
epistemológico central. A partir dos anos 2000, com o desenvolvimento da área
no Brasil, ocorreu a diversificação das abordagens teóricas e metodológicas,
como apontam, por outro lado, Salomon e Pinheiro (2013).
Em 2001, havia apenas dois programas de mestrado em Relações
Internacionais no Brasil: na Universidade Nacional de Brasília (UnB) e na PUC
do Rio de Janeiro. A partir de 2003, ocorre a criação de dezenas de Programas
de Pós-Graduação em Relações Internacionais e um deslocamento da produção
sobre Política Externa Brasileira dos Programas de Pós-Graduação em História
para os de Relações Internacionais, área que passa a ser mais influenciada pela
proximidade com a Ciência Política (por exemplo, pertencendo à mesma área
de avaliação da CAPES e compartilhando os mesmos critérios Qualis de livros e
periódicos). Em 2019, havia 59 programas de pós-graduação na Área de Ciência
Política e Relações Internacionais da Capes, distribuídos em 18 programas de
Ciência Política, 17 de Políticas Públicas, 16 de Relações Internacionais e 8 de
Defesa/Estudos Estratégicos (CAPES, 2019). Diversos destes programas possuem
linhas de pesquisa em Política Externa Brasileira, marcando a institucionalização
e o espaço desta área de conhecimento.
A partir dos anos 1980, enquanto na História a influência era a tradição
francesa, em especial a História das Relações Internacionais, crescentemente
percebe-se a influência norte-americana na academia de Relações Internacionais
em formação no Brasil (Santos & Fonseca, 2009), assim como nos estudos de
política externa. A Análise de Política Externa (APE), como “campo” da Ciência
Política, por exemplo, tem como marco inicial o artigo de Richard Snyder, Henry
W. Bruck e Burton Sapin, Decision-Making as an Approach to the Study of
International Politics (1954). A partir dessa obra, os estudos de política externa
se desenvolveram em múltiplas possibilidades, tanto pela Ciência Política, como
abrangendo contribuições de diversas outras disciplinas (Hudson & Vore 1995). As
teorias de RI também influenciaram diretamente os estudos de política externa,
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seja com o liberalismo, o realismo, o construtivismo, bem como com as teorias
críticas derivadas do marxismo e inclusive do pós-positivismo (Salomón e Pinheiro
2013). No caso brasileiro, a influência das correntes teóricas de RI e de seus
debates são percebidos nos exemplos utilizados por Salomon e Pinheiro (2013),
como construtivismo, teoria do jogo de dois níveis (Putnam, 2010), realismo,
entre outros. Na década de 1980 e 1990, alguns pesquisadores realizaram seus
doutorados sobre Política Externa Brasileira com a utilização das teorias de
Análise de Política Externa (APE) desenvolvidas principalmente nos EUA. Neste
contexto, Maria Regina Soares de Lima (1990) e Letícia Pinheiro (1993) também
contribuíram para a disseminação de modelagens de Análise de Política Externa
para os estudos de Política Externa Brasileira.
Carlos Milani (2021), por outro lado, argumenta que os estudos de Relações
Internacionais no Brasil têm sido influenciados pela política externa e pelo
pensamento geopolítico, em especial a partir de 1945. As principais fontes de
interpretação de política externa estavam intimamente associadas aos diplomatas,
ao pensamento geopolítico militar, aos intelectuais de diversas origens disciplinares
e ao debate sobre o desenvolvimento nacional. A partir dos anos 1980, vem se
organizando a institucionalização dos estudos de Política Externa Brasileira.
Dentro de sua trajetória, as RI do Brasil têm sido influenciadas, entre outros, por
análise dos determinantes da política externa, interpretações históricas, estudo
dos componentes do poder estatal, estudos da diplomacia e sua contribuição
para o desenvolvimento do país, análise dos processos decisórios e, em menor
medida, por abordagens cognitivas (Milani 2021).
Já Guilherme Casarões (2018) identifica que os estudos tiveram sua origem no
debate público e governamental, antes que propriamente no ambiente acadêmico,
em meados dos anos 1950. O autor cita como marcos deste processo a criação do
Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB) e do Instituto Brasileiro de Relações
Internacionais (IBRI). Enquanto o ISEB manteve sua revista, Cadernos do Nosso
Tempo, por três anos (1953-1956), o IBRI lançou em 1958 a Revista Brasileira de
Política Internacional (RBPI), a mais antiga revista de relações internacionais do
Brasil e que é referência em estudos de Política Externa Brasileira (Casarões 2018).
Estas revistas e instituições, na sua criação, reverberaram em grande medida o
debate governamental sobre a inserção internacional do Brasil e as questões de
desenvolvimento. Casarões identifica a existência de quatro “ondas”: a primeira
onda se caracterizou como uma fase “descritiva-normativa”, e estava preocupada
com a melhor ação política; a segunda se refere ao desenvolvimento das primeiras
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abordagens acadêmico-científicas, já nos anos 1960 e 1970, buscando entender
traços comportamentais de atuação do país nas relações internacionais; a terceira
onda incluiria aspectos de análise das burocracias e se desenvolveu entre os
anos 1970 e 1980; e a quarta onda viria com a redemocratização brasileira, e
estaria engajada em compreender a relação entre atores não estatais e a política
externa (Casarões 2018). Esse conjunto de ondas não são exatamente sucessivas,
mas acrescentam e incorporam novos interesses e pluralidades na produção em
Política Externa Brasileira.
Neste processo, se reconhece que a produção acadêmica dos diplomatas
era bastante influente até os anos 1990, cuja produção ocorre até os dias atuais,
mas que cedeu espaço para a crescente produção acadêmica. De acordo com
Salomon e Pinheiro (2013):
Além disso, o fortalecimento da produção intelectual das comunidades
acadêmicas stricto sensu (em acréscimo à produção intelectual de diplomatas,
inicialmente muito influente) trouxe ângulos de visão bem mais receptivos
à hipótese da existência de dissenso e mesmo de conflito interno sobre
os rumos da política externa brasileira, interpretação em geral ausente da
produção de autoria dos diplomatas em vista de sua incompatibilidade
com o quadro cognitivo desses representantes dos interesses nacionais
(Salomon & Pinheiro 2013, 50).
Neste sentido, é importante pontuar que a participação de diplomatas
enquanto intelectuais”, escrevendo sobre a Política Externa Brasileira, tanto em
livros, como em artigos científicos ainda é expressiva (Pinheiro & Vedoveli 2012),
cujo tema também é objeto de reflexão em Fonseca Jr (2011). Salienta-se que
essa produção foi captada em parte pelo escopo de nossa pesquisa, na medida
em que muitos diplomatas cursam pós-graduação no Brasil.
No Brasil, a área de Relações Internacionais foi formada da contribuição
de diversas disciplinas, como História, Direito, Economia e Sociologia, mas
crescentemente a Ciência Política foi se tornando a principal referência, influenciado
certamente pelo tratamento conjunto nas avaliações da CAPES (Vigevani, Thomaz,
Leite 2016). Entretanto, até a década de 1990, a disciplina de História abrigou a
maior produção e renovação em estudos de Política Externa Brasileira, incorporando
métodos, teorias e problemas de pesquisa deste campo de estudo (Uziel & Santos
2019). Neste contexto, é interessante observar, não obstante o desenvolvimento
da área de Relações Internacionais (graduação e pós-graduação) a manutenção
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de pesquisas sobre Política Externa Brasileira em PPGs de História. Por isso,
esta pesquisa também aborda tendências recentes da historiografia brasileira e
análise de política externa do Brasil, considerando como recente a produção das
duas últimas décadas. Esse recorte se dá em função das mudanças estruturais
verificadas na produção neste período, com a ampliação dos programas de pós-
graduação, deslocamento disciplinar e novos interesses e agendas de pesquisa.
Ademais, é importante considerar a relação da pesquisa com o momento
em que foi produzida. A produção intelectual é determinada pela conjuntura
histórica vivenciada e pelo estado do conhecimento científico, no que tange a
categorias, metodologias e teorias. A própria área de História, no Brasil, recebeu
esta influência da “globalização e internacionalização” e de novas perspectivas
a partir da interlocução com a chamada “história global” sendo que podem,
inclusive, ser elencados três recentes dossiês discutindo o tema: A revista História,
Ciências, Saúde-Manguinhos com o dossiê Brasil in the Global Context (1870-
1945) (v.1, n. 21, 2014), Revista Brasileira de História, com o dossiê O Brasil na
História Global (v. 34, n. 68, 2014), a Revista Estudos Históricos Perspectivas
Globais e Transnacionais (v. 30, n. 60, 2017), que mostram uma ampla variedade
de produção de trabalhos históricos (Moreli 2018). Nesse mesmo sentido, o Grupo
de Trabalho (GT) de História das Relações Internacionais da Associação Nacional
de História (Anpuh) vem promovendo encontros e discussões de pesquisas de
história das relações internacionais, com muitos trabalhos dedicados à Política
Externa Brasileira (Lyra Jr & Martins 2020). A Associação Brasileira de Relações
Internacionais também possui um GT de História das Relações Internacionais, que
desde 2013 é responsável pela avaliação dos trabalhos de História das Relações
Internacionais submetidos aos seus Encontros e Seminários de Pós-Graduação.
Dessa forma, é necessário identificar, analisar e problematizar a produção
recente sobre Política Externa Brasileira como uma contribuição para discutir
seus avanços e impasses de interpretação. Busca-se, com isso, identificar lacunas
no conhecimento, diagnosticar tendências, identificar as áreas de concentração
e preferência, as interpretações mais polêmicas, a discussão sobre renovação
de métodos e técnicas de pesquisa, bem como a capacidade de autoavaliação
crítica (Godoy 2009). Assim, a questão central nesta pesquisa consiste em refletir
sobre o “estado da arte” da produção em Política Externa Brasileira, realizando
um balanço crítico e identificando suas características e tendências. Além disso,
propõe exatamente identificar as principais variáveis das transformações na
produção em Política Externa Brasileira.
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Nesse sentido, a pesquisa foi orientada através dos seguintes argumentos:
1) existem mudanças estruturais na produção brasileira de relações internacionais
que se desenvolvem exponencialmente a partir do final da década de 1990 e
que abarcam a ampliação do debate público sobre política externa e sobre
mercado de trabalho (profissionalização). Além disso, representam uma crescente
qualificação da pesquisa através da ampliação e da consolidação dos cursos de
pós-graduação; 2) houve um desenvolvimento teórico e metodológico na produção
de Política Externa Brasileira determinado tanto pelas condições políticas e sociais
do país, como pelo estado do desenvolvimento interno das ciências sociais;
3) as demandas do debate público sobre política externa influenciaram temas e
agendas dos pesquisadores, em especial sobre o tempo presente.
Desse modo, as décadas 2000 e 2010 aparecem para a produção de Relações
Internacionais brasileira como um momento de expansão profissional e educacional
no que tange à ampliação do mercado de trabalho e à consolidação dos cursos de
Graduação e pós-graduação e de políticas de apoio à pesquisa; e de transformações
e ampliação da temática de pesquisa, dados os interesses sociais condicionantes
e a conjuntura nacional e internacional. O resultado disso é um crescimento
vertiginoso de produção acadêmica na área de Relações Internacionais, da qual
a temática Política Externa Brasileira representa aproximadamente um terço. É
exatamente sobre essa produção, ocorrida nas primeiras duas décadas do novo
milênio, que esta pesquisa se debruça.
Metodologia para construção do corpus documental de teses
e dissertações
O esforço de pesquisa centrou-se, até a presente etapa, tanto em metodologia
quantitativa quanto qualitativa, utilizando as técnicas de revisão sistemática
de literatura e a pesquisa bibliográfica em bancos de dados. Realizou-se, em
um primeiro momento, uma leitura coordenada de textos selecionados que
constituem esforços para definir uma historiografia da área de Política Externa
Brasileira (Almeida 2006; Racy 2008; Barasuol & Silva 2016). Com isso, foi possível
demarcar as condições de emergência e realizar a delimitação das principais
questões referentes à produção de Política Externa Brasileira (PEB).
Na sequência, partiu-se para a delimitação do corpus documental e a formação
de um banco de dados. Nessa etapa, inicialmente utilizou-se das técnicas de revisão
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sistemática da literatura e organização de banco de dados. Formado o banco de
dados, foram calculadas as estatísticas básicas da evolução da produção em PEB
no Brasil e, a partir disso, procurou-se apreender as principais características
e tendências dessa produção. Na etapa inicial da pesquisa, realizou-se um
levantamento da produção nacional sobre Política Externa Brasileira em Programas
de Pós-Graduação em Relações Internacionais, História e Ciência Política.
Com objetivo de abarcar o maior número possível de teses e dissertações
produzidas no Brasil no período selecionado, construiu-se um banco de dados a
partir da busca na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) do Instituto
Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) e no Portal de Teses e
Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES). O levantamento da produção nacional sobre PEB em PPGs em RI,
História e Ciência Política teve como primeiro passo a seleção das palavras-chave
e de descritores da pesquisa. Foram selecionados, com base em bibliografia e
testes do material, os termos “Política Externa Brasileira”; “Inserção Internacional
do Brasil”; “Política Exterior Brasileira”; “Relações Internacionais do Brasil” e
“Diplomacia Brasileira”. Definidas as palavras-chave da pesquisa, foi realizada
uma busca avançada com operadores booleanos no Portal da CAPES e na BDTD, de
acordo com a compatibilidade e com ferramentas as disponíveis em cada base de
dados. Portanto, em cada uma das bases, foram testadas diferentes combinações
a fim de encontrar aquela que trouxesse um número de resultados mais relevante.
Na plataforma do IBICT, realizou-se uma busca avançada por proximidade,
selecionando um intervalo de 10 termos para a combinação das palavras-chave,
utilizando-se do operador booleano OR (ou)3. A partir dessa busca, chegou-se a
um total de 1215 teses e dissertações para o intervalo 2000-2019. Utilizando-se
da mesma gama de palavras-chave, realizou-se também uma busca no Portal
de Teses e Dissertações da CAPES. Nesse caso, utilizou-se o operador booleano
“+” entre os termos, e limitaram-se os resultados para o período determinado
(2000-2019)4. Chegou-se, assim, a um total de 858 resultados nesta plataforma.
Diante dos resultados encontrados, foram eleitos critérios de inclusão e de
exclusão manual desses trabalhos, selecionando apenas as teses e dissertações
3 Foi utilizada a seguinte combinação: "política externa brasileira"~10 OU "inserção internacional do brasil"~10
OU "política exterior brasileira"~10 OU "relações internacionais do brasil"~10 OU “diplomacia brasileira”~10.
O resultado pode ser conferido no link:
4 Foi utilizada a seguinte combinação: "Política Externa Brasileira"+"Inserção internacional do Brasil"+"política
exterior brasileira"+"relações internacionais do brasil"+"diplomacia brasileira".
A produção sobre política externa brasileira em Programas de Pós-Graduação no Brasil (2000-2019) [...]
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pertinentes à temática e ao escopo da pesquisa. Primeiramente, foram separados
para análise apenas as teses e dissertações defendidas em PPGs de História,
RI e Ciência Política, separando-os dos trabalhos provenientes de outras áreas
programáticas ou de mestrados profissionais. Porém, considerando a expressividade
das teses e dissertações provenientes de outros PPGs, tais resultados foram também
separados para análise posterior. A próxima etapa de separação dos resultados
foi a exclusão de todos aqueles trabalhos cujas temáticas apresentaram-se fora
do escopo temático esperado para a gama de palavras-chave buscada. Assim,
para os PPGs de História, Ciência Política e RI, foram selecionados como objeto
de estudo um total de 711 teses e dissertações provenientes da BDTD5 e 577 da
plataforma da CAPES6. Mesclando ambos os resultados, chegou-se a um total
de 945 teses e dissertações. Essa mesma exclusão dos trabalhos fora do tema e
mesclagem do resultado de ambas as bases de pesquisa foi feita também para os
trabalhos de outros PPGS – cujo resultado foi 270 trabalhos. Os 1215 resultados
obtidos a partir da junção das duas bases indicam a evolução da produção em
PEB ao longo das duas últimas duas décadas, e podem ser observados abaixo no
Gráfico 1. Já o Gráfico 2 apresenta a produção de teses e dissertações produzidas
nos PPGs em História, Ciência Política e Relações Internacionais – um total de
945 trabalhos, que são o foco do presente estudo.
Gráfico 1 – Teses e dissertações produzidas em PEB ao longo do tempo (2000-2019)
Fonte: elaborado a partir dos dados obtidos no Portal de Teses e Dissertações da Capes e na BDTD.
5 Na BDTD, os trabalhos provenientes de outros PPGs representam um total de 326 trabalhos, e os trabalhos
fora do tema ou duplicados representam um total de 159 resultados.
6 Na plataforma da Capes, os trabalhos provenientes de outros PPGs representam um total de 236 trabalhos e
os trabalhos cuja temática era discrepante representam um total de 45 resultados.
André Luiz Reis da Silva
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Gráfico 2 – produção em PEB nos PPGs de Hist., CP e RI (2000-2019)
Fonte: elaborado a partir dos dados obtidos no Portal de Teses e Dissertações da Capes e na BDTD.
A busca revelou também um grande número de trabalhos produzidos em
outras áreas disciplinares. Na BDTD, os trabalhos provenientes de outros PPGs
representam um total de 326 trabalhos e, na plataforma da Capes, os trabalhos
provenientes de outros PPGs representam um total de 236 trabalhos. Somados e
mesclados ambos os resultados e excluídos os trabalhos fora do tema7, chegou-se
a um total de 270 trabalhos, majoritariamente provenientes dos PPGs das áreas
de Ciências Sociais (21,5%), Direito (17,7%), Ciências Econômicas (16,3%),
Geografia (7,7%), Administração (5,9%), Sociologia (5,2%), Cultura e Sociedade
(4%), Saúde Pública (3,7%), Ciências Militares (3%) e Ciência da Comunicação
(2,6%). Os trabalhos provenientes destas áreas não serão objeto de análise
neste artigo, mas indicam que a política externa constitui objeto de estudo de
outras áreas disciplinares e ensejam pesquisas posteriores para verificar suas
características, tendências e possíveis diálogos interdisciplinares. As etapas de
refinamento dos dados e o resultado final podem ser observados na tabela e
nos gráficos abaixo:
7 Dentro da categoria “outros PPGs” foram excluídos 131 trabalhos da plataforma BDTD e 121 trabalhos da
plataforma Capes por estarem fora do tema. O resultado final de 270 trabalhos representa, portanto, a exclusão
dos trabalhos fora do tema em ambas as bases e também a mesclagem dos resultados selecionados.
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Tabela 1 – Resultado final PPGs selecionados + “Outros PPGS”
Trabalhos
BDTD
Trabalhos
CAPES
Teses (total,
após a
mesclagem)
Dissertações
(total, após a
mesclagem)
Mescla
dos
resultados
totais
História 81 123 50 119 169
Ciência Política 118 124 66 108 174
Relações Internacionais 512 330 105 497 601
Outros PPGS 214 11 5 76 194 270
Total de teses e dissertações 925 692 297 918 1215
Fonte: elaborado a partir dos dados obtidos no Portal de Teses e Dissertações da Capes e na BDTD.
Gráfico 3 – distribuição da produção em PEB por PPG
Fonte: elaborado a partir dos dados obtidos no Portal de Teses e Dissertações da Capes e na BDTD.
A partir dos gráficos apresentados, é possível afirmar que houve forte ampliação
da produção sobre Política Externa Brasileira em Programas de Pós-Graduação no
Brasil nos últimos 20 anos, com um total de 1215 trabalhos mapeados. Esta ampliação
corresponde diretamente à criação de Programas de Pós-Graduação em Relações
Internacionais a partir de 2003, que representam cerca de metade da produção
encontrada. Da mesma forma, a ampliação dos PPGs em outras áreas também
impactou a produção em PEB, em especial PPGs em Ciências Sociais, Direito e
Economia. Já a produção e participação dos PPGs em Ciência Política e História,
disciplinas tradicionalmente associadas, no Brasil, aos estudos de política externa,
se manteve constante. As repercussões em termos de agenda de pesquisa oriundas
do deslocamento da produção majoritariamente da área de História e Ciência
Política para Relações Internacionais deve ser objeto de análise e problematização.
André Luiz Reis da Silva
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Tendências recentes na produção: identificando recortes
cronológicos e temáticos
Para observar as principais transformações da produção sobre PEB no Brasil
em termos de agenda, foi utilizado o recorte cronológico e temático. Partindo
para uma análise mais específica dos dados coletados, buscou-se verificar qual
a temporalidade principal da produção sobre PEB em cada um desses PPGs – os
classificadores utilizados estão descritos na tabela 02. Já o gráfico 6 apresenta a
temporalidade principal das teses e dissertações no ano em que foram defendidas.
Tabela 2 – Classificador temporal, quantidade e percentual de teses e dissertações
(todos os PPGs)
Classificador Época Trabalhos Porcentagem
PR Primeiro Reinado (1822-1831) 5 0,4%
RG Regência (1831-1840) 1 0,1%
SR Segundo Reinado (1840-1889) 33 2,7%
RV República Velha (1889-1930) 45 3,7%
VG Vargas (1930-1945) 34 2,8%
POP Populismo (1946-1964) 65 5,4%
RM Regime Militar (1964-1985) 74 6,1%
PEB80-90 1985-2002 181 14,9%
PEBCONT 2003-2019 739 60,9%
SEMTEMP Temporalidade muito ampla ou impossível demarcar 38 3%
Total 1215 100%
Fonte: elaboração própria a partir dos dados obtidos no Portal de Teses e Dissertações da Capes e na BDTD.
Em relação à análise dos trabalhos por temporalidade, evidenciou-se
que aproximadamente sessenta por cento das teses e dissertações coletadas
centram sua análise na PEB contemporânea (recente, desde 2003), seguidas por
aproximadamente quinze por cento dos trabalhos abordando a PEB dos anos
1980 e 1990. Constatou-se que quanto maior o recuo temporal, menor o número
de teses e dissertações. Importante observar, como aponta o gráfico 4, que os
trabalhos referentes aos anos 1990 eram majoritários até 2005, dentro do mesmo
padrão em se pesquisar temas recentes. Essa proeminência de análises mais
conjunturais é válida tanto para os PPGs de RI e Ciência Política quanto para
a categoria “outros PPGs”. Já os PPGs de História concentram-se em análises
mais recuadas no tempo – mostrando, inclusive, uma tendência contrária ao
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comportamento geral: quanto maior o recuo temporal, mais teses e dissertações
sobre o período foram encontradas. Cabe também destacar que apenas cerca de
quatro por cento dos trabalhos provenientes dos PPGs de História abordavam temas
da PEB contemporânea. Nesse sentido, também será importante refletir sobre
as implicações nas abordagens teóricas e metodológicas com esse deslocamento
disciplinar da produção em política externa brasileira.
Gráfico 4 – Temporalidade principal da produção sobre PEB
ao longo do tempo (todos os PPGs)
Fonte: elaborado a partir dos dados obtidos no Portal de Teses e Dissertações da Capes e na BDTD.
Gráfico 5 – temporalidade principal da produção sobre PEB em PPGs
de Ciência Política ao longo do tempo (2000-2019)
Fonte: elaborado a partir dos dados obtidos no Portal de Teses e Dissertações da Capes e na BDTD.
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Gráfico 6 – temporalidade principal da produção sobre PEB nos PPGs
de História ao longo do tempo (2000-2019)
Fonte: elaborado a partir dos dados obtidos no Portal de Teses e Dissertações da Capes e na BDTD.
Gráfico 7 – temporalidade principal da produção sobre PEB nos PPGs
de Relações Internacionais ao longo do tempo (2000-2019)
Fonte: elaborado a partir dos dados obtidos no Portal de Teses e Dissertações da Capes e na BDTD.
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Gráfico 8 – temporalidade principal da produção sobre PEB em outros PPGs
ao longo do tempo (2000-2019)
Fonte: elaborado a partir dos dados obtidos no Portal de Teses e Dissertações da Capes e na BDTD.
O segundo classificador para identificar tendências da produção em política
externa brasileira foi temático. Para construção do classificador, utilizou-se
ampla bibliografia de manuais de política externa (Cervo & Bueno 2011; Silva
& Riediger 2016) e inferências a partir de Almeida (2006) e Salomon e Pinheiro
(2013). O classificador selecionou então 38 temas, como demonstrado na tabela 4.
O classificador foi aplicado no sistema de palavras-chave e títulos (em alguns
casos de dúvida, também foi realizada a leitura do resumo) da produção dos PPGS
em História, Ciência Política e Relações Internacionais, obtendo-se os dados da
tabela 03. Na tabela 04, foi realizado um cruzamento dos recortes cronológicos
por temática que tinham maior volume de produção.
André Luiz Reis da Silva
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Tabela 3 – Temáticas da produção em PEB (PPGs RI, CP e Hist.)
Código Total de trabalhos Distribuição em PPGS
África 49 RI: 36 / CP: 2 / HIS: 11
Amazônia 18 RI: 16/ CP: 2/ HIS: 0
América do Sul 118 RI: 83/ CP:21 / HIS:14
Argentina 34 RI:26 / CP:0 / HIS:8
Ásia 5 RI: 5/ CP: 0/ HIS: 0
BRICS 3 RI:2 / CP: 1/ HIS: 0
China 18 RI: 14/ CP: 3 / HIS: 1
Comparada 4 RI: 2/ CP: 1/ HIS: 1
Cultura 32 RI:12 / CP: 3 / HIS: 17
Defesa 56 RI: 41/ CP: 9/ HIS: 6
Diplomacia econômica 48 RI: 27 / CP: 14 / HIS: 7
Direitos Humanos 24 RI: 22 / CP: 1 / HIS: 1
Ciência e Tecnologia 21 RI: 16 / CP: 3 / HIS: 2
Emergentes 14 RI: 7/ CP:6/ HIS: 1
Energia 22 RI: 18 / CP: 3/ HIS: 1
EUA 53 RI: 28 / CP: 7 / HIS: 18
Europa 23 RI: 12 / CP: 0 / HIS: 11
Feminismo 5 RI: 5/ CP: 0/ HIS: 0
Fronteiras 11 RI: 5/ CP: 2/ HIS: 4
Geopolítica 4 RI: 2/ CP: 0/ HIS: 2
Guerra 13 RI: 3 / CP: 1 / HIS: 9
Imigração 13 RI: 11 / CP: 1 / HIS: 1
Meio Ambiente 17 RI: 14 / CP: 3 / HIS: 0
Mercosul 27 RI: 18 / CP: 8 / HIS: 1
Missões Paz 11 RI: 7 / CP: 3 / HIS: 1
Movimentos Sociais 0 RI: 0 / CP: 0 / HIS: 0
Multilateralismo 42 RI: 30 / CP: 5/ HIS: 7
ONU 19 RI: 18/ CP: 1/ HIS: 0
Oriente Médio 21 RI: 12 / CP: 5 / HIS: 4
Outros 7 RI: 2 / CP: 3 / HIS: 2
Paradiplomacia 27 RI: 17/ CP: 3 / HIS: 7
Parlamento 25 RI: 11 / CP: 11 / HIS: 3
Política externa Governo 35 RI: 25 / CP: 8 / HIS: 1
Prata 10 RI: 3 / CP: 0 / HIS: 7
Processo decisório 64 RI: 26 / CP: 20 / HIS: 18
Saúde 3 RI: 2 / CP: 0 / HIS: 1
Sul-Sul 31 RI: 18 / CP: 13 / HIS: 0
Teoria e Método 16 RI: 12 / CP: 4 / HIS: 0
Fonte: elaborado a partir dos dados obtidos no Portal de Teses e Dissertações da Capes e na BDTD.
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Tabela 4 – Recorte cronológico dos trabalhos em temáticas selecionadas (Hist., CP, RI)
América
do Sul
EUA Argentina África Defesa Diplomacia
Econômica
Multilate-
ralismo
Processo
decisório
Europa
PR 1 0 0 1 0 1 0 0 1
RG 0 0 0 0 0 0 0 0 1
SR 2 1 2 2 2 0 1 3 4
RV 0 7 3 0 2 0 3 8 1
VG 4 6 0 0 2 1 1 4 0
POP 4 13 5 2 1 3 3 6 2
RM 7 6 4 6 7 3 0 10 4
PEB80-90 12 5 11 6 7 7 11 8 2
PEBCONT 88 15 9 32 30 33 21 23 6
SEMTEMP 0 0 0 0 4 0 2 2 1
Total 11 8 53 34 49 55 48 42 64 22
Fonte: elaborado a partir dos dados obtidos no Portal de Teses e Dissertações da Capes e na BDTD.
Em relação à análise temática dos resultados, a tabela 03 aponta que os
classificadores que mais se destacaram em número de trabalhos são concernentes,
sucessivamente, a relações Brasil-América do Sul, Processo Decisório e Formulação
da PEB, Política Externa de Defesa, relações Brasil-EUA e relações Brasil-África.
Nos PPGs de Ciência Política, destacaram-se as análises acerca das relações
Brasil-América do Sul e as de Processo Decisório e Formulação da PEB. Nos
PPGs de História, destacaram-se as análises de Processo Decisório e Formulação
da PEB, relações Brasil-EUA e relações Brasil-América do Sul. Nos PPGs de RI,
destacaram-se os seguintes classificadores: relações Brasil-América do Sul, Política
Externa de Defesa, relações Brasil-África. Conforme pode ser observado, há uma
forte relação entre os interesses de pesquisa com as agendas, temas e prioridades
governamentais. Um exemplo marcante é a expressiva produção sobre política
externa brasileira para América do Sul nos anos 2000, o que consistiu em uma
prioridade da política externa do Governo Lula (Silva 2015).
Na tabela 04, a qual cruza recortes cronológicos por temática, nas temáticas
que tinham maior volume de produção, é possível observar os temas de maior
interesse em cada época e que guardam relação com a agenda governamental
do período. Convém posteriormente problematizar como os focos da diplomacia
brasileira na primeira década, tais como América do Sul e a África (Silva 2015),
refletiram em uma densidade maior de estudos nos PPGs de Relações Internacionais
e Ciência Política. Da mesma forma, será importante refletir como a expansão
André Luiz Reis da Silva
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do uso de teorias de Análise de Política Externa e o contexto brasileiro de
“pluralização de atores” (Milani & Pinheiro 2013) influenciaram os estudos sobre
processo decisório em PEB.
Considerações finais
Com o fim da Guerra Fria e a aceleração do processo de globalização e com
a ampliação do mercado de trabalho, abrangendo diversos setores, bem como o
interesse em formação tanto de graduação, como de pós-graduação, ocorreu uma
ampliação do interesse na área de Relações Internacionais. Da mesma forma, o
interesse público sobre o tema, aliado ao aumento do debate na grande imprensa,
resultou no aumento do número de publicações e de encontros científicos. Assim,
as décadas 2000 e 2010 aparecem para a produção de Relações Internacionais
brasileira como um momento de expansão profissional e educacional, no que tange
à ampliação do mercado de trabalho e à consolidação dos cursos de Graduação
e pós-graduação e de políticas de apoio à pesquisa; e de temática de pesquisa,
dados os interesses sociais condicionantes. O resultado foi um crescimento
vertiginoso de produção acadêmica na área de Relações Internacionais, da qual
a política externa brasileira representa aproximadamente um terço. Levantar
essa produção em política externa brasileira e promover uma reflexão sobre suas
tendências constituiu o objetivo deste artigo.
A busca avançada no Portal de Teses e Dissertações da CAPES e na plataforma
da BDTD teve como resultado um total de 2065 trabalhos mapeados. A aplicação
de critérios de inclusão e exclusão desse montante teve como resultado a criação
de um banco de dados com um total de 1215 teses e dissertações produzidas
no Brasil sobre PEB para o período de 2000 a 2019. A quantificação das Teses
e Dissertações e a elaboração de gráficos e tabelas com a evolução de cada um
dos classificadores ao longo do tempo, bem como o refinamento destes a partir
de sua delimitação temporal e temática, permitiram visualizar as principais
tendências de produção na área.
Dentre as principais constatações apreendidas até o momento, cabe destacar,
primeiramente, um expressivo aumento da produção em PEB, destacadamente
a partir de 2011. Os resultados confirmam que o aumento da produção sobre
PEB foi concomitante e proporcional à expansão da pós-graduação em Relações
Internacionais no Brasil. Entretanto, apesar dessa expressiva expansão, cerca de
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metade da produção em PEB na forma de teses e dissertações ocorreu em PPGs
de outras disciplinas (principalmente História e Ciência Política), o que enseja
reflexões sobre as abordagens metodológicas, referenciais teóricos e agendas
de pesquisa.
Em segundo lugar, verifica-se que os temas de pesquisa são fortemente
condicionados pela priorização do “tempo presente”, pela agenda governamental
e pelo contexto internacional. Há uma forte tendência em se pesquisar os temas
em evidência (pelos governos ou pela “opinião pública”), o que traz à tona um
dilema: se, por um lado, há uma resposta imediata às demandas da sociedade,
por outro, a agenda de pesquisa não é regular e possui diversas lacunas e
descontinuidades, além da sobreposição, em alguns casos repetitiva, de pesquisas.
Há uma expressiva concentração em alguns temas e há grandes lacunas em outros.
Enquanto um dilema, não possui uma resposta definitiva, mas proporciona a
reflexão sobre esta condição, o que pode trazer luz para escolhas pessoais e
institucionais na construção de agendas de pesquisa.
Finalizando, a partir da análise do banco de dados formulado, foi possível
identificar os principais recortes temáticos e cronológicos na produção em
PEB nos Programas de Pós-Graduação brasileiros ao longo das duas últimas
décadas, e observar características e tendências. Tais resultados indicam que a
análise aprofundada dessa base de dados permitirá também identificar e discutir
criticamente quais as principais linhas teóricas, metodológicas e potenciais de
inovação na produção na área, fornecendo instrumentos para repensar a produção
sobre PEB no Brasil e para contribuir para seu desenvolvimento.
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Disponível em
:
<https://cartainternacional.abri.org.br/Carta/article/view/553>.