Edmilson Milan; Silvia Regina Ferabolli; Alexandre Gonçalves
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 18, n. 2, e1305, 2023
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sociedade(s), cultura(s) e política” da PUC-Minas, além das publicações e eventos
culturais promovidos pela BibliASPA, Editora Tabla e ICArabe, constituem hoje
os alicerces do que pode vir a ser um importante pilar da parceria estratégica
árabe-brasileira: a promoção do conhecimento sobre o Mundo Árabe – suas
histórias, suas culturas, suas economias, suas políticas externas, suas relações
regionais e internacionais, sempre plurais e impossíveis de serem sintetizadas
em uma expressão tão imprecisa como “cultura de negócios árabes”.
Muito embora a quantidade de empresas exportadoras brasileiras seja
considerada pequena
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, há milhares dessas que persistem nessa atividade e
possuem experiência suficiente para avançar para mercados considerados distantes,
conforme os preceitos da teoria de Uppsala. O argumento neste sentido é de
que há milhares de empresas brasileiras que, após iniciarem suas atividades
exportadoras, continuam exportando, de forma persistente. Por exemplo, no Rio
Grande do Sul, das 3.980 empresas que começaram a exportar, entre 1999 e 2006,
242 permanecem exportando atualmente (MDIC 2017; ME 2022b; ME 2022c).
Utilizando-se o setor de frutas como exemplo, nota-se o potencial existente de
exportações de PMEs para o Mundo Árabe. Em 2017, Emirados Árabes Unidos,
Arábia Saudita, Egito, Argélia e Omã importaram US$ 4,4 bilhões em frutas, sendo
somente US$ 19,5 milhões do Brasil, setor no qual há diversas PMEs atuantes
no país, muitas das quais já iniciaram suas trajetórias exportadoras.
Dados como esse confirmam que há espaço para que mais empresas brasileiras,
nos mais diversos setores, busquem novos mercados em países integrantes da
Liga Árabe. Para tanto, o governo brasileiro poderia ser mais sensível ao fato de
que um dos principais inibidores das exportações de PMEs é a dificuldade para
conceder crédito aos clientes externos, ou seja, exportar concedendo prazo de
pagamento ao importador estrangeiro, sem a garantia de pagamento no vencimento
por parte do importador (ALAVI; KERIKMÄE 2018). Na verdade, há bancos árabes
que tradicionalmente garantem o pagamento para as exportadoras brasileiras por
meio do mecanismo financeiro da Carta de Crédito. Adicionalmente, considerando
as atuais dificuldades operacionais da Agência Brasileira Gestora de Fundos
Garantidores e Garantias (ABGF 2021), incluída no programa de desestatização
do governo brasileiro, há a possibilidade de utilização da sistemática de seguro
de crédito, disponibilizado inclusive para empresas não-árabes, pela DHAMAN
– The Arab Investment and Export Credit Guarantee Corporation. Fundada em
8 Segundo as estatísticas do Cadastro Central de Empresas (IBGE), havia 5.239.249 empresas no Brasil em 2019.
Somente 22.849 tiveram alguma atividade exportadora naquele ano, representante 0,4% do total de empresas.