Edmilson Milan; Silvia Regina Ferabolli; Alexandre Gonçalves
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 18, n. 2, e1305, 2023
1-22
Relações econômicas entre
o Brasil e o Mundo Árabe: sobre a
ampliação do comércio, a garantia da
segurança alimentar e a construção
de parcerias estratégicas
Economic relations between Brazil
and the Arab World: on trade expansion,
food security and strategic partnership
Relaciones económicas entre Brasil y el
Mundo Árabe: sobre la expansión del
comercio, la garantía de la seguridad
alimentaria y la creación de alianzas
estratégicas
DOI:10.21530/ci.v18n2.2023.1305
Edmilson Milan
1
Silvia Regina Ferabolli
2
Alexandre Gonçalves
3
Resumo
Este artigo demonstra como a construção de uma parceria
estratégica entre o Brasil e o Mundo Árabe pode atingir o duplo
objetivo de ampliar o comércio internacional brasileiro e contribuir
1 Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Estudos Estratégicos Internacionais
da UFRGS. Professor de disciplinas relacionadas a Negócios e Relações
Internacionais na Univates – Rio Grande do Sul.
(edmilan11@hotmail.com). ORCID: http://orcid.org/0000-0001-6246-0190
2 Doutora em Política Internacional pela Escola de Estudos Orientais e Africanos
da Universidade de Londres (SOAS). Coordenadora do Programa de Pós-
Graduação em Estudos Estratégicos Internacionais da UFRGS.
(silviaferabolli@gmail.com). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0589-3998
3 Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Estudos Estratégicos Internacionais
da UFRGS. Professor da Escola de Comando e Estado-Maior da Aeronáutica. Oficial do
Magistério do Ensino Superior de Relações Internacionais da Força Aérea Brasileira.
(goncalvesag@fab.mil.br). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7083-6618
Artigo submetido em 22/09/2022 e aprovado em 29/05/2023.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
RELAÇÕES INTERNACIONAIS
ISSN 2526-9038
Copyright:
This is an open-access
article distributed under
the terms of a Creative
Commons Attribution
License, which permits
unrestricted use,
distribution, and
reproduction in any
medium, provided that
the original author and
source are credited.
Este é um artigo
publicado em acesso aberto
e distribuído sob os termos
da Licença de Atribuição
Creative Commons,
que permite uso irrestrito,
distribuição e reprodução
em qualquer meio, desde
que o autor e a fonte
originais sejam creditados.
Relações econômicas entre o Brasil e o Mundo Árabe [...]
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 18, n. 2, e1305, 2023
2-22
para a segurança alimentar dos países árabes. Fazendo uso de uma metodologia simples,
mas rigorosa, de análise de documentos, o artigo conclui que uma parceria estratégica
poderia alavancar as relações comerciais e econômicas árabe-brasileiras e que o Brasil deve
investir no potencial exportador das pequenas e médias empresas, as quais podem vir a
promover a necessária diversificação da pauta de exportações do país para o Mundo Árabe.
Palavras-chave: Comércio Árabe; Estratégia; PMEs.
Abstract
This article demonstrates how the construction of a strategic partnership between Brazil
and the Arab World can achieve the dual objective of increasing Brazilian international
trade and contributing to the food security in the Arab countries. Using a simple and yet
rigorous document analysis methodology, the article concludes that a strategic partnership
could upgrade Arab-Brazilian trade and economic relations and that Brazil should invest
in the export potential of small and medium-sized companies, which may promote the
necessary diversification of the country’s exports to the Arab World.
Key-words: Trade Arab; Strategy; SMEs.
Resumen
Este artículo demuestra cómo la construcción de una asociación estratégica entre Brasil
y el Mundo Árabe puede lograr el doble objetivo de aumentar el comercio internacional
brasileño y contribuir a la seguridad alimentaria de los países árabes. Haciendo uso de
una metodología sencilla pero rigurosa de análisis documental, el artículo concluye que
una asociación estratégica podría apalancar las relaciones comerciales y económicas
árabe-brasileñas y que Brasil debería invertir en el potencial exportador de las pequeñas y
medianas empresas, lo que puede promover la necesaria diversificación de las exportaciones
del país al Mundo Árabe.
Palabras clave: Negocio Árabe; Estratégia; PMEs
Edmilson Milan; Silvia Regina Ferabolli; Alexandre Gonçalves
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 18, n. 2, e1305, 2023
3-22
Introdução
A constante busca pela liberação comercial promovida pela Organização
Mundial do Comércio (OMC), a ampliação dos acordos de blocos econômicos e um
maior interesse das empresas por mercados globais são fatores que têm influenciado
no rápido crescimento do comércio internacional nas últimas décadas. Entre 1995
e 2021, o comércio internacional de bens e serviços saltou de US$ 6.3 trilhões
para US$ 27.3 trilhões (World Trade Organization 2015; 2022 ). A participação dos
países do Sul Global foi fundamental para este incremento, já que as exportações
de mercadorias realizadas por estes países, que representavam aproximadamente
27% do total exportado pelo mundo em 1993, alcançaram relevantes 47,5% das
exportações mundiais em 2021 (World Trade Organization 2022).
Entretanto, o Brasil permanece apresentando uma participação modesta
no comércio internacional, ocupando somente a vigésima quinta posição entre
exportadores globais no ranking da OMC, representando cerca de 1,3% do
total exportado mundialmente em 2021. Esses números são verdadeiros mesmo
verificando-se o forte incremento nas exportações brasileiras para China,
notadamente commodities, que eram de US$ 779 milhões em 1993 e atingiram
US$ 87,9 bilhões em 2021, representando 32% do total exportado pelo Brasil
em 2021 (ME 2022).
Historicamente, as exportações brasileiras concentram-se em poucos produtos,
notadamente relacionados à indústria extrativa, à agropecuária e a produtos da
indústria da transformação relacionados ao agronegócio. Nesse sentido, em 2021,
as exportações de minério de ferro (16%) e óleos brutos de petróleos ou minerais
betuminosos crus (11%) representaram 27% do total das exportações brasileiras.
Na agropecuária, a soja (14%), o café não torrado (2,1%), o milho (1,5%), e o
algodão em bruto (1,2%) participaram com 18,8% das vendas externas do Brasil
no mesmo ano. E, por fim, os principais produtos da indústria da transformação,
relacionados ao agronegócio brasileiro4, representaram 16,4% das exportações
brasileiras em 2021. Estes produtos supracitados responderam por 64,1%5 do
4 Açúcares e melaços (3,3%), carne bovina resfriada ou congelada (2,8%), farelos de soja (2,8%), carnes de
frango e suas miudezas (2,5%), e celulose (2,4%).
5 Adicionando também os óleos combustíveis de petróleo ou de minerais não betuminosos (2,6%) e ouro não
monetário (1,9%), que são considerados produtos da indústria da transformação, relacionados à indústria
extrativa.
Relações econômicas entre o Brasil e o Mundo Árabe [...]
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 18, n. 2, e1305, 2023
4-22
total exportado pelo Brasil no ano de 2021, o que revela a forte concentração
das exportações brasileiras em poucos produtos não manufaturados (ME 2022a).
Os dados relacionados aos principais destinos das vendas externas do
Brasil também indicam forte concentração: em 2021, os dez maiores países
importadores do Brasil compraram US$ 175,2 bilhões em mercadorias brasileiras,
representando 62,4 % do total das exportações do país. Desse total, US$ 14,4
bilhões foram exportados para os 22 países membros da Liga de Estados Árabes
(LEA), considerados, em conjunto, como o terceiro maior destino das exportações
brasileiras (Monitor Mercantil 2020; ANBA 2020; UXCOMEX 2021).
De acordo com o último relatório da Organização das Nações Unidas para
Agricultura e Alimentação (FAO 2021), os 22 países que constituem o Mundo
Árabe, ou a região árabe, enfrentam hoje a realidade de ter pelo menos um terço
de sua população, estimada em mais de 400 milhões de habitantes, vivendo em
situação de insegurança alimentar. Isso significa que mais de 30% da população
não tinha acesso regular a alimentos suficientes e nutritivos no ano de realização
da pesquisa da FAO – 2020.
Certamente, o impacto econômico da COVID-19 e as mudanças climáticas
são fatores importantes para compreender o aumento dos níveis de insegurança
alimentar nos últimos anos no Mundo Árabe. Contudo, as crises prolongadas
na Síria, Líbia, Iêmen e Líbano, além da pobreza extrema que assola vários
países da região (como a Somália e o Sudão), resultado direto de conflitos cujas
origens e desenvolvimento são, muitas vezes, determinadas por forças externas,
continuam sendo uma das principais causas da fome na região”, afirmou
Abdulhakim Elwaer, representante da FAO (MEMO 2021).
Essa situação de vulnerabilidade em termos de acesso contínuo e confiável
a alimentos é o que leva os chefes de Estado árabes a buscar no Brasil as
commodities alimentícias capazes de nutrir suas populações, especialmente
em termos de proteína animal. Contudo, a enorme distância entre a região
sul-americana e aquela árabe, as limitações de infraestrutura portuária e de
transporte, além dos entraves burocráticos (como dupla-tributação) e da ausência
de instituições financeiras brasileiras operando no Mundo Árabe6 (e vice-versa)
impedem o adensamento do comércio bilateral árabe-brasileiro (CCAB 2020).
Se as relações do Mundo Árabe com a China já foram elevadas para a categoria
6 Não há nenhuma agência/escritório de representação de banco brasileiro em países do LEA; no Brasil, há
somente o Banco ABC, controlado pelo Arab Banking Corporation, e um escritório de representação do First
Abu Dhabi Bank em São Paulo (SP).
Edmilson Milan; Silvia Regina Ferabolli; Alexandre Gonçalves
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 18, n. 2, e1305, 2023
5-22
de “parceria estratégica de cooperação abrangente e desenvolvimento comum”,
como anunciou o presidente Xi Jinping durante a cerimônia de abertura da oitava
reunião ministerial do Fórum de Cooperação China-Estados Árabes, em julho
de 2018 (MFA 2018), seria o caso de o Brasil considerar algo nesse sentido, se
pretende manter cativo esse mercado de mais de 400 milhões de consumidores
e estreitar suas relações com seu terceiro maior destino de exportações – o
Mundo Árabe.
Ante o exposto, surge a seguinte indagação: a necessidade brasileira de
ampliar sua participação no comércio internacional e a exigência do Mundo
Árabe de garantir sua segurança alimentar podem se constituir como bases de
sustentação para a construção de uma parceria estratégica entre o Brasil e o
Mundo Árabe? Esse é o problema que guia essa pesquisa, cuja contribuição para o
desenvolvimento dos estudos de Relações Internacionais repousa mais nos dados
empíricos que traz sobre as relações econômico-comerciais árabe-brasileiras do
que uma discussão mais aprofundada sobre as teorias da cooperação internacional.
Entende-se o conceito de parceria estratégica conforme aquele definido por Tyushka
e Czechowska (2019, 11), segundos os quais “em Relações Internacionais, as
parcerias estratégicas são um modo emergente de engajamento internacional e um
vetor de associação de política externa em um mundo policêntrico (multipolar,
multinodal, pós-bi/unipolar) e poli-agencial (multi-poder, multi-ator, multi-
agência)”. Michalsky (2019 ) complementa essa definição, explicando que esse
tipo de parceria é caracterizada como um ato político deliberado de concertação
entre Estados visando explorar interações bilaterais com a finalidade de atingir
objetivos de ordem social, reputacional ou ideológica. Essa interação, portanto,
molda relações já existentes e conflui para a atuação concertada entre os entes
em organizações internacionais, além de criar novas relações entre os parceiros,
visando, através do aprofundamento de laços, o alcance de propósitos comuns.
Em termos de método, essa é uma pesquisa fundamentalmente documental,
ancorada em pesquisa bibliográfica. As informações referentes às exportações
brasileiras foram obtidas junto ao site do Ministério da Economia do Brasil,
enquanto os dados de exportação e importação dos países da Liga Árabe foram
extraídos da International Trade Statistics Yearbook, da Organização das Nações
Unidas, e apresentados conforme o ano mais recente disponível de cada país
na referida publicação. Dados disponibilizados pela Câmara de Comércio
Árabe-Brasileira (CCAB) e pela Agência de Notícias Brasil-Árabe (ANBA) foram
amplamente utilizados como fontes de informações sobre as relações bilaterais
Relações econômicas entre o Brasil e o Mundo Árabe [...]
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 18, n. 2, e1305, 2023
6-22
e complementados com informações encontradas junto aos sites do Banco
Mundial e da United Nations Economic and Social Commission for Western
Asia (ESCWA). Em linhas gerais, o artigo conclui que i) a demanda brasileira
de ampliar sua participação no comércio internacional e o imperativo árabe de
garantir sua segurança alimentar podem se constituir como bases de sustentação
para a construção de uma parceria estratégica entre o Brasil e o Mundo Árabe;
ii) o Brasil deve mobilizar sua capacidade econômica e diplomática para construir
uma parceria estratégica com os países árabes em moldes similares àquele
que a China já vem engendrando desde 2004, ano de lançamento do Fórum
de Cooperação sino-árabe; iii) o Brasil deve investir no potencial exportador
das pequenas e médias empresas, as quais podem vir a promover a necessária
diversificação da pauta de exportações do país para a região árabe.
A evolução das relações comerciais entre
o Brasil e o Mundo Árabe
A balança comercial entre o Brasil e os países árabes tem demonstrado
incremento constante. Conforme visto no Quadro 1, entre os anos 2000 e 2021,
houve uma importante elevação do comércio bilateral, com o fluxo de comércio
saltando de US$ 4,3 bilhões em 2000 para US$ 24,2 bilhões em 2021.
Quadro 1 – Balança Comercial entre o Brasil e os Países da Liga Árabe
em 2000, 2010, 2020 e 2021 – em milhões de US dólares
Fluxo/ano 2000 2010 2020 2021
Exportações 1.497,5 12.474,5 11.436,3 14.432,2
Importações 2.883,8 6.966 5.376,1 9.825,6
Fluxo Comercial 4.381,3 19.440,5 16.812,4 24.257,8
Fonte: Elaboração própria a partir de dados fornecidos no site do Ministério da Economia para os anos de 2000 a 2021.
Conforme dados do Ministério da Economia, as exportações brasileiras para
os países árabes representaram 2,72 % do total das exportações brasileiras em
2000 e 5,14 % em 2021. A importância desse crescimento percentual ocorrido
entre 2000 e 2021 é reforçada quando se considera que, durante esse mesmo
período, houve significativo e exponencial crescimento das importações chinesas
de produtos brasileiros (US$ 1,08 bilhão em 2000 para US$ 87,9 bilhões em 2021),
Edmilson Milan; Silvia Regina Ferabolli; Alexandre Gonçalves
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 18, n. 2, e1305, 2023
7-22
ou seja, o fato da China ter se colocado firme na liderança de maior importador
brasileiro, a partir de 2009, não impediu os países árabes de aumentar a sua
margem de participação no total das exportações globais do Brasil. O Quadro
2, abaixo, revela os dez principais destinos das exportações brasileiras para o
Mundo Árabe nos anos 2000, 2010, 2020 e 2021. Ressalta-se que todos os 22
países que constituem a região importaram produtos brasileiros.
Quadro 2 – Dez principais destinos das exportações brasileiras – LEA
Posição/ano 2000 2010 2020 2021
Primeiro Arábia Saudita Arábia Saudita EAU EAU
Segundo Egito Egito Arábia Saudita Arábia Saudita
Terceiro EAU EAU Egito Egito
Quarto Marrocos Argélia Argélia Bahrein
Quinto Iêmen Marrocos Omã Omã
Sexto Bahrein Bahrein Bahrein Argélia
Sétimo Líbano Síria Marrocos Marrocos
Oitavo Líbia Líbia Iraque Iraque
Nono Argélia Iêmen Iêmen Líbia
Décimo Kuweit Kuweit Catar Tunísia
Fonte: Elaboração própria a partir de dados fornecidos no site do Ministério da Economia para os anos de 2000 a 2021.
Em 2020, as importações globais dos países do LEA alcançaram os US$
709,6 bilhões, sendo os países integrantes do Conselho de Cooperação do Golfo
(CCG), a saber, Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos, Kuwait
e Omã, responsáveis por pelo menos US$ 428,8 bilhões dessas importações. Esses
números não causam surpresa, visto que essa sub-região, dentro do Mundo Árabe,
abriga os grandes exportadores de petróleo árabe, alguns dos quais figuram na
lista das maiores economias do mundo, sejam em termos de PIB, como a Arábia
Saudita, ou PIB per capita, como os Emirados Árabes Unidos.
Os dados revelados pelo Quadro 3 também evidenciam uma concentração
excessiva da pauta exportadora brasileira para os países árabes, sendo que
88,63% do total exportado pelo Brasil para aqueles países, em 2021, resumiram-
se a apenas dez produtos.
Relações econômicas entre o Brasil e o Mundo Árabe [...]
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 18, n. 2, e1305, 2023
8-22
Quadro 3 – Principais produtos exportados pelo Brasil para os países da LEA em 2021
Mercadoria Valores em
milhões de US$
% sobre o
total exportado
Minério de Ferro 3.830,6 26,5 %
Açúcar 2.760,4 19,1%
Carne de frango e suas miudezas, congelados 2.410,9 16,7%
Milho 1.047,7 7,2%
Soja e seus derivados, inclusive bagaço 901 6,2%
Carne bovina, refrigerada e congelada 882,4 6,1%
Ouro em barras (inclusive bulhão dourado) 452,6 3,1%
Café ver descrição 229,6 1,6%
Pastas químicas de madeira 171,5 1,2%
Outros trigos ou tabaco 105 0,7%
Fonte: Elaboração própria a partir de dados fornecidos no site do Ministério da Economia para os anos de 2000 a 2021.
Os dez produtos destacados pelo Quadro 3 definitivamente integram as
principais mercadorias da pauta exportadora brasileira e representam setores nos
quais o Brasil possui reconhecidos diferenciais competitivos. No que se refere
aos produtos do agronegócio, a complexidade da cadeia produtiva proporciona
empregos e renda, pois envolve milhares de produtores que alcançam seus
produtos para a indústria processadora e exportadora final. De qualquer maneira,
é necessário esclarecer que estes dez produtos são notoriamente exportados
por grandes corporações7 brasileiras. A centralidade das grandes empresas nas
exportações brasileiras não provoca espanto, na medida em que essas normalmente
têm suas atividades amparadas por estruturas robustas de produção, possuem
maior capacidade financeira e, muitas vezes, apresentam larga experiência em
mercados estrangeiros.
A pauta de produtos brasileiros exportados para o Mundo Árabe é concentrada;
os países árabes que importam volumes significativos do Brasil são limitados; e as
empresas brasileiras responsáveis por essas exportações são poucas. Mesmo assim,
os 22 países membros da LEA ainda representam o terceiro maior destino das
exportações globais brasileiras. Não resta dúvida de que uma maior aproximação do
7 Não há consenso na literatura mundial sobre definição de porte de empresa. A Organização para a Cooperação
e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) utilizam o mesmo
parâmetro para definição do porte de empresas: estabelecimentos que possuem entre 10 a 49 empregados
como empresa de pequeno porte; estabelecimentos que possuem entre 50 a 249 empregados como empresa
de porte médio; e estabelecimentos que empreguem mais de 250 pessoas como empresa grande porte.
Edmilson Milan; Silvia Regina Ferabolli; Alexandre Gonçalves
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 18, n. 2, e1305, 2023
9-22
governo brasileiro com os países árabes – em moldes similares àquela promovida
pela China, na esfera da parceria estratégica – é crucial para estreitar os laços
árabes-brasileiros. Para tanto, o adensamento das já existentes relações culturais,
sociais e econômicas, além daquelas comerciais, entre o Brasil e o Mundo
Árabe, é condição necessária para a expansão de negócios brasileiros com a
região árabe. O sucesso de tal empreitada poderá contribuir para a redução da
sino-dependência das exportações brasileiras, fato que tem preocupado algumas
entidades de classe no Brasil (ver DEAGRO/FIESP 2020 e Valor Econômico 2020).
Da mesma forma, a insegurança alimentar árabe também pode ser mitigada via
estratégias potentes de cooperação com o Brasil, segundo maior exportador de
grãos e carnes do mundo (EMBRAPA 2021).
A busca pela segurança alimentar no Mundo Árabe foi o tema central da
segunda Cúpula de Desenvolvimento Econômico e Social Árabe, realizada em
Sharm el-Sheikh, no Egito, em 2011. Nesta cúpula, os líderes árabes afirmaram
seu compromisso com estratégias de desenvolvimento, reconhecendo que
a segurança alimentar era uma prioridade para seus países e que uma nova
abordagem deveria ser desenvolvida para alcançá-la. Eles também enfatizaram que a
segurança hídrica deveria ser uma prioridade da ação árabe conjunta nos próximos
anos para combater os efeitos das mudanças climáticas (WORLD BANK 2011).
É no binômio segurança alimentar e segurança hídrica que o Brasil pode vir a
desenvolver um papel preponderante no desenvolvimento econômico e social
árabe. Daí a importância da evolução das relações bilaterais árabe-brasileiras
das trocas comerciais para a parceria estratégica – tema a ser desenvolvido na
seção a seguir.
Relações entre o Brasil e o Mundo Árabe: oportunidades para
uma parceria estratégica
Mesmo considerando que a pandemia de COVID-19 tenha reduzido o fluxo do
comércio bilateral entre o Brasil e Mundo Árabe, tal redução, na casa dos -6,3%,
foi menor do que a metade da contração vista com outros parceiros comerciais,
como os Estados Unidos (-23,7%) e o próprio Mercosul (-17,7%) (ANBA 2020).
Essa manutenção da vontade – e da capacidade – de comerciar, mesmo na
adversidade, é um demonstrativo do potencial das relações árabes-brasileiras.
Contudo, essas relações são assimétricas. A balança comercial é fortemente
Relações econômicas entre o Brasil e o Mundo Árabe [...]
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 18, n. 2, e1305, 2023
10-22
favorável ao Brasil, o qual exporta mais do que o dobro do que importa do Mundo
Árabe (ANBA, 2020). E, como visto, a pauta é bastante reduzida de ambos os
lados: enquanto as exportações brasileiras concentram-se em proteínas animais,
milho, soja e minério de ferro, aquelas árabes restringem-se, basicamente, a
combustíveis e fertilizantes (MALISZEWSKI 2020). Tais desequilíbrios devem-
se à baixa institucionalização do comércio bilateral, dada pela ausência e/ou
deficiência de estruturas financeiras e portuárias, assim como pelos poucos
acordos e tratados econômicos entre o Brasil e os países da região (FRANCO;
RODRIGUES 2020). Segundo o Ministério da Economia do Brasil, o país tem
concluído apenas um acordo de livre comércio e um acordo de facilitação de
investimentos no Mundo Árabe: o primeiro com o Egito e o segundo com o
Marrocos. As negociações para a construção de um acordo de livre comércio com
o Líbano ainda não foram concluídas (embora estejam em estágio avançado).
E existem diálogos para firmar um acordo de facilitação de investimentos com
a Arábia Saudita e um acordo de comércio com os Emirados Árabes Unidos.
Contudo, esses dois últimos permanecem em estágio exploratório (ME 2022d).
Em termos de complementaridade comercial, nota-se que, enquanto os países
árabes são altamente dependentes da importação de alimentos, o Brasil depende
da importação de combustíveis e fertilizantes, produtos tipicamente exportados
pelo Mundo Árabe. Em um país com forte dependência do modal rodoviário, o
aumento do preço dos combustíveis produz pressão inflacionária, em especial
sobre o preço dos alimentos. Além disso, dada a insuficiente produção nacional
de fertilizantes e a vocação agrícola da economia brasileira, esse insumo tem
impacto direto na produção de uma ampla gama de produtos alimentícios,
além de corrigir a alimentação de aves e bovinos, ou seja, exatamente aqueles
produtos que concentram a pauta da exportação brasileira para o Mundo Árabe
(CAVALCANTI 2020).
Esse caráter complementar das economias árabes e brasileira aponta para
a necessidade de uma parceria estratégica que transcenda os fluxos meramente
comerciais e reconheça a importância de se explorar essa interdependência.
Não obstante, os desafios para a consecução de uma parceria estratégica árabe-
brasileira, em moldes similares àquela já em franco processo de desenvolvimento
entre a China e o Mundo Árabe, são imensos. Em primeiro lugar, a lógica de
comércio comida-por-petróleo pode se tornar prejudicial no longo prazo, se não
direcionada para o desenvolvimento de outros setores econômicos (ROSS 2012).
E é por isso que alguns países árabes já vêm impondo restrições a esse tipo de
Edmilson Milan; Silvia Regina Ferabolli; Alexandre Gonçalves
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 18, n. 2, e1305, 2023
11-22
comércio bilateral. Por exemplo: embora o Brasil seja o maior exportador de
frango halal para o Mundo Árabe – totalizando quase um milhão de toneladas
exportadas apenas no primeiro semestre de 2020 (AVICULTURA INDUSTRIAL
2021) – o país enfrenta forte resistência junto à Arábia Saudita, que vem impondo
barreiras a essa importação, com vistas a estruturar seu mercado nacional (ANBA
2020). As barreiras de natureza não alfandegárias, recentemente revisadas pela
Arábia Saudita, tinham como propósito, ao diminuir o prazo de validade do
frango em mercados para apenas três meses (em detrimento da regra sanitária
previamente em vigor), minar a viabilidade da importação de carnes de aves, que
sofrem lapso temporal para disponibilização em decorrência do frete. Negociações
entre os setores produtivos do Brasil e da Arábia Saudita, com intermediação da
chancelaria brasileira, puderam reverter esse quadro (ANBA 2021a). Contudo,
tais restrições podem ser novamente impostas a qualquer momento, algo que
uma parceria bilateral mais ampla e institucionalizada poderia impedir.
Além disso, não há motivo para competição nesse setor, já que a concertação
política entre os países que abrigam os grandes produtores de frango halal
poderia permitir a exploração conjunta desse mercado em franca expansão.
Atualmente, o Mundo Árabe está longe de ser autossuficiente na produção de
carne de frango halal, haja vista que produz apenas dois milhões de toneladas de
carne de frango para atender a uma população de 358 milhões de muçulmanos
dentro do espaço da Liga Árabe (ALHARIRI; AL-MAZEEDI 2020). Além disso,
o mercado de frango halal que atende as dezenas de milhões de muçulmanos
que vivem na Europa também está em pleno crescimento, algo pouco explorado
tanto pelo Brasil quanto pelos países árabes (LEVER; MIELE 2012). Modelos
analíticos de comércio internacional, a partir de modelagem em Teoria dos Jogos,
demonstram que setores com competição moderada em mercados ascendentes,
quando deliberadamente constituem uma parceria estratégica, podem promover
crescimentos nos setores identificados da ordem de 33% a 50%. A parceria
estratégica, vista como um contrato, penaliza fortemente a não-cooperação a
longo prazo: a tendência é que o retorno ao equilíbrio pré-acordo seja mais
custoso do que manter a relação, dando fortes incentivos à continuidade da
cooperação (HAŠKOVÁ 2017).
Ainda, se há a proporção de descompasso de 2 para 1 em favor do Brasil
na balança das relações comerciais árabes-brasileiras, medidas podem ser
adotadas, dentro dos termos de uma parceria estratégica, no sentido de incorporar,
formalmente, quotas de comércio mais favorável entre os produtos. Por exemplo:
Relações econômicas entre o Brasil e o Mundo Árabe [...]
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 18, n. 2, e1305, 2023
12-22
no início de julho de 2022, a Arábia Saudita aumentou o valor do barril de
petróleo para compradores asiáticos, devido ao aumento da demanda na região,
resultado direto da diminuição das restrições relativas à COVID-19 (CHEONG;
CHO; PAOLA 2021). Se fossem praticados valores menores para o Brasil – exemplo
que poderia ser seguido por outras monarquias petrolíferas árabes – medidas de
compensação poderiam ser adotadas pela parte brasileira, tais como a redução
significativa de qualquer barreira eventual ao petróleo árabe; subsídios (em
compensação, permitidos pela OMC) para exportação de gêneros alimentícios
(inclusive soja e milho, insumos para a indústria aviária), e repasse dessa
consequente economia com os valores do frete ao valor bruto das exportações
de commodities para os países árabes. Igualmente, no que concerne o comércio
de fertilizantes, a adoção de medidas de liberalização da importação brasileira,
e a prática de preços mais favoráveis por parte do Mundo Árabe, impactaria em
economia na produção dos próprios bens exportados do Brasil para a região, a
qual também poderia ser repassada.
Outra forma de cooperação que também pode ser explorada, além do
comércio de bens e serviços, é o investimento árabe no Brasil. Estima-se que
os investimentos árabes no país sejam da ordem de cinco bilhões de dólares
(dados de 2019), porém, em ascensão (FRONTLINER 2021). Como visto, já
estão em curso diálogos nesse sentido com a Arábia Saudita e os EAU. Contudo,
tais negociações poderiam ser ampliadas e aceleradas dentro dos termos da
construção de uma parceria estratégica, a qual poderia incluir a assinatura de um
tratado bilateral de cooperação econômica Brasil-países árabes (representados,
em conjunto, pela Liga Árabe). Tal tratado poderia atrair mais investimentos,
oriundos principalmente de fundos soberanos, e direcioná-los para setores capazes
de aprofundar e ampliar as trocas comerciais bilaterais, colhendo, dessa forma,
o chamado “spill-over” da cooperação.
A estruturação de tal parceria estratégica passaria, necessariamente, pela
revisão da proteção da indústria brasileira de fertilizantes. Dentre os principais
produtos importados da região árabe pelo Brasil, os fertilizantes figuram como
destaque, em especial os nitrogenados, que são enriquecidos com gás natural
derivado do petróleo, também consumido no Brasil em residências e automóveis
(PAULA 2020). A medida comercial não só favoreceria a importação de fertilizantes
mais baratos do que os produzidos internamente, mas também diminuiria a
pressão inflacionária sobre esses combustíveis e, consequentemente, sobre o
preço dos alimentos. A realocação de recursos na indústria nacional é sempre
Edmilson Milan; Silvia Regina Ferabolli; Alexandre Gonçalves
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 18, n. 2, e1305, 2023
13-22
uma medida controversa, porque lida com empregos e insumos estratégicos, mas
uma política governamental intencional poderia contrabalançar eventuais perdas
no setor. Dentro desse debate, é importante ressaltar que um dos principais
empecilhos para o avanço das negociações entre o Mercosul e o Conselho de
Cooperação do Golfo é exatamente o impasse entre a necessidade dos países
do CCG de exportar fertilizantes para o Mercosul e os entraves protecionistas
impostos, especialmente pelo Brasil, no setor (ver FERABOLLI 2021). Esses e
outros entraves podem ser superados por uma concertação política entre as
duas organizações regionais. Negociações com os 22 Estados árabes poderiam
ser institucionalizadas em outro nível caso houvesse um esforço diplomático
brasileiro no âmbito do Mercosul para promover tais relações entre os blocos. Isso
porque o mercado árabe também interessa aos parceiros mercosulinos e porque
esses também têm muito a oferecer ao Mundo Árabe em termos de commodities
alimentícias. A Cúpula ASPA promoveu alguns ensaios nesse sentido.
A primeira Cúpula América do Sul – Países Árabes (ASPA), ocorrida em maio
de 2005, em Brasília, promoveu uma série de reuniões entre chefes de Estados e
ministros de relações exteriores, seminários envolvendo formuladores de políticas
públicas e tomadores de decisões, além de fóruns empresariais com vistas a
estreitar os laços entre a América do Sul e o Mundo Árabe. Outras três cúpulas
foram realizadas nos anos seguintes: Doha (2009), Lima (2012) e Riade (2015) o
que demonstra o interesse das lideranças políticas e dos setores produtivos das
duas regiões com a busca da aproximação horizontal nos campos da economia,
comércio, política, meio-ambiente, ciência, tecnologia e também nas questões
socioculturais – vide, por exemplo, a construção da BibliASPA, Biblioteca América
do Sul – Países Árabes, sediada em São Paulo (FERABOLLI 2017). É exatamente
para a necessidade de o Brasil liderar um processo de ampliação de acordos
comerciais, econômicos, políticos e culturais com países árabes, visando à
criação de uma parceria árabe-brasileira, também como estratégia de inserção
internacional para as empresas brasileiras, notadamente aquelas pequenas e
médias (PMEs), que esse artigo se volta a seguir.
As PMEs dentro da estratégia de parceria árabe-brasileira
A primeira Cúpula de Desenvolvimento Econômico e Social Árabe, realizada
no Kuwait, em 2009, teve como uma de suas principais conquistas a criação de
Relações econômicas entre o Brasil e o Mundo Árabe [...]
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 18, n. 2, e1305, 2023
14-22
um fundo de US$ 2 bilhões para financiar pequenas e médias empresas nos países
árabes (ESCWA 2014). Esse investimento está em consonância com a atual dinâmica
de um mundo globalizado onde as PMEs possuem um papel fundamental para o
desenvolvimento de seus países, pois são consideradas a espinha dorsal da economia
nacional, uma vez que geram significativas contribuições para o crescimento dos
níveis de emprego, sendo responsáveis por pelo menos 60% dos empregos no
setor privado mundial (AYYAGARI; DEMIRGÜÇ-KUNT; MARKSIMOVIC 2011).
Quando comparadas às empresas de grande porte, as PMEs possuem
um processo de tomada de decisão mais rápido e flexível, o que possibilita
algumas vantagens, especialmente aquelas relacionadas ao processo de inovação.
Entretanto, as PMEs enfrentam limitações dentro dos termos de economia de
escala, disponibilidade financeira e recursos tecnológicos O desenvolvimento
da capacidade de exportações de PMEs impacta de maneira positiva em seu
crescimento e desenvolvimento, pois a disputa por mercados num ambiente
tão complexo e competitivo como o internacional auxilia no fortalecimento
destas empresas, tanto no mercado externo como no mercado doméstico (PAUL;
PARTHASARATHY; GUPTA 2017).
Uma atividade exportadora pode ser motivada por fatores internos relativos
às próprias PMEs – tais como a disponibilidade de um produto inovador ou uma
capacidade produtiva diferenciada – assim como por fomentos externos benéficos
gerados pelos mercados onde as PMEs atuam ou pretendem atuar. Nesse sentido,
taxas de câmbio vantajosas às exportações, decisões favoráveis por parte de
governos estrangeiros e, principalmente, ações proativas do governo doméstico do
país do exportador são exemplos de fatores externos de estímulos às exportações
pelas PMEs (LEONIDOU et al. 2007). Desta forma, as ações dos governos locais,
como o estabelecimento de acordos bilaterais de comércio e o desenvolvimento
de programas de apoio às exportações, são essenciais para a inserção de PMEs
no processo exportador. A diplomacia brasileira já vem promovendo tais ações
em relação ao Mundo Árabe, com destaque para a visita do então presidente
Lula à região em 2003, em um tour que incluiu Egito, Emirados Árabes Unidos,
Líbano, Líbia e Síria. Importante ressaltar que essa foi “a primeira visita de um
Chefe de Estado brasileiro à região desde a viagem feita pelo Imperador D. Pedro
II em 1876” (RIEDIGER 2013). O crescimento do fluxo comercial entre o Brasil e
os países árabes, observado nos últimos anos, pode ser parcialmente atribuído
a essas iniciativas, especialmente ao estabelecimento da supracitada Cúpula
ASPA.
Edmilson Milan; Silvia Regina Ferabolli; Alexandre Gonçalves
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 18, n. 2, e1305, 2023
15-22
Contudo, se a Cúpula ASPA pode promover o desenvolvimento e o
aprofundamento das relações entre essas duas regiões do Sul Global, esse tipo
de interregionalismo também pode frear o ritmo da construção de uma parceria
estratégica árabe-brasileira calcada, sobretudo em um primeiro momento,
no comércio bilateral. Explica-se: o Brasil só pode firmar acordos bilaterais e
multilaterais de comércio que envolvam tarifas aduaneiras em conjunto com os
demais integrantes do Mercosul (Argentina, Paraguai e Uruguai). Com relação ao
Mundo Árabe, desde 2017 está em vigência o acordo comercial Mercosul-Egito e
encontra-se em tramitação, para validação nas esferas governamentais dos países
do Mercosul, o acordo já assinado com a Palestina. Atualmente, o Mercosul
negocia cinco acordos bilaterais com países extrabloco: Canada, Coréia do Sul,
Indonésia, Vietnã e Líbano – esse último, o único país integrante da LEA. Não há
negociações interregionais envolvendo o Mercosul e a Liga Árabe e tampouco o
Acordo Quadro de Cooperação Mercosul-CCG saiu do papel (FERABOLLI 2021).
Dentro desse quadro de restrições, a observação de Paul et al. (2017) de
que os limites de recursos e de poder de mercado das PMEs as torna muito
dependentes da formação de redes de relacionamentos em seus processos de
internacionalização, é mais um indício da importância de se pensar em termos
de parceria estratégica. Dados os laços culturais que conectam o Mundo Árabe ao
Brasil – país que possui pelo menos 12 milhões de cidadãos que se identificam
como árabes e que abriga a maior população de descendentes de árabes fora do
Mundo Árabe (o que lhe conferiu o status de observador na Liga Árabe) – essas
redes podem vir a ser construídas e consolidadas. Esse trabalho, na verdade, já
é feito, em grande medida, pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira (CCAB).
Contudo, a assinatura de um amplo tratado de cooperação entre o Brasil e a Liga
Árabe (que já possui um escritório de representação em Brasília), enfatizando o
caráter estratégico da parceria – em termos a serem negociados e definidos pelos
representantes políticos dos países envolvidos, com a participação de membros
da sociedade civil e da classe empresarial, incluindo as PMEs, impulsionaria
o trabalho já desenvolvido pela CCAB e pelo Departamento de Oriente Médio
do Itamaraty. Leonidou et al. (2007) afirmam que as associações de indústria e
comércio, tais como as câmaras de comércio, desempenham um papel influente
no que tange à decisão de exportar das PMEs, funcionando como intermediárias
entre as PMEs e os potenciais clientes estrangeiros.
Muitas vezes, a trajetória exportadora de uma PME começa baseada no modelo
incremental de Uppsala – uma das principais teorias de internacionalização de
Relações econômicas entre o Brasil e o Mundo Árabe [...]
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 18, n. 2, e1305, 2023
16-22
empresas. Johanson e Vahlne (1977) explicam que o processo de internacionalização
das firmas ocorre em estágios, de forma incremental, conforme a empresa vai
adquirindo conhecimento e confiança nos mercados externos. Desta forma, o
modelo de Uppsala esclarece que o processo de internacionalização das empresas
não decorre em função da alocação ótima dos recursos numa perspectiva
econômica, mas sim de forma incremental, baseada na racionalidade limitada
e na busca por redução de riscos (CARNEIRO e DIB 2007). Assim, as PMEs
normalmente iniciam seu processo de internacionalização por meio das exportações
muitas vezes não regulares e direcionadas para países relativamente próximos.
De forma incremental, expandem suas atividades exportadoras, tornando-as
regulares e buscando explorar também regiões mais distantes. Este processo
incremental é baseado num dos pressupostos fundamentais do modelo de Uppsala,
segundo o qual as incertezas em relação ao sucesso de uma iniciativa exportadora
aumentam com a distância cultural e psíquica. Explica-se: distância psíquica
é aquela percebida pelos diferentes aspectos culturais, políticos e linguísticos
entre países. Quanto maior for a distância psíquica entre os países, maior será o
grau de incertezas, considerando ser a distância psíquica composta por fatores
de estímulos e por barreiras externas que facilitam ou retardam o processo de
internacionalização das empresas (JOHANSON; VAHLNE 1977). Se o Mundo Árabe
é percebido como culturalmente ou “psiquicamente” distante do Brasil, Funk
(2022 ) demonstra como as elites econômicas latino-americanas de ascendência
árabe se enxergam como seres transnacionais de um espaço híbrido árabe-latino
e como mobilizam esse percebido capital cultural para obter lucro em ambas as
regiões. Daí a importância da mobilização daquilo que faz de árabes e brasileiros
povos similares – em termos de enfrentamento dos problemas de inserção nos
mercados internacionais.
Para as PMEs brasileiras, os países latino-americanos parecem possuir uma
distância psíquica menor se comparadas àquelas que são percebidas como
inerentes aos países árabes com relação à cultura de negócios brasileira. Esse
tipo de percepção deriva da falta de conhecimento e muitas vezes até mesmo
do preconceito por parte do empresariado nacional do que seja o Mundo Árabe
e de sua cultura de negócios (uma expressão ambígua por si só). Nesse sentido,
os diversos cursos e seminários promovidos pela CCAB, assim como a disciplina
de pós-graduação em “Relações Internacionais do Mundo Árabe” ofertada pelo
Programa de Pós-Graduação em Estudos Estratégicos Internacionais da UFRGS,
o curso de Especialização em “Relações Internacionais do Oriente Médio:
Edmilson Milan; Silvia Regina Ferabolli; Alexandre Gonçalves
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 18, n. 2, e1305, 2023
17-22
sociedade(s), cultura(s) e política” da PUC-Minas, além das publicações e eventos
culturais promovidos pela BibliASPA, Editora Tabla e ICArabe, constituem hoje
os alicerces do que pode vir a ser um importante pilar da parceria estratégica
árabe-brasileira: a promoção do conhecimento sobre o Mundo Árabe – suas
histórias, suas culturas, suas economias, suas políticas externas, suas relações
regionais e internacionais, sempre plurais e impossíveis de serem sintetizadas
em uma expressão tão imprecisa como “cultura de negócios árabes”.
Muito embora a quantidade de empresas exportadoras brasileiras seja
considerada pequena
8
, há milhares dessas que persistem nessa atividade e
possuem experiência suficiente para avançar para mercados considerados distantes,
conforme os preceitos da teoria de Uppsala. O argumento neste sentido é de
que há milhares de empresas brasileiras que, após iniciarem suas atividades
exportadoras, continuam exportando, de forma persistente. Por exemplo, no Rio
Grande do Sul, das 3.980 empresas que começaram a exportar, entre 1999 e 2006,
242 permanecem exportando atualmente (MDIC 2017; ME 2022b; ME 2022c).
Utilizando-se o setor de frutas como exemplo, nota-se o potencial existente de
exportações de PMEs para o Mundo Árabe. Em 2017, Emirados Árabes Unidos,
Arábia Saudita, Egito, Argélia e Omã importaram US$ 4,4 bilhões em frutas, sendo
somente US$ 19,5 milhões do Brasil, setor no qual há diversas PMEs atuantes
no país, muitas das quais já iniciaram suas trajetórias exportadoras.
Dados como esse confirmam que há espaço para que mais empresas brasileiras,
nos mais diversos setores, busquem novos mercados em países integrantes da
Liga Árabe. Para tanto, o governo brasileiro poderia ser mais sensível ao fato de
que um dos principais inibidores das exportações de PMEs é a dificuldade para
conceder crédito aos clientes externos, ou seja, exportar concedendo prazo de
pagamento ao importador estrangeiro, sem a garantia de pagamento no vencimento
por parte do importador (ALAVI; KERIKMÄE 2018). Na verdade, há bancos árabes
que tradicionalmente garantem o pagamento para as exportadoras brasileiras por
meio do mecanismo financeiro da Carta de Crédito. Adicionalmente, considerando
as atuais dificuldades operacionais da Agência Brasileira Gestora de Fundos
Garantidores e Garantias (ABGF 2021), incluída no programa de desestatização
do governo brasileiro, há a possibilidade de utilização da sistemática de seguro
de crédito, disponibilizado inclusive para empresas não-árabes, pela DHAMAN
The Arab Investment and Export Credit Guarantee Corporation. Fundada em
8 Segundo as estatísticas do Cadastro Central de Empresas (IBGE), havia 5.239.249 empresas no Brasil em 2019.
Somente 22.849 tiveram alguma atividade exportadora naquele ano, representante 0,4% do total de empresas.
Relações econômicas entre o Brasil e o Mundo Árabe [...]
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 18, n. 2, e1305, 2023
18-22
1974, a DHAMAN busca promover o fluxo de capitais árabes e estrangeiros para
os países árabes, além de apoiar as atividades comerciais árabe-internacionais,
através da garantia de investimentos árabes e estrangeiros no Mundo Árabe
e da proteção do comércio árabe-internacional contra riscos comerciais e não
comerciais.
Considerações finais
Este artigo buscou demonstrar como a construção de uma parceria estratégica
entre o Brasil e o Mundo Árabe poderia incrementar a participação brasileira no
comércio internacional e garantir níveis mais elevados de segurança alimentar para
os países árabes. No percurso dessa busca, foram revelados dados importantes
sobre o comércio bilateral árabe-brasileiro, sobre as proposições das várias
Cúpulas de Desenvolvimento Econômico e Social Árabe, sobre os entraves para
o adensamento das relações comerciais bilaterais, sobre as possibilidades e os
limites do interregionalismo árabe-mercosulino, sobre as atividades da Cúpula
ASPA, sobre as ferramentas ainda pouco exploradas já existentes no Brasil em
termos de mitigar o desconhecimento e a ignorância sobre o Mundo Árabe e
seus mercados e, finalmente, sobre o potencial latente das PMEs brasileiras
para virem a se constituir como um dos pilares das relações econômicas árabes-
brasileiras. Dada a capacidade geradora de postos de trabalho das PMEs, investir
na internacionalização delas é promover emprego e renda em larga escala – nos
dois lados do Atlântico.
Do processo acima descrito, concluiu-se que as relações entre o Brasil e
o Mundo Árabe precisam superar a lógica puramente comercial em favor da
construção de uma ampla parceria estratégica nas esferas políticas e econômicas
para o enfrentamento de problemas nacionais, regionais e internacionais comuns,
como a fome, o desemprego, as deficiências nas estruturas de integração físicas
regionais, a baixa inserção no comércio internacional e a mudez ou o silenciamento
deliberado nos fóruns internacionais. O Brasil tem terra, mão de obra e capital
suficiente para liderar o processo de construção dessa parceria – recursos esses de
que os países árabes também dispõem para se colocar em posição de igualdade
nessa relação. A passagem do potencial latente ao propósito manifesto dessa
parceria estratégica depende de um fator intangível, mas incontornável: vontade
dos agentes políticos e econômicos, tanto no Brasil como no Mundo Árabe.
Edmilson Milan; Silvia Regina Ferabolli; Alexandre Gonçalves
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 18, n. 2, e1305, 2023
19-22
Referências
ABGF Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias. 2021. Disponível
em: https://www.abgf.gov.br/abgf-na-midia/reforma-do-modelo-de-seguro-de-credito-
a-exportacao/. Acesso em: 16 ago. 2022.
Alavi, Hamed; Kerikmäe, Tanel. 2018. “Mitigating the risk of documentary discrepancy
in progress of Estonian export Letters of Credit transaction”. Multidisciplinary
Aspects of Production Engineering 1, no 1: 425-432.
Alhariri, Majed. Al-Mazeedi, Hani Mansour M. 2020. “Halal Food Production in the
Arab World”. In: AL-TEINAZ, Yunes Ramadan. SPEAR, Stuart. EL-RAHIM, Ibrahim
H. A. Abd. The Halal Food Handbook, 355-368. Pondicherry: Wiley.
ANBA. 2020. Comércio do Brasil com Liga Árabe tem superávit de US$ 6 bi. Agência de
Notícias Brasil-Árabe, 26 jan. 2020. Disponível em: https://anba.com.br/comercio-
do-brasil-com-liga-arabe-tem-superavit-de-us-6-bi/. Acesso em: 14 ago. 2021a.
ANBA. 2021a. Exportação do Brasil ao mercado árabe cresceu 18%. Agência de Notícias
Brasil-Árabe, 17 ago. 2021. Disponível em: https://anba.com.br/sauditas-recuam-
de-medida-sobre-validade-do-frango/. Acesso em: 19 ago. 2021c.
Avicultura Industrial. 2020. Árabes importaram quase 1 milhão de toneladas de frango
halal no Brasil. Avicultura Industrial, 23 jul. 2020. Disponível em: https://www.
aviculturaindustrial.com.br/imprensa/arabes-importaram-quase-1-milhao-de-toneladas-
de-frango-halal-do-brasil/20200723-084936-h757. Acesso em: 15 ago. 2021.
Ayyagari, Meghana; Demirgüç-kunt, Asli; Marksimovic, Vojislav. 2011. “Small vs. young
firms across the world – contribution to employment, job creation, and growth”.
Policy Research Working Paper 5631, The World Bank Development Research Group.
CCAB Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, 2020. Brasil & Países Árabes, Diplomacia
Econômica. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=4lCHt2OxyC0.
Acesso em 22 set. 2022.
Carneiro, Jorge; Dib, Luis Antônio. 2007. “Avaliação Comparativa do Escopo Descritivo e
Explanatório dos Principais Modelos de Internacionalização de Empresas”. Internext
– Revista Eletrônica de Negócios Internacionais da ESPM 2, no 1: 1-25.
Cavalcanti, Klester. 2020. O Brasil faria mais negócios com os países árabes se os
conhecesse melhor. Istoé Dinheiro, 1182, 31 jul. 2020.
Cheong, Serene. Cho, Sharon. Paola, Anthony. 2021. Aramco Raises Asia, U.S. Oil Prices
in Sign Demand Seen Rising. Bloomberg, 04 ago. 2021. Disponível em: https://
www.bloomberg.com/news/articles/2021-08-04/saudi-aramco-raises-all-oil-prices-
for-asia-amid-tight-market . Acesso em: 14 ago. 2021.
Relações econômicas entre o Brasil e o Mundo Árabe [...]
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 18, n. 2, e1305, 2023
20-22
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, 2021. Brazil is the world’s
fourth largest grain producer and top beef exporter, study shows. Disponível em:
https://www.embrapa.br/en/busca-de-noticias/-/noticia/62619259/brasil-e-o-quarto-
maior-produtor-de-graos-e-o-maior-exportador-de-carne-bovina-do-mundo-diz-estudo.
Acesso em: 22 set. 2022.
ESCWA United Nations Economic and Social Commission for Western Asia, 2014. Arab
Integration: A 21st Century Development Imperative. New York: United Nations
Publication.
FAO Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, 2021. The State
of Food Security and Nutrition in the World 2021. Transforming food systems for
food security, improved nutrition and affordable healthy diets for all. Disponível
em: https://www.fao.org/documents/card/en/c/cb4474en. Acesso em: 14 set. 2022.
Ferabolli, Silvia. 2017. Regions that matter: the Arab–South American interregional
space. Third World Quarterly, 38:8, 1767-1781.
Ferabolli, Silvia. 2021. Space Making in the Global South: Lessons from the GCC-Mercosur
Agreement. Contexto Internacional, v. 43, p. 9-31.
FIESP Federação das Indústria do Estado de São Paulo/Departamento do Agronegócio.
2020. “A Inserção do Brasil no Comércio Mundial de Produtos do Agronegócio”.
Painel Mercados. Disponível em: https://www.fiesp.com.br/indices-pesquisas-e-
publicacoes/painel-mercados-insercao-comercial-brasil-china. Acesso em: 26 fev. 2022.
Franco, Josemar. Rodrigues, Mônica. 2020. A importância da ampliação do Acordo
Mercosul-Egito. COMEX do Brasil, 30 out. 2020. Disponível em: https://www.
comexdobrasil.com/a-importancia-da-ampliacao-do-acordo-mercosul-egito/. Acesso
em: 15 ago. 2021.
FRONTLINER. 2021. Valor das exportações brasileiras para países árabes já supera 2019.
Disponível em: https://www.frontliner.com.br/exportacoes-brasileiras-para-paises-
arabes-ja-supera-2019/. Acesso em: 14 ago. 2021.
Funk, Kevin. 2022. Rooted Globalism: Arab-Latin American Business Elites and the Politics
of Global Imaginaries – Framing the Global. Indiana: Indiana University Press.
Hašková, Simona. 2017. Strategic Partnership of Independent States as a Game. SHS
Web of Conferences 39: 1-8.
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2020. Estatísticas do Cadastro
Central de Empresas – CEMPRE. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/
economicas/industria/9016-estatisticas-do-cadastro-central-de-empresas.html. Acesso
em: 15 ago. 2021.
Johanson, Jan; Vahlne, Jan-Erik. 1977. “The internationalization of the firm – a model
of knowledge development and increasing foreign market commitments”. Journal
of International Business Studies 40, no. 9: 23-32.
Edmilson Milan; Silvia Regina Ferabolli; Alexandre Gonçalves
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 18, n. 2, e1305, 2023
21-22
Leonidou, Leonidas; Katsikeas, Constantine; Dayananda, Palihawadana; Stravoula,
Spyropoulou. 2007. “An analytical review of the factors stimulating smaller firms
to export: Implications for policy-makers”. International Marketing Review 24,
no. 6: 735-770.
Lever, John. Miele, Mara. 2012. The growth of halal meat markets in Europe: An
exploration of the supply side theory of religion. Journal of Rural Studies 28: 528-537.
Maliszewski, Eliza. 2020. Brasil e países árabes negociam US$ 12 bilhões: Países
também assinaram acordo de blockchain para integrar sistemas. Agrolink¸ 21 out.
2020. Disponível em: https://www.agrolink.com.br/noticias/brasil-e-paises-arabes-
negociam-us--12-bilhoes_441204.html. Acesso em: 14 ago. 2021.
MDIC, 2017. Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Primeira_Exp_RS_
1999. [mensagem pessoal]. Mensagem pessoal recebida por edmilan11@hotmail.
com em 07 nov. 2017.
ME 2022. Ministério da Economia. Estatísticas Gerais. Disponível em: http://comexstat.
mdic.gov.br/pt/geral. Acesso em: 29 jul. 2022.
ME, 2022a. Ministério da Economia. COMEX-VIS. Disponível em: http://comexstat.
mdic.gov.br/pt/comex-vis. Acesso em: 29 jul.2022.
ME, 2022b. Ministério da Economia. Estatísticas. Disponível em: https://www.gov.
br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/estatisticas.
Acesso em: 27 jul. 2022.
ME, 2022c. Ministério da Economia. Disponível em: https://www.gov.br/produtividade-
e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/estatisticas/empresas-brasileiras-
exportadoras-e-importadoras. Acesso em: 27 jul.2022.
ME, 2022d. Ministério da Economia. Disponível em: https://www.gov.br/economia/
pt-br/assuntos/noticias/2022/julho/brasil-e-paises-arabes-debatem-ampliacao-e-
diversificacao-de-comercios. Acesso em: 07 mai.2023.
MFA Ministry of Foreign Affairs of People’s Republic of China. 2018. Xi Jinping Delivers
a Speech at The Opening Ceremony of The Eighth Ministerial Meeting of The China-
Arab States Cooperation Forum. Disponível em: http://mo.ocmfa.gov.cn/eng/zxxw/
szyw/201807/t20180711_7921309.htm. Acesso em: 22 set. 2022.
MEMO Monitor do Oriente Médio, 2021. A fome e a desnutrição no mundo árabe
interferem na meta de Fome Zero até 2030, alerta relatório da ONU. Disponível
em: https://www.monitordooriente.com/20210628-a-fome-e-a-desnutricao-no-mundo-
arabe-interferem-na-meta-de-fome-zero-ate-2030-alerta-relatorio-da-onu/. Acesso em:
22 set. 2022.
MICHALSKI, Anna. 2019. Diplomacy in a Changing World Order: The Role of Strategic
Partnerships. Estocolmo: Swedish Institute of International Affairs.
Relações econômicas entre o Brasil e o Mundo Árabe [...]
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 18, n. 2, e1305, 2023
22-22
Monitor Mercantil, 2020. Países árabes são 3º maior destino da exportação brasileira.
Disponível em: https://monitormercantil.com.br/paises-arabes-sao-3-maior-destino-
da-exportacao-brasileira/. Acesso em: 22 set. 2022.
Paul, Justin; Parthasarathy, Sundar; Gupta, Parul. 2017. “Exporting challenges of SMEs:
A review and future research agenda”. Journal of World Business 52, no 1: 327-342.
Paula, Ana Carolina Scalzer de. 2020. Diagnóstico Estratégico da Indústria de
Fertilizantes Nitrogenados no Brasil. Disponível em: https://pantheon.ufrj.br/
bitstream/11422/12347/1/ACSPaula.pdf. Acesso em: 14 ago. 2021.
Riediger, Bruna. 2013. Relações Brasil-Mundo Árabe (2003-2012): as Cúpulas ASPA. 4º
Encontro Nacional da Associação Brasileira de Relações Internacionais. Painel PE-
P26: Novas Fronteiras para a Política Externa Brasileira. Disponível em: http://www.
seminario2016.abri.org.br/resources/anais/20/1367843252_ARQUIVO_CupulasASPA_
BrunaFRiediger.pdf. Acesso em: 22 set. 2022.
Ross, Michael L. 2012. The Oil Curse: How Petroleum Wealth Shapes the Development
of Nations. Princeton: Princeton University Press.
Tyushka, A. and Czechowska, L. 2019. Strategic partnerships, international politics and
IR theory. Disponível em: https://doi.org/10.4337/9781788972284.00010.
UXCOMEX, 2021. Brasil e o mercado árabe. Disponível em: https://uxcomex.com.
br/2020/09/brasil-e-o-mercado-arabe/#:~:text=Dentre%20todos%20os%20
pa%C3%ADses%20%C3%A1rabes,Emirados%20%C3%81rabes%20Unidos%20
e%20Egito. Acesso em: 22 set. 2022.
Valor Econômico. 2020. “Fiesp alerta para a concentração das exportações” In Valor
Econômico (21/10/2020). Disponível em: https://valor.globo.com/agronegocios/
noticia/2020/10/21/fiesp-alerta-para-aconcentracao-das-exportacoes.ghtml . Acesso
em: 26 fev. 2022.
World Bank, 2011. Second Arab Economic, Social and Developmental Summit. Disponível
em: http://web.worldbank.org/archive/website01363/WEB/0_-11479.HTM. Acesso
em: 22 set. 2022.
World Trade Organization 2015. International Trade Statistics. Disponível em: https://
www.wto.org/english/res_e/statis_e/its2015_e/its2015_e.pdf. Acesso em: 20 mar. 2022.
World Trade Organization Statistical Review 2022. 2022. Disponível em: https://www.wto.
org/english/res_e/publications_e/wtsr_2022_e.htm. Acesso em 05 de maio de 2023.