
Mateus Webber Matos; Eduardo Ernesto Filippi
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 17, n. 2, e1239, 2022
17-23
Nesse ínterim, os anos de 2015 e 2016 parecem ter sido os mais turbulentos,
tanto no setor econômico quanto no político. O avanço do PIB anualizado — que
chegou, em 2011, a expressivos 7,87% — sofreu uma queda e apresentou cifras
menores em anos posteriores, como 0,09% em 2015 e -1,22% em 2016 (Gachet et
al. 2017; Banco Mundial 2021). Esse contexto de estagnação e de recessão esteve,
desde o princípio, associado ao declínio da importância do petróleo na balança
comercial do Equador. A fatia pertencente ao óleo na pauta de exportações era
de 54,8% em 2013, baixando para 36% em 2015 e 30,6% em 2016 (Cepal 2021).
Outro indicador que manifestou piora em seu desempenho foi a taxa de
desemprego do Equador. Segundo dados da Cepal (2021), em 2008, a porcentagem
de pessoas sem emprego era de 3,9%, reduzindo para 3% em 2013 para, somente
três anos depois, atingir 4,5%. Não obstante a província de Guayas (cuja capital
é Guayaquil) tenha adquirido grande importância no setor produtivo interno
nas últimas décadas, tal fato pode ter sido agravado pela concentração de quase
metade (46%) da renda nacional na região de Pichincha, que tem como capital
a cidade de Quito (Larrea; Greene 2018).
Foi nesse ambiente de alternâncias econômicas e sociais que, em 2015, Rafael
Correa havia, aparentemente, consolidado sua continuidade política. Ao contar
com a força do Alianza PAIS e o histórico de amparo popular nos plebiscitos até
então realizados, Correa logrou maioria na Assembleia Nacional para modificar
a Constituição Federal no sentido de permitir a possibilidade de reeleições
presidenciais indefinidas. Mas a piora das condições econômicas, as insatisfações
expressadas através de manifestações sociais (compostas, especialmente, por
professores, membros da classe média, trabalhadores e grupos indígenas) e o
cada vez mais evidente autoritarismo presidencial demonstraram, na visão da
comunidade acadêmica equatoriana, o processo de assassínio da democracia
(De la Torre 2018).
Surgiram críticas também ao modo como o Alianza PAIS conduzia essas
crises. Outro caso foi o indiciamento do então vice-presidente equatoriano,
Jorge Glas (2013-2017), por participação em acordos ilegais com empresas
privadas — entre elas, a brasileira Odebrecht —, o que, para parte da literatura,
validava a previsão de que “na data de encerramento deste artigo, a implosão
da Alianza País é irreversível”
19
(Arroba 2017, 20). Se não uma implosão, houve
ao menos um esgotamento do modelo criado pelo partido, no qual havia uma
19 Texto original: a la fecha de cierre de este artículo, la implosión de Alianza País es irreversible.