Congressos na Política Externa: um debate a partir da Comissão de Assuntos Internacionais do Uruguai
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 16, n. 1, e1113, 2021
16-24
Partido Colorado Washington Abdala, Fernando Amado e Tabaré Vieira Duarte; e
os deputados “frenteamplistas” Silvana Charlone, Ruben Martin Huelmo, Enrique
Pintado, José Carlos Mahia e Maria Laurnaga.
No caso do Senado, percebe-se que o destaque se dá em razão da variável
prestígio político, pois entre os membros com mais anos de atuação, dentro do
recorte da pesquisa, e que se destacaram nos debates, encontramos lideranças
políticas nacionais importantes como os “frenteamplistas” Reinaldo Gargano
(ex-Ministro de Relações Exteriores), Alberto Couriel (importante liderança
dentro do partido), Danilo Astori (ex-vice presidente), Rubén Martinez Huelmo
(importante liderança dentro do partido), Rafael Michelini (ex-vice presidente do
FA), José Korzeniak; os “blancos” Luis Alberto Lacalle Herrera (ex-presidente),
Luis Alberto Lacalle Pou (atual presidente do Uruguai), Sergio Abreu Bonilla
(ex-Ministro das Relações Exteriores, e da Indústria, Energia e Mineração),
Jorge Larrañaga (ex-candidato presidencial e atual ministro); e os colorados Ope
Pasquet (ex-Secretário Geral do partido e ex-vice Chanceler), Washington Abdala
(ex-presidente da Câmara) e Julio Maria Sanguinetti (ex-presidente).
A importância política desses integrantes da Comissão do Senado permite que
consigam extrapolar os limites formais da comissão, no que se refere à influência
sobre a política externa do país, sendo importantes interlocutores dentro do
cenário político nacional. Considerando que o sistema político uruguaio é marcado
por um presidencialismo com amplas atribuições à figura do presidente, dentre
elas, a iniciativa legislativa, o possuir canais privilegiados de diálogo ou força
política (enquanto oposição) representa um maior poder de influência sobre os
rumos assumidos na política governamental.
Para Burian (2015), é importante assinalar que – apesar das amplas atribuições
do Executivo – os partidos e as frações são atores-chave, pois possuem identidade
e capacidade de ação estratégica e contundente. Para o autor, esses agentes têm
influência no processo de tomada de decisão, controlando seus representantes
e direcionando suas ações de acordo com os objetivos dos partidos e facções.
Portanto, os políticos atuam como representantes de seus partidos e frações,
promovendo ou agindo como veto players
15
, num comportamento similar ao
apontado por Feliú e Onuki (2014), participando da construção da agenda,
da definição dos problemas, do desenho e da implementação das políticas e
fiscalizando por meio da avaliação e do monitoramento do cenário de atuação
15 “Veto player” é um conceito criado por Tsebelis (1995). Tem relação com poder de veto em diferentes contextos
institucionais e se origina da ideia de freios e contrapesos entre os poderes.