Mariana Balau Silveira; Leonardo Alexandre dos Santos
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 16, n. 3, e1107, 2021
11-23
A primeira seria a utilização de meios persuasivos para o alcance de suas agendas,
como é o caso da entrega de instruções políticas aos membros do congresso ou
o lobby a favor ou contra legislações específicas. Abelson (2006, 2018) denomina
essa categoria de ação “influência privada”, enquanto Betzold (2013) recorre
ao termo “inside advocacy”. A segunda categoria de ação (“influência pública”
ou “outside advocacy”) é relacionada à influência que os think tanks exercem
sobre tomadores de decisão e opinião pública através da mídia e a partir de
publicações, conferências, propagandas etc. O quadro abaixo ilustra o que se
considera aqui como sendo as formas de influências dessas organizações:
Quadro 3 – Formas de influência dos TTs
Influência Pública/Outside Advocacy Influência Privada/Inside Advocacy
Realização de fóruns públicos, seminários e
conferências para a discussão de várias questões
que tangem a política interna e externa.
Participação em cargos de gabinete,
subgabinete ou burocráticos no
governo.
Incentivo aos acadêmicos na realização de
palestras públicas.
Participação em forças-tarefa de
políticas e equipes de transição
durante as eleições presidenciais e nos
conselhos consultivos presidenciais.
Publicação de livros, artigos de opinião em
revistas, boletins informativos, instruções
políticas e periódicos com ampla distribuição.
Convite a tomadores de decisão
para participação em conferências,
seminários e workshops no congresso.
Produção de recursos de áudio ou vídeo, para o
público, que resumem questões políticas.
Permissão a burocratas para que
trabalhem em think tanks por tempo
limitado.
Criação de websites que, entre outras coisas,
permitem que os visitantes baixem publicações
do instituto.
Concessão de cargos, a políticos
aposentados, em suas organizações.
Mobilização do público durante as campanhas
anuais de captação de recursos.
Preparação de estudos e resumos de
políticas para formuladores de políticas.
Atração de exposição midiática.
Manutenção de divisões específicas para
contato com o Congresso e o Senado.
Fonte: Adaptado de Abelson (2006, 2018) e Betzold (2013)
A partir da observação da crescente relevância desses atores e da necessidade
de compreender as formas de influência dos think tanks conservadores na área
das mudanças do clima, tanto interna quanto externamente, a seção seguinte
é dedicada à análise do período de 1992, quando a UNFCCC é aberta para
assinaturas, até 2001, quando o então presidente, George W. Bush, anuncia a
não ratificação do Protocolo de Quioto pelo governo dos Estados Unidos.