
Victor Tarifa Lopes
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 15, n. 3, 2020, p. 174-203
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produtos surgindo. Porém, café, algodão e açúcar representam 70% das saídas
observadas para essa década inicial.
A partir da década de 1960, esse cenário começa a se transformar, com a
inclusão de uma série de categorias de produtos que antes não eram observadas
na pauta de exportação do país, com destaque para os complexos de produtos
metalúrgicos, químicos, máquinas e equipamentos, carnes, soja e calçados e
couros, os quais apresentaram, pela primeira vez na história, percentuais acima
de 1%. O destaque ainda permanece com o café, compondo 44% do total.
A década de 1970 também é marcada pela inclusão de novos conjuntos de
produtos que ultrapassam a faixa percentual de 1%, a saber: papel e celulose,
materiais de transporte e complexo do petróleo e combinados. Além disso, houve
crescimento percentual de todas as categorias, com exceção do algodão, carnes e
café, este último caindo abruptamente para 16% mas, ainda assim, continuando
a principal commodity exportada. O destaque fica para o desempenho do setor
de materiais de transporte (com crescimento de 11 vezes em relação à década
anterior), máquinas e equipamentos (crescimento de quatro vezes) e do complexo
da soja, que cresce aproximadamente 1000%.
Avançando para as décadas de 1980 e 1990, chega-se ao momento da inversão
histórica, com o setor manufaturado tornando-se o principal componente das
exportações brasileiras. Com 14% do total, os produtos metalúrgicos foram os
responsáveis pela maior parcela das exportações brasileiras. Em seguida vêm o
complexo da soja (10%), e máquinas e equipamentos (9%). Pela primeira vez
desde a década de 1830, o café deixa de ser o principal produto, caindo para
7,5%, o que é menos da metade da década anterior.
As décadas de 1990 e 2000 também são marcadas pelo predomínio dos setores
de manufaturados, com produtos metalúrgicos, máquinas e equipamentos e
materiais de transporte apresentando os três maiores percentuais. Entretanto, esse
quadro se transforma na década seguinte, quando, entre 2011 e 2019, minérios, o
complexo da soja e o setor petrolífero passam a serem os três principais clusters
de produtos vendidos.
Observa-se que do século XX em diante, mais precisamente a partir da década
de 1930, torna-se possível utilizar a classificação de produtos por intensidade
tecnológica. Porém, como mencionado, optou-se pela divisão entre bens
manufaturados, semimanufaturados e primários, tendo em vista que ao longo
do século XX novos paradigmas de produção e tecnologia foram introduzidos na
economia internacional, fazendo com que um produto classificado como “alta