Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 15, n. 2, 2020, p. 5-27
5Rafael Henrique Dias Manzi; Eduardo Viola
A desaceleração da economia da China e a
transição para um “novo normal” no século 21
The slowdown of China’s economy and the
transition to a “new normal” in the 21st century
DOI: 10.21530/ci.v15n2.2020.1018
Rafael Henrique Dias Manzi
1
Eduardo Viola
2
Resumo
A China tem passado por profundas mudanças econômicas desde o fim da década de 1970.
As elevadas taxas de crescimento econômico transformaram a China de país pobre e agrícola
em uma economia de renda média e industrializada no início do século 21. De todo modo,
a partir da eclosão da crise global de 2008, a economia da China entrou em uma nova fase
de relativa desaceleração e transição para um “novo normal”, com taxas de crescimento
econômico ao redor de 6%. O principal objetivo deste artigo é examinar os fatores que
explicam a desaceleração da economia da China no contexto pós-crise global de 2008. Os
resultados apontam que a desaceleração da economia chinesa para um “novo normal” é um
fenômeno esperado e reflete dinâmicas estruturais de um país que atingiu a renda média.
Ao mesmo tempo, o aprofundamento dos desequilíbrios macroeconômicos e a perda de
eficiência econômica evidenciam o esgotamento das políticas econômicas adotadas a partir
da eclosão da crise global de 2008.
Palavras-chave: China; Economia Internacional; Novo Normal; Reformas Econômicas;
Desequilíbrios Macroeconômicos.
1 Doutorado em relações internacionais, Universidade de Brasília (2018). É professor no curso de relações
internacionais da Universidade Paulista e no mestrado profissional em desenvolvimento regional do Centro
Universitário Alves Faria. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8518-8329; email: rafaelmanzi@hotmail.com
2 Doutorado em Ciência Política, Univ. São Paulo (1982), Pós-doutorado em Economia Política Internacional
— University of Colorado at Boulder (1990). É Professor Titular (Concurso Público) do Instituto de Relações
Internacionais da Universidade de Brasília desde 1993, aposentado desde agosto 2018, mas continua ativo na
pós-graduação como Professor Sênior; Pesquisador 1 B do CNPq; ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5028-2443;
email: eduviola@gmail.com
Artigo submetido em 16/10/2019 e aprovado em 12/05/2020.
6
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 15, n. 2, 2020, p. 5-27
The Role of the Private Sector in the Agenda 2030: Modalities of Engagement and Financing Alternatives
Abstract
China has been undergoing profound economic transformations since the late 1970s. High
rates of economic growth transformed China from a poor and agricultural country into an
industrialized middle-income economy in the early 21st century. With the outbreak of the
2008 global crisis, China’s economy has entered a new phase of relative deceleration and
transition to a “new normal” — economic growth rates around 6%. The main objective of
the article is to examine the factors that explain the slowdown of China’s economy after the
global economic crisis of 2008. The results show that the slowdown of China’s economy to
a “new normal” is an expected phenomenon and reflects structural dynamics of a country
that has reached middle income after three decades of high rates of economic growth. At the
same time, the deepening of macroeconomic imbalances and the loss of economic efficiency
show the exhaustion of economic policies adopted since the outbreak of the 2008 global
crisis.
Keywords: China; International Economy; New Normal; Economic Reforms; Macroeconomic
Imbalances.
Introdução
Quando o ex-secretário geral do partido comunista chinês, Deng Xiaoping,
iniciou as reformas econômicas no país, em fins dos anos 1970, a economia da
China parecia não ter passado pelo processo de modernização produtiva que
perpassou o continente europeu e expandiu-se ao redor do mundo ao longo dos
séculos 19 e 20. Mesmo que tenha ocorrido elevação das taxas de crescimento
econômico ao longo do período sob a liderança Mao Tsé-Tung, a renda per
capita chinesa não teve impulso para iniciar um processo de convergência
com os países desenvolvidos ou mesmo de industrialização recente do sudeste
asiático. Esse quadro começou a reverteu-se a partir do início da década de 1980,
quando a China iniciou uma série de reformas econômicas. Entre 1980 e 2008,
o Produto Interno Bruto (PIB) da China registrou impressionante crescimento
médio de 10% ao ano, com a aceleração dos processos de urbanização e
industrialização. Nessa conjuntura, a China tornou-se, ao longo da década de 2000,
uma economia de alta renda média semelhante ao status alcançado por outras
economias de industrialização recente como Brasil, Malásia, México ou Turquia
(Amsden 2004).
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 15, n. 2, 2020, p. 5-27
7Rafael Henrique Dias Manzi; Eduardo Viola
A partir da eclosão da crise global de 2008, a China entrou em uma nova
fase de relativa desaceleração econômica no contexto do “novo normal”
3
da
própria economia mundial. No caso da China, o novo normal é uma relativa
desaceleração das taxas de crescimento econômico proposta, inclusive, pelas
próprias lideranças de Pequim. Uma redução do crescimento para patamares ao
redor de 6-7% ao ano seria acompanhada de outros objetivos recomendados pelo
governo da China: reduzir a dependência do investimento enquanto indutor do
crescimento econômico; desenvolver novas tecnologias disruptivas e elevação da
produtividade nos setores tradicionais; acelerar a transição da China para uma
economia de baixo carbono nas próximas décadas e mais sustentável do ponto
de vista ambiental.
O principal objetivo deste artigo é examinar essa conjuntura de relativa
desaceleração da economia chinesa e a transição para um novo normal no século 21.
Argumenta-se que a redução do ritmo de expansão da economia chinesa ao redor
de 6-7% ao ano reflete dinâmicas estruturais de uma economia que atingiu um
nível de renda média. Dessa forma, as políticas de estímulos fiscal e monetário
implementadas pelo governo chinês a partir de 2008 suavizaram os impactos
negativos da crise global de 2008. Contudo, essas políticas estão resultando no
aprofundamento dos desequilíbrios macroeconômicos e com impactos negativos
para os indicadores de produtividade da economia chinesa.
Do ponto de vista metodológico, o trabalho é construído a partir da identificação
e análise das principais variáveis econômicas que explicam a performance da
economia da China após a eclosão da crise global de 2008. No tocante aos
desequilíbrios econômicos serão examinadas as principais variáveis de cunho
macroeconômico (renda, consumo, poupança e investimento) ao longo da década
de 2010. Essas análises serão combinadas com indicadores que mensuram,
principalmente, os níveis de produtividade e eficiência econômica.
O trabalho está dividido em três seções. A primeira analisa os principais
fatores que explicam a desaceleração da economia a partir do momento que o país
tornou-se uma economia de renda média no decorrer dos anos 2000. A segunda
descreve e examina as principais medidas adotadas pelas autoridades políticas da
3 O termo “novo normal” foi cunhado originalmente pelo analista de investimentos da PIMCO, Mohamed El-Erian,
para contextualizar o cenário de menor ritmo de crescimento da economia global após a crise global de 2008,
em comparação com a década de 2000. Em 2014, o próprio presidente, Xi Jinping, fez referência ao termo para
contextualizar a conjuntura da economia chinesa ao longo da década de 2010 como “novo normal” e que essa
relativa desaceleração da economia da China está dentro dos objetivos das autoridades de Pequim.
8
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 15, n. 2, 2020, p. 5-27
The Role of the Private Sector in the Agenda 2030: Modalities of Engagement and Financing Alternatives
China a partir da eclosão da crise global de 2008 e como essas medidas impactam
os indicadores macroeconômicos e de eficiência da economia chinesa ao longo da
década de 2010. Já a última seção discute o processo de reformas econômicas e
as medidas adotadas pela administração Xi Jinping e os riscos, limites e desafios
na transição para um novo normal da economia chinesa no século 21.
A desaceleração da economia da China no pós-crise global de
2008: dinâmicas domésticas e externas
A economia da China, a partir da eclosão da crise global de 2008, entrou em
nova fase marcada pela redução do ritmo de crescimento do PIB em comparação
com as décadas de 1990 e 2000. Na década de 2010, a taxa de expansão média do
PIB da China declinou para uma média ao redor de 7% ao ano, como é possível
observar na Figura 1.
Figura 1. Evolução da taxa de crescimento do PIB na China
e em grupos de países selecionados
0
2
4
6
8
10
12
14
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
% do PIB
China Mundo Países emergentes e pobres
Fonte: Fundo Monetário Internacional — FMI (2019a)
A redução do ritmo de crescimento econômico da China no curto prazo não
significa, por exemplo, que a economia chinesa esteja entrando em crise ou em
uma nova fase de estagnação e baixo crescimento econômico. Pelo contrário,
como observou o relatório de consultas mútuas entre o Fundo Monetário
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 15, n. 2, 2020, p. 5-27
9Rafael Henrique Dias Manzi; Eduardo Viola
Internacional (2015, 1), “a China está em transição para um novo normal, com
crescimento econômico mais lento, porém mais seguro e mais sustentável
4
. Essa
desaceleração está relacionada a uma série de fatores e variáveis que podem ser
resumidas na seguinte perspectiva.
Primeiro, o período de crescimento da população da China em idade produtiva
— denominado de “bônus demográfico” — está chegando ao fim na década de
2010 e tende a acentuar-se nas próximas décadas. Dados do United States Census
Bureau apontam que a população chinesa vai atingir o pico em 2020, quando
o número total de habitantes do país vai ser próximo a 1.4 bilhões de pessoas.
Apesar do crescimento absoluto da população até 2020, o número de habitantes
em idade produtiva (15–64 anos) atingiu o pico já em 2015, em virtude da baixa
participação de pessoas acima de 65 anos na China. Esse fenômeno é reflexo
da redução das taxas de fertilidade da população chinesa ainda na década de
1970, ou seja, anteriormente à introdução da política de filho único, adotada
oficialmente pelo governo chinês em 1985. Na Tabela 1 observa-se o início das
mudanças demográficas na China a partir do começo da década de 2010 e que
tendem a reduzir o número de trabalhadores em idade produtiva nas próximas
décadas.
Tabela 1. Evolução da população da China por grupos de idade (em % do total)
e o número total de habitantes entre 2010 e 2050
0-14 (%) 15-64 (%) 65+ (%) População total (em milhões)
2010 18 73.4 8,6 1.336
2015 17.1 72.9 10 1.367
2020 17.3 70.4 12.3 1.394
2035 14.2 65 20.9 1.388
2050 13.1 60.1 26.7 1.301
Fonte: United States Census Bureau (2018).
Um segundo fator está ligado ao esgotamento do modelo de crescimento
econômico baseado na transição de mão-de-obra, principalmente da área rural
para as cidades. À medida que se acelerou o processo de urbanização ocorreu
uma realocação dos trabalhadores do setor rural para o urbano. Segundo Canuto
(2010, 43, tradução nossa)
4 China is transitioning to a new normal, with slower yet safer and more sustainable growth.
10
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 15, n. 2, 2020, p. 5-27
The Role of the Private Sector in the Agenda 2030: Modalities of Engagement and Financing Alternatives
Esses trabalhadores migraram de atividades em que a produtividade
econômica era próxima de zero, como na produção para a subsistência nas
áreas rurais, para atividades ligadas a produção de bens manufaturados com
a geração de bens e serviços de maior valor agregado. Essa realocação de
atividade ocorreu sem a necessidade de um aumento significativo no nível
de habilidade dos trabalhadores
5
.
Um dos resultados da realocação dos trabalhadores do setor rural para o
urbano foi um gigantesco aumento da produtividade da economia da China.
Entre 1978 e 2007, a produtividade média da China cresceu a um valor próximo
de 3.6% ao ano. Contudo, os ganhos de produtividade por meio da realocação de
trabalhadores do setor rural para o urbano reduzem-se gradualmente à medida
que o processo de urbanização reduz a própria disponibilidade de mão-de-obra
do setor rural e resulta em aumento do custo do trabalho nas áreas urbanas. No
caso da China, Zhu (2012) observa que o ponto de virada de Lewis ocorreu ao
longo da década de 2000, quando os salários passaram a registrar elevação mais
acelerada e reduziu a disponibilidade de mão-de-obra oriunda da emigração de
trabalhadores do setor rural em direção as cidades chinesas.
Além da redução da produtividade devido às limitações naturais da realocação
de trabalhadores da área rural para as cidades, a desaceleração da economia
chinesa está ligada também às características de uma sociedade urbana que
é mais intensiva no consumo de serviços. Com a aceleração do processo de
urbanização existe uma tendência de crescimento da demanda por serviços,
principalmente nas áreas urbanas que apresentam maior dinamismo econômico.
Como o crescimento da produtividade do setor de serviços é mais lento em
comparação ao industrial, a realocação de trabalhadores do campo para a cidade
irá concentrar-se principalmente em atividades que envolvem a prestação de
serviços
6
(Babones 2011).
No caso da China, a participação da indústria no PIB nacional foi ainda maior
do que os padrões normais, já que o governo da China adotou uma política de
crescimento econômico baseada, em grande medida, na exportação de manufaturas.
Assim, a participação da indústria no PIB, que era pouco superior a 20% no fim
5 These workers moved from occupations in which their psysical and monetary productivity was close to zero, as
in production for subsistence in many rural area, to light-manufacturing production with much higher marked
value, a more generally accomplished without the need for major increases in worker skills.
6 Em 2015, por exemplo, a produtividade média dos trabalhadores empregados na indústria era 20% superior
em comparação aos trabalhadores alocados no setor de serviços.
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 15, n. 2, 2020, p. 5-27
11Rafael Henrique Dias Manzi; Eduardo Viola
da década de 1970, elevou-se para valores próximos a 40% em 2000, e atingiu o
pico em 2006, quando correspondeu a aproximadamente 48% do PIB chinês. Desde
então, a indústria começou a perder participação para o setor de serviços, que
aumentou sua participação no PIB nacional de 40% em 2004, para 48% em 2014.
(Banco Mundial 2019). É por esse motivo que, mesmo com menor crescimento
econômico, o número de empregos criados na China desde 2010 tem superado
as metas estabelecidas pelo governo central. Isso porque o setor de serviços é,
aproximadamente, 30% mais intensivo em mão de obra quando comparado com
o setor industrial (Roach 2015).
Um terceiro fator que está contribuindo para reduzir as taxas de crescimento
econômico decorre de a China já ter se tornado um país de renda média. Quando um
país atinge um nível de renda média existe uma redução natural da produtividade
da economia e, por seguinte, do próprio crescimento econômico. Esse fenômeno
está ligado ao fato de que, no estágio inicial de desenvolvimento, os países de
renda baixa tendem a competir nos mercados internacionais produzindo bens que
são intensivos em mão de obra e utilizam tecnologias importadas de baixo custo.
Esse processo permite um crescimento acelerado da produtividade, em virtude do
baixo custo que o país tem para desenvolver e adquirir tecnologias importadas.
Contudo, ao atingir o nível de renda média, o crescimento da produtividade passa
a depender cada vez mais do desenvolvimento de novas tecnologias que são
mais dispendiosas devido à necessidade de maiores investimentos em educação
ou mesmo em Pesquisa & Desenvolvimento. Eichengreen, Park e Shin (2013)
observam que a taxa de crescimento econômico desacelera quando um país
atinge uma renda per capita em Paridade de Poder de Compra (PPC) ao redor de
US$ 15.100. A partir desse patamar a taxas de crescimento do PIB per capita reduz,
em média, de 5,6% para 2,1%
7
ao ano. Os dados indicam que o PIB per capita
em PPC da China atingiu um PIB per capita ao redor de US$ 15.100 em 2015.
Um quarto fator está ligado à própria magnitude das taxas de crescimento
econômico registradas a partir do início da década de 1980. Em virtude do elevado
crescimento da economia da China ao longo da década de 2000, por exemplo, o
crescimento econômico do PIB chinês, em 2014, adicionou um valor muito maior
na economia do país em comparação a década de 1990. Isso porque, mesmo que
7 A Coréia do Sul, por exemplo, demorou 30 anos (1960-1990) para elevar sua renda per capita que era de
aproximadamente 7% da norte americana, em 1960, para 33% em 1990. Entretanto, o país demorou outros
vintes anos para elevar sua renda per capita que era de um terço da norte-americana em 1990, para patamares
próximos a 50% da renda per capita dos Estados Unidos em 2010.
12
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 15, n. 2, 2020, p. 5-27
The Role of the Private Sector in the Agenda 2030: Modalities of Engagement and Financing Alternatives
o crescimento ao longo da década de 2010 tenha estabilizado em um patamar ao
redor de 6-7%, por exemplo, o valor adicionado desse aumento de renda é muito
superior ao observado nos anos 1990, quando o PIB cresceu em média próximo
de 10% ao ano. É por isso que, mesmo ao crescer a uma taxa próxima de 10%
ao ano nos anos 1990, a contribuição da China para o crescimento da economia
mundial era inferior, em comparação aos Estados Unidos que registrou taxas de
crescimento ao redor de 4.5% (Lardy 2019).
Por último, a redução do ritmo de crescimento da China é reflexo da própria
desaceleração da economia global após a eclosão da crise global de 2008. Entre
2009 e 2018, por exemplo, o crescimento da economia global declinou para uma
média de 3.3% ao ano. Esse desempenho é semelhante à média observada ao
longo da década de 1990, mas aproximadamente 1% menor em comparação
ao ciclo de expansão anterior (2001-2008). Com a desaceleração econômica da
economia global a partir da eclosão da crise global de 2008 — em especial no
mundo desenvolvido — o ex-secretário do tesouro dos Estados Unidos, Larry
Summers, levantou a hipótese de que o quadro de estagnação da economia
global decorria de fatores estruturais ou de uma estagnação secular
8
. Ou seja, a
forte desaceleração econômica a partir de 2008 não é apenas reflexo da ressaca
das dívidas do setor privado e público, mas também de fatores estruturais que
reduziram o crescimento potencial do PIB global (Summers 2016).
As ações conduzidas pelos governos e bancos centrais nacionais das economias
desenvolvidas impediram um virtual esfacelamento do sistema financeiro mundial,
mas foram incapazes de promover um novo ciclo de expansão da economia
global semelhante ao da década de 2000. A lenta recuperação das economias
desenvolvidas
9
, em um cenário marcado por taxas de juros reais próximas de
zero, riscos de deflação e a estagnação da demanda doméstica, sugere redução da
eficácia da política monetária e a existência de fatores estruturais
10
que diminuem
8 O termo estagnação secular foi cunhado originalmente pelo economista norte-americano Alvin Hansen para
descrever a conjuntura da economia dos Estados Unidos no fim da década de 1930.
9 A dimensão da desaceleração econômica no mundo desenvolvido pode ser mais bem observado a partir da
performance dos países do G7 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá).
Entre 2000 e 2007, essas economias cresceram em média 2,2% ao ano. Em contraposição, entre 2008-2015 o
crescimento médio da economias do G7 declinou para 1.1% ao ano.
10 A redução da demanda por novos investimentos é um fenômeno das próprias transformações tecnológicas.
A Apple e a Google, por exemplo, são duas das maiores empresas norte-americanas. Mas as necessidades de
investimentos dessas empresas em ativos físicos são menores em comparação a empresas tradicionais em virtude
das características das próprias empresas. A airbnb e a amazon são outros exemplos de empresas que reduzem
a demanda por investimentos físicos como hotéis, shoppings e lojas que comercializam bens e serviços.
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 15, n. 2, 2020, p. 5-27
13Rafael Henrique Dias Manzi; Eduardo Viola
a aceleração das taxas de crescimento do PIB. O relatório do FMI (2019b) sobre as
perspectivas da economia global aponta uma taxa de crescimento dessa economia
ao redor de 3% — menor valor desde a eclosão da crise global de 2008.
Além da redução do ritmo de crescimento econômico, o cenário global no
pós-crise global de 2008 é marcado também por uma forte desaceleração ou mesmo
estagnação dos indicadores que mensuram os níveis de internacionalização das
economias nacionais. Pela primeira vez desde a década de 1980, por exemplo,
a expansão do comércio internacional é inferior ao próprio crescimento da
economia mundial (Sharma 2016). Os fatores que explicam essa redução das
taxas de crescimento do comércio internacional não decorrem apenas da
desaceleração da economia global. Importante parcela da explicação para a
desaceleração do comércio global está ligada ao surgimento de variáveis políticas.
O ressurgimento de forças políticas nacionalistas no âmbito dos Estados nacionais,
os impasses das negociações no âmbito da Organização Mundial do Comércio
(OMC) constituem-se importantes variáveis que explicam a relativa estagnação
do processo de globalização econômica. (Manzi 2019).
A redução do ritmo de crescimento da economia global e do próprio comércio
internacional tem reflexos negativos para o desempenho da economia da China.
Após a entrada da China na OMC, em 2001, as exportações chinesas tiveram
um ritmo de crescimento anual ao redor de 20% até a eclosão da crise global
de 2008. O crescimento das exportações chinesas decorreu, principalmente, da
elevação da demanda externa nos países desenvolvidos — especialmente nos
Estados Unidos — e da crescente participação da China nas cadeias produtivas
do sudeste asiático (Morris 2009). Esse cenário de crescente interdependência
econômica levou Ferguson e Schularick (2007) a cunharem o termo “chimerica”
11
,
para definir as relações econômicas entre China e Estados Unidos a partir do início
do século 21. A eclosão da crise global de 2008 não significou, em um primeiro
momento, um processo de redução ou ruptura da interdependência econômica
da China com a economia global, mas resultou em forte desaceleração dos níveis
de internacionalização da economia mundial.
Com o início da administração Trump, as relações bilaterais entre China e
Estados Unidos entraram em nova fase, marcada por crescente rivalidade. O governo
estadunidense anunciou a adoção de uma série de sobretaxas sobre produtos
11 O termo “Chimerica” pode ser entendido como uma espécie de simbiose entre Estados Unidos e China no
tocante as relações econômicas e foi fundamental para alavancar as taxas de crescimento da China e da própria
economia global.
14
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The Role of the Private Sector in the Agenda 2030: Modalities of Engagement and Financing Alternatives
importados pelos Estados Unidos advindos da China. No relatório de outubro de
2019, o FMI apontou uma série de mecanismos diretos e indiretos que as tarifas
norte-americanas têm sobre a economia da China. Em termos econômicos, os
impactos dependem, da adoção efetiva das medidas protecionistas nos próximos
anos
12
. De todo modo, as simulações demonstram que os impactos econômicos
podem reduzir o PIB da China em até 2% do PIB em um horizonte de 5 anos.
(FMI 2019b).
Os desequilíbrios macroeconômicos no contexto do pós-crise
global de 2008
A existência de desequilíbrios macroeconômicos na economia chinesa não é
um fenômeno que teve início somente a partir da eclosão da crise global de 2008.
As lideranças do Partido Comunista já concordavam com a necessidade de reformas
econômicas que promovessem um crescimento econômico mais sustentável em
longo prazo. O ex-premier chinês, Wen Jiabao, declarou, ainda em 2007, que
o modelo de crescimento econômico do país era “inconstante, desequilibrado,
descoordenado e insustentável” (Lardy 2012, 1, tradução nossa).
Com a eclosão da crise global de 2008, o modelo econômico baseado, em
grande medida, na existência de crescentes superávits nas contas externas e
no acúmulo de capitais esgotou-se por três motivos: (1) a recessão econômica
nos Estados Unidos e Europa Ocidental resultou em forte queda da demanda
por produtos estrangeiros, (2) aumentou a percepção de desconforto por parte
autoridades econômicas da China na continuação do financiamento dos déficits
externos dos Estados Unidos em virtude dos elevados custos econômicos que essas
operações tinham para o governo chinês e (3) em virtude da própria magnitude
da economia chinesa, era impossível manter as taxas de crescimento econômico
a partir da contínua expansão da demanda externa (Ferguson e Schularick 2009).
Ainda em setembro de 2008, o governo chinês anunciou um pacote de
estímulo fiscal de 4 trilhões de renminbi (US$ 586 bilhões) para serem investidos
na construção civil, infraestrutura (rodovias, ferrovias e aeroportos), saúde,
educação, meio ambiente e inovação tecnológica, com o intuito de mitigar o
12 As estimativas do FMI baseiam-se nos impactos diretos que as sobretaxas tem sobre as exportações chinesas
e nos reflexos indiretos que são caracterizados por reflexos sobre a confiança dos investidores, queda de
investimento e redução dos indicadores de produtividade da própria economia da China.
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 15, n. 2, 2020, p. 5-27
15Rafael Henrique Dias Manzi; Eduardo Viola
choque externo. Além das políticas de estímulos fiscais, o governo chinês adotou
políticas de relaxamento para a concessão de empréstimos que culminaram em
forte expansão do crédito doméstico. As políticas de expansão de crédito foram
direcionadas não apenas para empresas estatais controladas pelo governo central
da China, mas em grande medida, para as empresas públicas controladas pelos
governos locais. O resultado dessas políticas foi um crescimento adicional dos
empréstimos bancários em 2009 de 7.4 trilhões de renminbi — valor três vezes
superior ao observado em 2008. Essas políticas tiveram impacto significativo
sobre a oferta de crédito na economia chinesa em virtude do sistema financeiro
chinês estar centralizado em operações bancárias controladas pelo setor público.
As políticas de relaxamento de crédito perduraram, principalmente, entre 2009
e 2012, e resultaram em uma série de consequências para a economia chinesa
(Lardy 2012).
Primeiro, assistiu-se a um aprofundamento dos desequilíbrios de renda e
consumo em virtude do gigantesco aumento das taxas de investimento a partir
da eclosão da crise global de 2008. Na década de 2000, os desequilíbrios de renda
eram canalizados para um crescente aumento dos superávits externos da China com
o mundo. Com a nova conjuntura de forte desaceleração da economia global, o
excesso de poupança foi canalizado para o aumento das taxas de investimento, que
comprimiu ainda mais o consumo do setor privado e exacerbou os desequilíbrios
macroeconômicos da China
13
. Nas palavras de Lardy (2012, 51, tradução nossa),
“…o indicador mais claro de desequilíbrio da economia da China decorre da
parcela extremamente baixa do consumo privado. A participação do consumo
privado na China de 34-35% do PIB em 2008-2010 é a menor em comparação com
qualquer outra grande economia do mundo.”
14
Esse fenômeno pode ser mais bem visualizado a partir da contabilidade das
contas nacionais da China. A taxa anual média de investimento da China, entre
1990 e 2002, foi de 37,2% do PIB, o que resultou em superávits nas transações
correntes ao redor de 2% do PIB. Contudo, a diferença entre poupança e
investimento elevou-se consideravelmente ao longo da década de 2000 em virtude
dos crescentes superávits externos da China com o mundo. Esse fenômeno pode
13 A magnitude das taxas de investimento e poupança da China torna-se mais clara quando comparada com a
média da economia global. A média da taxa anual de investimento na economia mundial, entre 2003 e 2008,
foi de 23,9% do PIB mundial enquanto a poupança global foi de aproximadamente 24,1%.
14 ...the clearest indicator of imbalance in China’s economy that emerges from the expenditure approach in the
extremely low share of private consumption in GDP. The 34 to 35 per cent share of 2008 — 10 is so far and
away the lowest share of any major economy in the world.
16
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 15, n. 2, 2020, p. 5-27
The Role of the Private Sector in the Agenda 2030: Modalities of Engagement and Financing Alternatives
ser visualizado na Figura 2, que demonstra como o aumento da taxa de poupança
traduziu-se em aumento expressivo dos superávits externos da China ao longo da
década de 2000. A linha verde sinaliza a elevação dos resultados das transações
correntes (linha verde e eixo vertical do lado direito) de 2,6% do PIB em 2003,
para 5,8% em 2005, e 10% em 2007. A partir de 2009 ocorreu substancial redução
dos superávits nas transações correntes, que estabilizaram em uma média ao redor
de 2% do PIB. A redução do superávits nas transações correntes foi direcionada
para um significativo aumento das taxas de investimento na economia da China.
A taxa de investimento saltou de uma média anual de 40.2% do PIB (2001-2008),
para 46.2% (2008-2017) (Mckay e Song 2012).
Figura 2. Evolução da taxa de investimento, poupança (coluna da esquerda)
e transações correntes (coluna da direita) da China (em % do PIB)
0
2
4
6
8
10
12
0
10
20
30
40
50
60
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
Taxa de investimento Poupança Transações Correntes
Fonte: Fundo Monetário Internacional — FMI (2019a)
Uma segunda consequência das políticas econômicas está ligada ao aumento
da capacidade instalada e ociosidade da economia chinesa a partir da década de
2010. Como o aumento da expansão da capacidade produtiva (novos investimentos)
não foi acompanhada por elevação na mesma proporção do lado da demanda
houve uma redução da utilização da capacidade instalada principalmente do
setor industrial. O aumento dessa capacidade é resultado, principalmente, da
elevação dos investimentos realizados por parte das empresas estatais chinesas
que acelerou-se no contexto pós-crise global de 2008 (Economy 2018).
Os dados do Relatório da Câmara de Comércio da União Europeia na China
(2016), na Tabela 2, comparam as taxas de utilização de seis setores industriais
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 15, n. 2, 2020, p. 5-27
17Rafael Henrique Dias Manzi; Eduardo Viola
da China em dois períodos distintos — 2008 e 2014. Como é possível notar, em
todos os setores analisados houve redução da utilização da capacidade nos anos
de 2008 e 2014. Em todos os setores industriais observados houve redução da
taxa de utilização, principalmente nas indústrias do aço, refino e vidros planos
15
.
Tabela 2. Taxa de utilização em setores industriais da China em 2008 e 2014
(em % da utilização da capacidade máxima)
Produto 2008 2014 Diferença 2008/2014
Aço 80% 71% -9%
Alumínio 78% 76% -2%
Cimento 76% 73% -3%
Refino 80% 66% -14%
Vidro plano 88% 79% -9%
Papel 90% 84% -6%
Fonte: Câmara de Comércio da União Europeia na China (2016).
O desequilíbrio entre oferta e demanda não ficou circunscrito apenas ao setor
de construção civil. A expansão de novos empreendimentos imobiliários e a redução
do ritmo de crescimento na vendas de novos imóveis geraram descasamento
entre oferta e demanda de imóveis no país que pode ser evidenciado a partir das
seguintes palavras de Chen (2016, 16, tradução nossa):
Em 2014, as vendas de novas propriedades caíram 7,6% em volume e 6,3%
em receitas, abaixo dos aumentos de 17,3% e 26,3%, respectivamente, em
2013. Para piorar, o mercado imobiliário agora sofre com um excesso de
oferta de imóveis. No final de 2014, a China possuía cerca de 75 bilhões de
metros quadrados de novos imóveis em construção ou prontos para serem
ocupados; mesmo que a demanda permanecesse estável, provavelmente
levaria mais de cinco anos para vender todo esse espaço
16
.
15 A magnitude do consumo da indústria chinesa e do setor imobiliário do país é percebida quando se observa
o percentual global de algumas matérias primas que são consumidas na China. Em 2015, a China consumiu
aproximadamente 54% da produção global de alumínio, 50% da produção de níquel e 46% da produção de
zinco. No caso de insumos utilizados pela indústria civil, o país é responsável por 57% da produção global de
cimento.
16 In 2014, new property sales fell by 7.6 percent in volume and by 6.3 percent in proceeds, down from increases
of 17.3 percent and 26.3 percent, respectively, in 2013. To make matters worse, the real estate market is now
suffering from an excess of supply. At the end of 2014, China had around 75 billion square feet of new property
space either under construction or ready to be occupied; even if demand were to remain steady, it would likely
take more than five years to sell all that space.
18
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 15, n. 2, 2020, p. 5-27
The Role of the Private Sector in the Agenda 2030: Modalities of Engagement and Financing Alternatives
Terceiro, a expansão dos investimentos resultou em substantiva elevação do
endividamento principalmente das empresas chinesas. O relatório do Mckinsey
Global Institute (2015) apontou que as dívidas
17
da China saltaram de US$ 7.4
trilhões em 2007, para US$ 28.2 trilhões no segundo semestre de 2014. Os dados do
Bank International Settlements (2019) corroboram a percepção de um substancial
aumento das dívidas na China. Entre 2008 e 2017, as dívidas na China saltaram
de um patamar ao redor de 160% do PIB para 300% como é possível observar
na Figura 3.
Figura 3. Evolução das dívidas na China por setor (em % do PIB)
0
50
100
150
200
250
300
350
% do PIB
Famílias Setor privado Governo
Fonte: Bank for International Settlements (2019).
O aumento das dívidas na China decorreu, principalmente, da elevação do
endividamento do setor privado. A relativa estabilidade do setor público está ligada
ao fato de que as políticas de estímulo fiscal e de aumento dos investimentos
foram realizadas, em grande medida, por empresas estatais administradas pelos
governos locais. É por isso que a dívida pública do setor governo chinês manteve-
se relativamente estável a partir da eclosão da crise global de 2008, enquanto,
ao mesmo tempo, observou-se forte endividamento principalmente das empresas
estatais controladas pelos governos locais. O endividamento das corporações, por
exemplo, saltou de aproximadamente 115% do PIB em 2008, para 206% em 2017
(Bank for International Settlements 2019).
17 A dívida total inclui os débitos do setor público, instituições financeiras, corporações não-financeiras e as famílias.
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 15, n. 2, 2020, p. 5-27
19Rafael Henrique Dias Manzi; Eduardo Viola
Por último, as políticas econômicas implementadas à medida que criaram
distorções na alocação de recursos econômicos, reduziram a utilização da
capacidade instalada e a elevação das dívidas contraídas resultaram em deterioração
dos balanços financeiros, principalmente das empresas
18
estatais chinesas.
A perda de lucratividade das empresas estatais controladas pela State-owned
Assets Supervision and Administration Commission of the State Council (SASAC)
da China pode ser observada a partir dos dados contidos na Tabela 3.
Tabela 3. Balanço financeiro das empresas estatais chinesas controladas pela SASAC
Ano
Lucro
(em bilhões de
renminbi)
Ativos
(em bilhões de
renminbi)
Retorno sobre
os ativos
(ROE)
Dívidas/ativos
(%)
2005 641 10.630 6.0 56.1
2006 765 12.192 6.3 55.8
2007 997 14.927 6.7 55.7
2008 696
17.629
3.9 58.4
2009 815 21.058 3.9 60.1
2010 1.143 24.427 4.7 60.8
2011 1.266 28.036 4.5 62.1
2012 1.300 31.357 4.1 62.7
2013 1.300 35.017 3.7 63.4
2014 1.400 38.669 3.6 63.0
2015 1.167 47.581 2.5 66.7
2016 1.233 50.500 2.4 66.7
2017 1.423 54.500 2.6 66.3
Fonte: Lardy (2019).
Apesar do aumento dos ativos financeiros a partir de 2005, é possível observar
que: (1) apesar do aumento dos lucros nominais, os ativos administrados pelas
empresas estatais tiveram uma elevação proporcionalmente significativamente
maior; (2) a perda de rentabilidade das empresas estatais pode ser observada por
meio da redução dos retornos sobre os ativos a partir de 2008, e (3) houve um
aumento proporcionalmente maior das dívidas em relação aos ativos das empresas
estatais. O endividamento das empresas estatais já é 50% superior, em comparação
18 A SASAC é uma comissão (que caracteriza-se em uma espécie de holding) criada pelo governo central da China
para controlar as empresas estatais. Em 2010, a SASAC tinha o controle direto e indireto de aproximadamente
23.378 empresas. Quando incluído as empresas subsidiárias, a SASAC controla ao redor de 60% das empresas
estatais chinesas — excluída as empresas do setor financeiro.
20
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The Role of the Private Sector in the Agenda 2030: Modalities of Engagement and Financing Alternatives
às corporações privadas. Antes da eclosão da crise global de 2008, o endividamento
das empresas estatais e privadas era semelhante. Não por acaso, aproximadamente
75% do aumento do endividamento das empresas chinesas, a partir de 2009,
decorrem de dívidas contraídas por parte de empresas estatais (Lardy 2019).
A canalização e direcionamento das políticas de crédito e subsídios para
o setor estatal possuem, também, implicações para a própria produtividade da
economia chinesa. Wei, Xie e Zhang (2017), ao comparar o desempenho das
empresas estatais e privadas no tocante a questões relacionadas a processos de
inovação produtiva (inovação tecnológica, registro de patentes), observam que,
apesar de receberem proporcionalmente menos subsídios, as empresas privadas
exibem maiores níveis de inovação produtiva. Ou seja, observou-se um aumento
das disparidades de produtividade entre as empresas públicas e privadas da
China, principalmente a partir da eclosão da crise global de 2008, com reflexos
negativos para a própria Produtividade Total dos Fatores (TPF)
19
no conjunto da
economia chinesa. Esses indicadores podem ser observados a partir da Figura 4,
que demonstra a evolução da TPF na China. A TPF teve um crescimento mais
acelerado principalmente ao longo da década de 2000, o que corrobora com a
perspectiva de que, após a crise global de 2008, o principal vetor do crescimento
da China passou a ser o aumento do estoque de capital, em detrimento de ganhos
de eficiência e alocação dos fatores econômicos.
Figura 4. Evolução da Produtividade Total dos Fatores da China (2011 = 1)
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
1,1
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
Produtividade Total dos Fatores
Produtividade Total dos Fatores (2011 = 1)
Fonte: University of Groningen and University of California (2020).
19 A PTF é o principal indicador para mensurar o nível de eficiência de um país na alocação dos fatores de
produção. Não indica o nível de complexidade ou de estrutura produtiva, mas a eficiência na alocação dos
fatores de produção.
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 15, n. 2, 2020, p. 5-27
21Rafael Henrique Dias Manzi; Eduardo Viola
Por um lado, as políticas fiscais expansionistas e o afrouxamento monetário
suavizaram os impactos negativos da crise global de 2008 sobre a economia
da China. Ao canalizar a redução da demanda externa para a realização de
investimentos domésticos, a economia chinesa conseguiu manter os níveis de
demanda suficientes para permitir uma expansão do crescimento do PIB a taxas
próximas dos parâmetros do “novo normal”. Contudo, essas medidas culminaram
no aprofundamento dos desequilíbrios macroeconômicos ao longo da década
de 2010: desequilíbrios entre consumo, poupança e investimento; excesso de
ociosidade da capacidade instalada; substancial aumento das dívidas nacionais;
perda de eficiência na alocação de fatores de produção e relativa estagnação da
produtividade econômica. Como observa Kroeber (2016, 210, tradução nossa),
essas variáveis serão decisivas para o desempenho da economia da China nos
próximos anos:
A China enfrenta, sem dúvidas, seu maior desafio em comparação a qualquer
outro que já teve que superar em passado recente. Esse desafio é passar de um
modelo de crescimento econômico baseado principalmente na mobilização de
recursos para outro, baseado na eficiência do uso dos recursos econômicos.
Dito de outra forma, a China passou as últimas três décadas investindo nos
ativos necessários para se transformar em uma economia moderna. Agora,
seu trabalho é maximizar o retorno desses ativos e investimentos
20
.
A Era Xi Jinping e os limites da transição da economia da China
para um “novo normal” no século 21
Quando ascendeu ao cargo de presidente da China, em março de 2013, Jin
Xinping, tinha como principal objetivo continuar o processo de transição da
economia chinesa para um novo normal, com a equalização dos desequilíbrios
macroeconômicos da década de 2010. As próprias lideranças do Partido Comunista
da China já eram cientes da necessidade da transição do modelo de crescimento
econômico chinês em direção a uma economia mais eficiente na alocação dos fatores
de produção e com maior capacidade no desenvolvimento de novas tecnologias
20 China face a challenge arguably greater than any it has had to overcome in the past. This challenge is to shift
away from a growth model based mainly on the mobilization of resources to one based mainly on the efficiency
of resource use. Another way of putting it is that China has spent the last three decades instablling the assets
needed for a modern economy. Now its job is to maximize the return on those assets.
22
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 15, n. 2, 2020, p. 5-27
The Role of the Private Sector in the Agenda 2030: Modalities of Engagement and Financing Alternatives
disruptivas, da Quarta Revolução Industrial no século 21. A preocupação por parte
do novo governo de Xi Jinping, acerca da necessidade da combinação desses dois
fatores (eficiência econômica e desenvolvimento tecnológico) como condições
imprescindíveis para a continuidade do processo de convergência de renda com o
mundo desenvolvido, ficou evidenciada a partir da análise dos objetivos contidos
no décimo terceiro plano quinquenal lançado em 2015 (2016-2020)
21
.
Um dos pontos nevrálgicos analisados foi a adoção de políticas que resultem
na equalização dos desequilíbrios macroeconômicos e reduzam a dependência de
novos investimentos para sustentar a taxa de crescimento econômico chinesa Nesse
contexto, as políticas implementadas devem incentivar o aumento do consumo
doméstico em detrimento da realização de novos investimentos que exacerbem o
descasamento entre oferta e demanda, principalmente no setor industrial, e reduzir
a interferência política nos processos decisórios das empresas estatais chinesas
para evitar a má alocação de recursos econômicos como ocorreu em muitos casos
a partir da eclosão da crise global de 2008 (Economy 2018).
Além da equalização dos desequilíbrios macroeconômicos e da melhoria da
eficiência na alocação dos fatores de produção, as autoridades chinesas elencaram
uma série de estratégias para reduzir o gap tecnológico da China em setores
tradicionais e transformar o país em um dos principais detentores das tecnologias
disruptivas da Quarta Revolução Industrial. Na visão das autoridades chinesas,
a inovação tecnológica passa a ser elemento essencial para a ascensão produtiva
da China na produção de bens e serviços de maior valor agregado nas Cadeias
Globais. Para isso, o governo chinês anunciou um plano de investimento em
Pesquisa & Desenvolvimento em áreas críticas, tais como: energia limpa, big data,
segurança cibernética, inteligência artificial e tecnologia militar. Muitas dessas
áreas, já contavam com pesados investimentos governamentais, mas o Plano
Quinquenal de 2015 elevou as metas estipuladas para gastos na área de Pesquisa e
Desenvolvimento e em setores considerados estratégicos pelas lideranças políticas
da China.
O Plano quinquenal delineou também outros objetivos elencados como
prioritários para o governo chinês, que convergem com a perspectiva de uma
economia menos regulada por parte de Pequim. Destacam-se entre essas medidas:
21 Os planos quinquenais são um série de iniciativas lançadas pelo partido comunista chinês que visam delinear
e descrever os principais objetivos socioeconômicos do país a cada cinco anos. O primeiro plano quinquenal
foi lançado para cobrir o período (1953–1957), ainda na China comunista.
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 15, n. 2, 2020, p. 5-27
23Rafael Henrique Dias Manzi; Eduardo Viola
continuidade das políticas de combate a corrupção no próprio país e dentro
do partido comunista; aumento da transparência das leis e regras do país para
investidores estrangeiros, redução da interferência do Banco Central da China
na determinação da paridade do renminbi em relação ao dólar; gradual abertura
da conta capital que permita maior conversibilidade da moeda chinesa; elevação
dos gastos públicos com políticas sociais que aumentem o consumo doméstico;
combate à desigualdade econômica principalmente entre as áreas rurais e urbanas;
reversão da política de filho único implementada a partir do final da década de
1970 e redução das emissões de gases causadores do efeito estufa e da exploração
nas florestas naturais (Minzner 2018).
Em certa medida, as intenções proclamadas pelo Plano Quinquenal de 2015
significam redução da intervenção do Estado chinês na economia e continuidade
no processo de transição da China para uma economia de mercado. Contudo,
até o presente momento, as políticas adotadas pelo governo de Xi Jinping têm
ido, em muitos casos, na direção oposta em várias dimensões: a liberdade de
expressão diminui e o controle estatal da Internet se acentua cada vez mais;
o combate a corrupção tem sido continuado, mas as garantias de devido processo
legal dos acusados são praticamente inexistentes; existe uma tendência para a
concentração pessoal do poder em Xi Jinping que, em alguns aspectos, se aproxima
perigosamente da era de Mao; e, adotou-se uma política agressiva nas disputas
territoriais do Mar da China Meridional e na guerra cibernética com os Estados
Unidos.
No campo econômico, as medidas proclamadas pelo governo Xi Jinping têm
sido muito mais tímidas do que o anunciado e, em grande medida, reforçam o status
quo do modelo de crescimento econômico adotado a partir da crise global de 2008.
Nesse sentido, as reformas implementadas nos últimos anos pelo governo chinês
baseiam-se mais em mudanças marginais do que propriamente transformações
do sistema econômico da China. Na prática, observou-se continuidade das
políticas anteriores à eclosão da crise global de 2008. Nas palavras de Economy
(2018, 119-120, tradução nossa):
Em vez de avançar com as reformas necessárias para obter maior eficiência,
produtividade e racionalidade na alocação de capital, Pequim decidiu traçar
um caminho menos ambicioso. O resultado, após quatro anos de reformas
econômicas, é um setor estatal que continua a registrar um aumento dos
estoques de dívidas, consome crédito valioso e gera novos empregos.
É um modelo que favorece as mega fusões e a capacidade de competição
24
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 15, n. 2, 2020, p. 5-27
The Role of the Private Sector in the Agenda 2030: Modalities of Engagement and Financing Alternatives
das empresas estatais no exterior, mas que, ao mesmo tempo, não resulta
em uma política de maior abertura e competição nos mercados domésticos
22
.
Mesmo que tradicionalmente o timing histórico das reformas econômicas
da China seja mais gradual e lento, observa-se perda de ímpeto por parte das
lideranças chinesas na realização de reformas econômicas. Esse cenário fica mais
evidente ao se comparar o ritmo das reformas econômicas da década de 1990,
quando houve maciça transferência de ativos públicos para o setor privado e a
China adequou-se, por exemplo, às exigências para entrar na OMC (Lardy 2014).
A contradição entre discurso e prática fica evidenciada a partir das medidas
econômicas adotadas pelo governo da China. O excesso de capacidade no setor
industrial chinês, por exemplo, é em parte decorrente dos investimentos realizados
pelas próprias empresas estatais chinesas. Apenas na indústria do aço e carvão,
onde existe importante participação de empresas estatais, a redução da produção
para níveis que acompanhem a demanda resultará no corte de 4 milhões de
empregos ou 0.5% da força de trabalho chinesa. Assim, as autoridades chinesas têm
adotado posições mais cautelosas e de longo prazo na resolução dos desequilíbrios
macroeconômicos que afligem a economia da China, mas que possam ter reflexos
negativos para as lideranças políticas de Pequim. (Feldstein 2016).
Nesse cenário, a opção pela manutenção das atuais políticas que tendem a
exacerbar os desequilíbrios macroeconômicos sugere que os fatores que levam
as autoridades chinesas a serem mais conservadoras em relação à realização de
reformas econômicas são múltiplos e ligados a questões de natureza política,
econômica, social ou mesmo ideológica. Do ponto de vista político, as próprias
lideranças chinesas, a partir do próprio Xi Jinping, percebem que, apesar dos
riscos associados ao surgimento dos desequilíbrios macroeconômicos, é preferível
manter a economia chinesa sob controle estatal. Ou seja, as lideranças chinesas têm
optado por um modelo denominado pelas próprias lideranças como “socialismo
com características chinesas”. O aprofundamento das reformas econômicas implica
maior risco de instabilidade social em virtude dos possíveis impactos negativos
que as reformas econômicas possam ter sobre o aumento do desemprego, à medida
que as reformas econômicas reduzam os empregos nas empresas estatais. Uma
política de contração mais radical do crédito afetará diretamente as empresas
22 Instead of pushing foward with the reforms necessary to realize greater efficiency, productivity, and rationality
in the allocation of capital, Beijing has elected to chart a less ambitious course, The result after four years of
economic reform is a state sector that continues to incur ever-higher levels of debt, consume valuable credit,
and provide new Jobs. It is a course that favors mega-mergers to support SOEs’ ability to compete abroad but
not open to the door for greater competition at home.
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 15, n. 2, 2020, p. 5-27
25Rafael Henrique Dias Manzi; Eduardo Viola
estatais pertencentes aos governos locais que apresentam maiores níveis de
endividamento e fragilidade financeira. Por último, persistem focos de resistência
na própria burocracia das empresas estatais ligadas à estrutura de poder do próprio
Partido Comunista. Existe forte relação entre as lideranças políticas chinesas e a
própria burocracia das empresas estatais que organizam lobbies na estrutura do
Partido Comunista para impedir a adoção de medidas econômicas que possam
reduzir subsídios e acesso a crédito preferencial destinados às empresas estatais
da China.
A histórica relação entre a expansão da classe média e a demanda por participação
política parece encontrar limites na China, que devem ser necessariamente
reconhecidos hoje: uma China próspera e poderosa, que se mantém autoritária,
é uma possibilidade significativa nas próximas décadas. No caso chinês, a
tecnoburocracia estatal e o Partido Comunista (fortemente imbricados) são os
principais adversários da transição democrática e eles têm conseguido muito
sucesso em associar a nova classe empresarial privada ao regime autoritário.
Deste modo, vastos setores da economia de mercado não demandam aumento do
pluralismo político, diferentemente do que aconteceu na história de quase todo o
mundo. Além disso, na China, o Estado sempre desempenhou um papel muito mais
forte do que a sociedade civil, diferentemente dos Estados Unidos e de boa parte
da Europa, onde a sociedade civil foi formada antes mesmo da criação do Estado
nacional. Como o Partido Comunista teme um aumento, mesmo que limitado,
do pluralismo político, avança de modo tímido com as reformas econômicas
que poderiam ter consequências para o empoderamento de uma classe média e
empresarial demandante de liberdades políticas e econômicas.
Para compensar a erosão de legitimidade da elite comunista, fortemente
baseada em alto crescimento econômico, a saída parece ser continuar crescendo
via capitalismo de Estado, com maior concentração nos gastos militares e avançar
para uma política mais confrontacional com os Estados Unidos e o mundo
democrático em geral. Muito diferente da lógica da União Soviética, exaurida em
sua competição com o Ocidente pela alta proporção do complexo militar-industrial
na economia (gastos em defesa de aproximadamente 20% do PIB na década de
1980), a lógica da China tem espaço para gigantesca expansão dos gastos militares
e para um aumento do poder do complexo militar/industrial/cibernético. Assim,
o “novo normal” está chegando menos normal do que seria necessário e isso
tende a obstaculizar o futuro do crescimento econômico da China em virtude da
contenção dos ímpetos reformistas que reduzem a capacidade de ação e controle
do Partido Comunista sobre a economia chinesa.
26
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The Role of the Private Sector in the Agenda 2030: Modalities of Engagement and Financing Alternatives
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